Nesta terça-feira, o presidente Lula empossou seu novo ministro da Secretaria da Comunicação Social: o marqueteiro Sidônio Palmeira, que assumiu a pasta, substitui Paulo Pimenta, defenestrado porque, por algum motivo que escapa a Lula (e só a ele), a população não está aprovando entusiasticamente o seu governo. Após dois anos de mandato Lula 3, os brasileiros, quem poderia imaginar?, ainda não perceberam que o presidente estaria voltando a fazer do Brasil um paraíso depois da devastação promovida entre 2016 e 2022, os anos em que o petismo não esteve no Planalto. Acontece que, se durante a campanha eleitoral Palmeira conseguiu iludir a população com lorotas como a do “Lula democrata”, desta vez o adversário é bem mais implacável.
E não falamos da “mentira nos ambientes virtuais fomentada pela extrema direita”, que “cria uma cortina de fumaça na vida real, manipula pessoas inocentes e ameaça a humanidade”, como afirmou Sidônio Palmeira em seu discurso de posse. Falamos exatamente da “vida real”. Afinal, não foi a “extrema direita” que deixou vencer quase 59 milhões de vacinas, causando um prejuízo de R$ 1,7 bilhão e privando a população da forma mais eficaz de prevenir várias doenças. No Brasil real, bem diferente do Brasil dos marqueteiros do PT, a dengue bateu recorde de mortes em 2024, e é Lula em pessoa quem faz acenos a ditadores e terroristas mundo afora.
O problema do governo Lula não é ter uma comunicação deficiente, mas ter muito pouco de bom a comunicar
Também não é culpa da “extrema direita” que a inflação esteja mais uma vez acima do limite máximo de tolerância da meta, nem que o dólar tenha disparado no fim do ano e insista em permanecer acima do patamar de R$ 6, encarecendo inúmeros produtos de consumo básico do brasileiro. Não são os adversários de Lula que se empenham em tributar tudo o que encontram pela frente, nem são eles que definem a política fiscal gastadora do governo, e que é a principal culpada pela alta na inflação. Aliás, Palmeira é apontado como o grande responsável por fazer Fernando Haddad incluir, no anúncio do pífio pacote fiscal de novembro, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha R$ 5 mil mensais, promessa que fez desandar o humor do mercado financeiro e que, no fim das contas, ficará para 2026, na melhor das hipóteses.
Se as pesquisas de opinião, portanto, não mostram uma aprovação avassaladora do brasileiro a Lula, isso não se deve a nenhuma “cortina de fumaça” criada pela “extrema direita”, mas à própria realidade que Lula e o petismo criaram desde que subiram a rampa do Planalto, em janeiro de 2023. Mesmo os dados mais positivos do atual governo, como a alta do PIB e o recuo do desemprego, infelizmente apontam para uma economia sobreaquecida, que roda acima de sua capacidade, de forma insustentável no médio prazo – uma repetição do ciclo provocado pela “nova matriz econômica” entre o fim do segundo mandato de Lula e o impeachment de Dilma Rousseff.
O problema do governo Lula não é ter uma comunicação deficiente, mas ter muito pouco de bom a comunicar. Não há ministro-marqueteiro capaz de resolver uma situação como essa se o restante do governo não estiver interessado (como de fato não está) em uma mudança de rumos. O que restará a Sidônio Palmeira, portanto, será mentir, mentir compulsivamente, para que cada vez mais brasileiros deixem de acreditar no que seus olhos veem para acreditar no que a propaganda petista diz. Tudo, claro, pensando em 2026, e para isso vale até transformar um ministério de Estado em comitê de campanha visando à reeleição.