
Ouça este conteúdo
O governador Ratinho Junior (PSD) ainda não definiu, ao menos publicamente, quem será o candidato que ele apoiará na tentativa de sucedê-lo no governo do Paraná nas eleições de 2026. Mesmo assim, está agindo nos bastidores para, desde já, enfraquecer o senador Sergio Moro (União Brasil), considerado o principal concorrente ao Palácio Iguaçu — sede do governo do estado.
Receba as principais notícias do Paraná pelo WhatsApp
A estratégia do governador e de seu grupo político é isolar o senador na disputa e deixá-lo sem apoio partidário para formar uma coligação, o que reforçaria o nome do ex-juiz na corrida eleitoral. Isso significa fechar ainda neste ano o máximo possível de alianças com siglas relevantes no estado e forçar Moro a recuar na pretensão de ser governador.
O primeiro e mais duro golpe foi dado pelo Progressistas (PP), partido da base de Ratinho Junior na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), que decidiu não homologar a candidatura de Moro, dentro da federação com o União Brasil em âmbito nacional. A federação União Progressista aguarda a homologação do pedido feito ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na prática, se um partido não concorda, não há viabilidade para uma candidatura majoritária. Ou seja, sequer existe o registro da candidatura se não houver consenso entre Progressistas e União Brasil nas disputas estaduais.
“Aqui na federação ele [Moro] não terá condições de registrar sua candidatura”, afirmou o deputado federal Ricardo Barros, líder do PP no Paraná e um dos principais articuladores políticos do estado. A declaração ocorreu ao lado do presidente nacional do Progressistas, o senador Ciro Nogueira, que confirmou que não vai interferir na decisão do diretório estadual.
Segundo Barros, faltou a Moro a habilidade para dialogar com lideranças do PP e chegar a um lugar comum. Para ele, não há outro caminho para o senador a não ser deixar o União Brasil caso queira se manter na corrida ao Palácio Iguaçu. “Penso que o senador Sergio Moro será candidato de qualquer forma. Ele está no meio do mandato. Vai concorrer de qualquer maneira e vai procurar um partido que lhe garanta a legenda.”
VEJA TAMBÉM:
Podemos reforça apoio a Ratinho Junior em resposta a Sergio Moro
O governador Ratinho Junior sabe que a eleição estadual se ganha nas cidades com o apoio dos prefeitos. Por isso, se adiantou e confirmou que o Podemos vai caminhar junto com o seu grupo político na eleição do ano que vem.
Na manga, hoje, são 30 prefeitos e 39 vice-prefeitos do Podemos no estado. Um número que deve aumentar até o fim do ano e pavimentar a capilaridade do candidato do governador pelo estado. O PSD no Paraná, presidido pelo próprio Ratinho Junior, comanda mais de 160 prefeituras.
O crescimento do Podemos é, de certa forma, uma reação aos movimentos do senador Sergio Moro, que assumiu a presidência estadual do União Brasil em setembro, deixando o deputado federal Felipe Francischini sem espaço na liderança da sigla. Em pouco tempo, Francischini migrou para o Podemos — ele só pode se filiar oficialmente em março do ano que vem — e começou ao lado da sua mãe, a presidente estadual Luciane Bonatto, a construir o bloco de apoio ao escolhido de Ratinho Junior.
Nesse período, o Podemos se tornou o terceiro maior partido em número de prefeitos no Paraná, atrás do PSD e do Progressistas de Ricardo Barros. Os três partidos estarão juntos, independentemente de quem será o candidato indicado por Ratinho Junior. Na briga estão o secretário estadual de Cidades, Guto Silva (PSD), o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD), e o ex-prefeito de Curitiba e secretário estadual de Desenvolvimento Sustentável, Rafael Greca (PSD).
“Nós estamos com o governador, estamos fechados com ele. É só ele indicar o nome e nós somos soldados no partido para irmos com ele”, adiantou Bonatto em evento nesta terça-feira (9) com a presença do governador, líderes do PSD e filiados do Podemos. A presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, também participou do encontro em Curitiba.
Já o PP havia aprovado a pré-candidatura de Cida Borghetti, ex-governadora do Paraná e esposa de Ricardo Barros. A tendência, porém, é de que sem Moro, o apoio do Progressistas vá em direção ao candidato a sucessor do Palácio Iguaçu. “O governador Ratinho [Junior] vai ter um candidato e certamente vai nos convidar para apoiá-lo”, adianta Barros.
Líder nas pesquisas, Moro afirma que vai manter candidatura
Desde que se lançou pré-candidato ao governo do Paraná, o senador Sergio Moro tem sido o principal nome nas pesquisas eleitorais, abrindo significativa vantagem para os demais potenciais candidatos, incluindo aqueles que podem ser indicados por Ratinho Junior para sucedê-lo e um bloco de esquerda liderado pelo deputado estadual Requião Filho (PDT).
Um levantamento do Paraná Pesquisas divulgado em 13 de novembro mostrou que Moro chega a quase 50% das intenções de voto nos três cenários estimulados — quando os nomes dos políticos são apresentados aos eleitores. Nesses cenários, ele varia de 42,8% a 47,5%, dependendo dos adversários no primeiro turno. O mais próximo deles é Requião Filho, que chega a 28,8% em um dos cenários.
Nas simulações de segundo turno, Moro venceria a disputa contra Guto Silva, Alexandre Curi, Rafael Greca ou Requião Filho. O cenário mais apertado seria contra Greca, mas mesmo assim o senador teria 18 pontos percentuais de vantagem.
É esse desempenho nas pesquisas que faz Sergio Moro não recuar da intenção de se candidatar ao governo do Paraná. Mais do que isso, ele deve levar até o fim a possibilidade de disputar o cargo pelo União Brasil.
“O Paraná anseia a boa política para a modernização que o estado e a sua população merecem. O União Brasil Paraná segue, como autorizado pelo presidente nacional, com a sua candidatura e com o diálogo com os Progressistas. Nosso compromisso é com a boa gente do Paraná e não com interesses particulares”, rebate Moro na rede social X.
A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com o senador Sergio Moro para obter um posicionamento a respeito do desenho político para 2026 no estado, mas ele prefere não comentar o assunto no momento.
- Metodologia da pesquisa citada: 1.508 entrevistados pelo Paraná Pesquisas, em 65 municípios do Paraná, entre os dias 7 e 11 de novembro de 2025. Nível de confiança: 95%. Margem de erro: 2,6 pontos percentuais.










