A Prefeitura de Londrina, na região norte do Paraná, iniciou, em parceria com a fabricante Scania e a Compagas, um teste com um ônibus 100% movido a biometano. O combustível é considerado uma alternativa de energia limpa, já que emite 90% menos gás carbônico, principal causa do aquecimento global, na comparação com o diesel.
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A experiência é inédita no país, e ainda neste ano pode ter resultados práticos no transporte público de Londrina. Segundo Marcelo Cortez, diretor-presidente da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina), a intenção é observar como o ônibus se comporta em trajetos reais e em diferentes situações – dentro e fora do horário de pico, com ou sem ar condicionado ligado, por exemplo. Quatro linhas serão utilizadas no teste, que terá duração de um mês.
Se a experiência tiver bons resultados, parte da renovação da frota do transporte público prevista para 2023 pode ser feita com veículos movidos a biometano. Segundo Cortez, 84 dos 224 ônibus que operam o sistema em Londrina serão trocados neste ano.
Os veículos movidos a biometano são de 20% a 30% mais caros que os convencionais. Além do benefício ambiental, porém, o investimento pode dar retorno economicamente.
“O biometano é praticamente 50% mais barato do que o diesel, mas queremos saber qual é o consumo em linhas normais. Quando tivermos esses resultados, vamos saber se poderemos, ou não, implantar essa forma de abastecimento [no sistema de transporte público]”, explica Cortez.
Outros testes no Paraná
A Scania fez demonstrações do novo veículo em outras cidades. No Paraná, testes foram feitos em Curitiba e Região Metropolitana. Nesses dois casos, porém, o veículo foi abastecido com gás natural, que é intercambiável ao biometano, ainda que menos limpo por ter origem fóssil.
Ribeirão Preto (SP), Presidente Prudente (SP) e Goiânia (GO) também receberam testes. Mas, segundo a Scania, experiências com o objetivo de coletar informações para tomadas de decisão sobre o transporte público têm acontecido apenas no Paraná.
A Gazeta do Povo procurou a Comec (Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba) e a Urbs (Urbanização de Curitiba), questionando quais foram os resultados dos testes e se há possibilidade de aquisição do modelo movido a biometano e gás natural.
A Comec afirmou que pediu uma complementação dos estudos, e que pretende fazer testes com um modelo articulado. "Em paralelo, estamos analisando os custos do gás, a rede de distribuição e o valor do ônibus", diz nota enviada pelo órgão. Ainda não há data para os novos testes.
A Urbs diz que aguarda um relatório da fabricante para decidir sobre a possível compra de um ônibus movido a gás natural, mas que ainda não há definição sobre o tema.
Veículos a gás são complementares aos elétricos
David do Carmo Junior, engenheiro e gestor de conectividade da Rede P.B. Lopes, concessionária da Scania em Londrina, afirma que todo o sistema de transportes está passando por uma transição energética. Segundo ele, “não há resposta única”, e o ônibus movido a gás natural e biometano pode ser complementar a iniciativas envolvendo veículos elétricos, por exemplo. “Não tem como falar em transição energética sem falar na tecnologia do gás”, completa.
Os veículos movidos com esse tipo de combustível podem ser mais vantajosos na comparação com os elétricos pela facilidade de abastecimento e pela autonomia, já que podem percorrer distâncias maiores.
Fábio Morgado, diretor técnico-comercial da Compagas, diz que o Paraná tem “grande potencial” de exploração do biometano, principalmente pela produção oriunda da silvicultura e da pecuária.
“Tudo que é feito no Paraná, principalmente em Curitiba e na Região Metropolitana, é motivo de atenção no Brasil todo. A gente tem recebido o contato de outras distribuidoras que querem entender mais sobre a produção de biometano. Como o nosso potencial para produzir esse combustível é muito alto, provavelmente vamos conseguir fazer a transição [energética] mais rapidamente”, afirma Morgado.
No início de junho, a Compagas anunciou uma parceria com o Conresol (Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos) para avaliar a utilização de resíduos sólidos urbanos para a produção de biometano na Região Metropolitana de Curitiba. Segundo a Compagas, a estimativa é de que em 2025 a rede da companhia esteja apta para atender seus clientes com biometano.
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