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Editorial

País está na direção errada – e os brasileiros sabem

Desaprovação a Lula dispara por frustração com a economia. (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República)

Ao contrário do que muitos políticos ainda acreditam, não é sempre fácil enganar a população, ainda mais quando ela sente na pele os efeitos de políticas públicas perniciosas. Mesmo que isso possa demorar um pouco, com o tempo as pessoas conseguem perceber que foram enganadas, acreditando em promessas vazias que jamais serão cumpridas. É exatamente isso que as pesquisas demonstram estar acontecendo com os brasileiros, que cada vez mais se mostram descontentes com os rumos tomados pelo governo Lula, especialmente no que diz respeito à economia do país.

A percepção negativa da população fica evidente nas pesquisas sobre a aprovação ao governo, que registram sucessivas quedas. Pesquisa da Quaest, divulgada na segunda-feira (27) indica que a desaprovação a Lula superou a aprovação pela primeira vez, com 49% a 47%, respectivamente. Até dentro de seu reduto eleitoral, a região Nordeste do país, Lula perdeu 8 pontos de aprovação. Já entre os brasileiros com renda de até dois salários mínimos, a queda na aprovação foi de 7 pontos. Temas como o vexame na comunicação das novas regras do Pix e o aumento dos preços dos alimentos estão entre os mais citados para justificar a baixa avaliação do governo. Tendência semelhante aparece no levantamento PoderData, divulgado nesta quarta (29), e mostra Lula sendo desaprovado por 51% dos entrevistados. O levantamento aponta um aumento da desaprovação, que era de 48% em dezembro, enquanto que a aprovação caiu de 45% para 42%.

Quanto mais Lula insistir no caminho errado, pior para o país, mas não há qualquer indicativo de que o petista vá fazer uma correção nos rumos do governo, mesmo diante dos números negativos registrados nas pesquisas de opinião

Mas não se trata apenas da questão de aprovar ou não o governo. Mais da metade da população tem uma percepção ainda mais grave. Para 63% dos brasileiros – seis em cada dez – o Brasil com Lula está na “direção errada”, conforme pesquisa do instituto Ipsos divulgada na semana passada. Para dois terços da população (65%), a economia vai “mal”, enquanto apenas 35% enxergam um cenário positivo. Em comparação com dezembro de 2023, os números pioraram: naquele período, 61% consideravam a economia ruim, contra 39% que tinham uma visão otimista.

Esses números indicam que, mesmo aqueles que votaram em Lula e o ajudaram a ser eleito presidente em 2022, começam a perceber as falácias do petista. O Brasil de paz, amor e prosperidade anunciado foi só mais uma mentira, e não chegou nem perto de ser concretizado. O que a população percebe e sente na pele são os efeitos diretos de uma opção errada, de uma escolha deliberada do governo lulopetista pela política de gastos máximos, onde as despesas públicas crescem em ritmo acelerado, ao mesmo tempo em que as metas fiscais ficam para segundo plano. Tal política, fadada ao fracasso desde o princípio, não tardou em trazer a disparada do câmbio, a inflação acima do limite máximo de tolerância da meta, a escalada dos juros, a desconfiança do mercado, que se refletiram diretamente na vida da população. A sensação de que o país está no rumo errado não é uma mera percepção subjetiva, é uma constatação.

Quanto mais Lula insistir no caminho errado, pior para o país, mas não há qualquer indicativo de que o petista vá fazer uma correção nos rumos do governo, mesmo diante dos números negativos registrados nas pesquisas de opinião. Lula não esconde de ninguém que a meta do governo é apenas conseguir manter-se no poder, como deixou claro na primeira reunião ministerial do ano, e vai direcionar as ações para concretizar tal objetivo. Ao focar as eleições de 2026, Lula engessa a possibilidade de grandes mudanças no governo – as únicas que poderiam ser capazes de corrigir o caminho errado trilhado até agora.

Alterações na política de gastos poderiam desagradar os seus mais fiéis correligionários da esquerda, sempre avessos a qualquer proposta de frear a gastança. Medidas de austeridade fiscal que pesem no bolso da população também vão ser evitadas a todo custo. Por isso, a opção do governo deve ser por medidas pontuais, que, mesmo podendo trazer algum alívio momentâneo – e melhoria nos índices de aprovação do governo –, são incapazes de resolver os problemas e podem até piorar a situação no longo prazo.

Em outra frente, Lula aposta em seu marqueteiro pessoal na Secretaria de Comunicação Social do governo – na versão oficial do lulopetismo, a queda na popularidade e aprovação de Lula é reflexo de uma comunicação ineficiente e de supostas “fake news” – e acredita que isso, por si só, melhorará a imagem do presidente. Nessa mesma linha, o lulopetismo também conta com a “regulamentação” das redes sociais para ajudá-lo a recuperar o apoio popular perdido e tentar blindá-lo nas redes. Um projeto de lei nesse sentido, obrigando as plataformas a removerem conteúdos, entre eles os considerados como “desinformação” ou “fake news” sobre políticas públicas, deve ser apresentado pelo governo na primeira semana de fevereiro – seria uma forma de institucionalizar a censura e dar ao governo o poder de impedir a disseminação de mensagens, como o vídeo de Nikolas Ferreira sobre o Pix. Uma perspectiva, sem dúvida, sombria.

Os brasileiros já estão fartos do lulopetismo, sabem que o país perdeu o rumo e não querem assistir ao país afundar de vez. Mas Lula continua disposto a dobrar a aposta, insistindo nos mesmos erros, recrudescendo a política da gastança, trabalhando pela censura nas redes sociais, maquiando problemas com soluções irresponsáveis. É uma conta que não fecha.

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