Pleiteado há quatro décadas, um caminho alternativo para desafogar o tráfego intenso na fronteira entre o Brasil - pela cidade de Foz do Iguaçu - e o Paraguai - por Cidade do Leste - saiu do papel. A Ponte da Integração ficou pronta, após três anos de trabalhos. A liberação ao tráfego, entretanto, ainda não aconteceu, e a inauguração oficial, anunciada e cancelada por diversas vezes, não tem nova data para acontecer.
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Mas a conclusão da ponte em si não é sinônimo de fim dos trabalhos por lá. Lembrada reiteradamente pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo governador do Paraná Ratinho Junior (PSD), a ponte começou a ser erguida em 2019 com o vultoso investimento de R$ 702 milhões. São R$ 366 milhões para a ponte e outros R$ 336 para todas as obras de infraestrutura necessários para o entorno. Essas não devem estar prontas, pelo menos, até o fim do próximo ano.
A Ponte da Integração será a segunda estrutura a fazer a conexão entre os dois países pelo Paraná. Até lá, a fronteira entre Brasil e Paraguai, na ligação entre Foz do Iguaçu e Cidade do Leste, ocorre há 57 anos pela Ponte Internacional da Amizade, onde está o maior movimento diário em fronteiras de todo o Brasil. Pesquisa de tráfego e perfil de turistas na Tríplice Fronteira revela que passam pela Ponte da Amizade, diariamente, 41,2 mil veículos e 82,4 mil pessoas. Quem vem e quem vai convive com grandes congestionamentos, filas intermináveis e longas esperas.
Como evoluiu o trabalho na Ponte da Integração
A pedra fundamental da Ponte da Integração Brasil-Paraguai foi lançada em 10 de maio de 2019 com a presença dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e do Paraguai, Mario Abdo Benitez. A previsão de conclusão de três anos foi cumprida e a obra está pronta, mas a inauguração depende da disponibilidade e confirmação da agenda dos presidentes dos dois países. Se a inauguração for mantida para este ano, deve ser a última grande obra entregue por Bolsonaro antes de deixar a Presidência, em 31 de dezembro.
O empreendimento é uma ação do governo federal, em parceria com o governo do Estado do Paraná e a Itaipu Binacional. O lado brasileiro da hidrelétrica está custeando toda a estrutura. “A empresa que edificou a ponte (Consórcio Construbase-Cidade-Paulitec) também realizará obras da Perimetral Leste, que estão em andamento e incluem construção de novas aduanas e a rodovia de 15 km que vai conectar a nova ponte à BR-277, tirando o tráfego pesado do perímetro urbano de Foz do Iguaçu”, informa a Itaipu Binacional.
O que são as obras no entorno da Ponte da Integração
A Perimetral Leste se inicia na Ponte da Integração (Brasil-Paraguai), passando pelo bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu, até chegar à Ponte da Fraternidade (Brasil-Argentina). O trecho segue em obras e inclui, além de 15 quilômetros de rodovia, um viaduto de acesso à Ponte Tancredo Neves, na ligação entre Brasil e Argentina, e viadutos de acesso ao Porto Iguaçu e no entroncamento com a Rodovia das Cataratas (BR-469), que dá acesso às Cataratas do Iguaçu.
O traçado da via passará pela Avenida Maria Bubiak, na altura da Avenida Felipe Wandscheer. O percurso cruza a Avenida República Argentina passando próximo ao Distrito Industrial até chegar à BR-277.
O projeto contempla ainda a construção de duas aduanas nas fronteiras com o Paraguai e a Argentina. Para que tudo isso seja possível, ao menos 190 imóveis estão sendo desapropriados. A expectativa é para que toda a estrutura complementar seja concluída em 2023.
Empreendimento promete fluidez e agilidade
A Ponte da Integração vai trazer mais fluidez ao tráfego, sobretudo a veículos pesados que deverão deixar de passar pelo perímetro urbano de Foz do Iguaçu assim que a Perimetral Leste for concluída. Atualmente, os caminhões que seguem para a Argentina, por exemplo, disputam espaço com o tráfego urbano. Também com a obra da perimetral, quem for acessar a Ponte da Integração Brasil-Paraguai não vai precisar passar pela região central da cidade.
O objetivo é concentrar todo o fluxo pesado na Ponte da Integração, porém todo tipo de veículo poderá passar por ela. Já a Ponte da Amizade deve ter seu tráfego restrito a turistas e passageiros. “O oeste do paraná é um dos maiores produtores de grãos do Paraná, um dos maiores produtores de proteínas do país e também servimos como um importante corredor logístico para escoar a safra do vizinho Paraguai. A Ponte da Integração trará mais mobilidade, agilidade e intensifica nossa condição de importante hub logístico para a América Latina”, salienta o presidente do Programa Oeste em Desenvolvimento (POD), o industrial Rainer Zielasko. O POD reúne todo o setor produtivo em uma das regiões onde estão 5 das 10 maiores cooperativas agrícolas do Brasil.
“Há muito tempo se falava que uma segunda ponte (entre Brasil e Paraguai) poderia enfraquecer o comércio brasileiro, mas com um mundo globalizado e a conexão necessária com os países da América do Sul, o oeste não pode ficar fora da realidade que aponta para um futuro de sucesso, conectado com o mundo e dotado de infraestrutura. As barreiras logísticas e tecnológicas precisam ser rompidas”, completou.
Por dentro da Ponte da Integração
Construída sobre o Rio Paraná, no bairro Porto Meira, em Foz do Iguaçu, a nova ponte está bem próxima à Tríplice Fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) e pode ser vista de diversos pontos da cidade. Ela liga as cidades de Foz do Iguaçu, no Brasil, com Presidente Franco, no Paraguai, município colado à Cidade do Leste.
A construção extasiada conta com duas monumentais torres de sustentação com 120 metros de altura que se destacam na paisagem. A ponte tem uma extensão de 720 metros e conta com um vão livre de 470 metros. As pistas simples têm, segundo o Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER-PR), 3,6 metros de largura, acostamento de 3 metros - na Ponte da Amizade não há acostamento - e calçamento de 1,7 metro de largura, em cada lateral. Construído pelo Consórcio Construbase – Cidade – Paulitec, o empreendimento empregou cerca de 400 trabalhadores diretos, entre brasileiros e paraguaios.
Em uma visita recente à estrutura, o governador do Paraná afirmou que “a Ponte da Integração é a maior de vão livre do Brasil. Uma obra fantástica”. Uma façanha da engenharia brasileira e comprova que grandes projetos podem se tornar realidade”.
E como fica a liberação ao tráfego?
Ainda não há confirmação das autoridades se a ponte será liberada para tráfego tão logo seja inaugurada. A expectativa é que, com a conclusão de parte das obras de infraestrutura no entorno, veículos leves e caminhões sem carga possam trafegar a partir de abril de 2023.
Como as novas aduanas estão em construção e só devem ser concluídas no fim do ano que vem, o controle aduaneiro de veículos pesados que passarão por ela - em um primeiro momento sem cargas a partir de abril - deverá ser feito na aduana com a Argentina, que fica bem próxima.
Estima-se que o funcionamento pleno da Ponte da Integração só ocorra entre 2024 e 2025, quando toda a infraestrutura adjacente estiver pronta.
“É uma obra imprescindível para o desenvolvimento de Foz e toda a região. Bem conduzida pelo Governo do Paraná, com aporte financeiro da Itaipu Binacional. É uma felicidade para a cidade receber este investimento e a qualidade dessa obra”, completou o prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro.
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