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Participação dos maiores de 70 anos na população do Paraná cresceu entre os últimos dois censos.
Participação dos maiores de 70 anos na população paranaense cresceu entre os últimos dois censos, realizados entre 2010 e 2022.| Foto: Julita/Pixabay

O Paraná é a terceira unidade da federação mais competitiva do país, segundo o ranking divulgado nesta quarta-feira (21), em Brasília, pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria. Este é o terceiro ano consecutivo que o estado figura entre os três primeiros colocados, atrás de São Paulo e Santa Catarina.

De acordo com o CLP, a estabilidade do Paraná no topo do ranking pode ser atribuída ao ótimo desempenho em pilares importantes. O estado lidera em sustentabilidade ambiental e é o segundo colocado em eficiência da máquina pública.

"A cultura de tomada de decisão baseada em evidências pode tornar o setor público brasileiro muito mais eficiente", afirma Tadeu Barros, diretor-presidente do CLP. Outros pilares nos quais o Paraná se destaca, conforme o ranking, são:

  • capital humano (4º lugar)
  • infraestrutura (4º)
  • inovação (4º)
  • educação (5º)
  • sustentabilidade social (5º).

Questão demográfica afeta potencial de mercado

O único pilar em que o Paraná não figura entre os dez primeiros estados no ranking divulgado nesta quarta-feira é o de potencial de mercado, ocupando a 11ª posição, o que representa um avanço de 13 posições em relação ao ano passado.

Carla Marinho, porta-voz do CLP para assuntos governamentais e de competitividade, aponta que a posição do Paraná nesse aspecto se deve a questões estruturais, como a demografia. "O estado segue uma tendência verificada no Sul do país", explica.

Um fator que contribui para essa colocação é o baixo crescimento potencial da força de trabalho, resultado da queda na participação dos jovens na população paranaense e do envelhecimento da população. "Há um cenário claro de queda na taxa de natalidade, e as pessoas estão vivendo mais", acrescenta Marinho.

Dados do Censo Demográfico, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, em 2010, 31,7% da população paranaense tinha até 19 anos. Esse percentual caiu para 25,8% em 2022. Ao mesmo tempo, a proporção de habitantes com mais de 70 anos aumentou de 4,8% para 7,2%.

Uma das implicações futuras desse cenário de envelhecimento populacional, segundo Marinho, é o baixo potencial de crescimento econômico. Entre as 27 unidades da federação, o Paraná ocupa a 22ª posição no ranking do CLP, mesmo sendo o quinto maior mercado do país e o quarto em saldo total das operações de crédito a famílias e empresas. Eram R$ 452,5 bilhões emprestados pelas instituições financeiras em junho, indicam dados do BC.

Cenário de envelhecimento populacional implica no baixo potencial de crescimento econômico

Apesar de o PIB real (descontada a inflação) do Paraná ter aumentado a um ritmo maior que o nacional entre 2002 e 2021, o crescimento do estado é apenas o 17º maior entre as unidades da federação. O Brasil cresceu, em média, 2,1% ao ano nesse período, enquanto o Paraná cresceu 2,3%. As maiores taxas de crescimento foram registradas em Mato Grosso (5,9%), Pará (4,8%) e Tocantins (4,6%).

Mercado de trabalho vai bem no Paraná, mas dá sinais de alerta

De acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho (Novo Caged/MTE), em junho, o Paraná contava com 3,2 milhões de trabalhadores com carteira assinada, uma expansão de 18,2% em relação ao início da série histórica, em janeiro de 2020. Esse crescimento foi ligeiramente menor que o observado no Brasil como um todo, que foi de 18,3%.

A taxa de desemprego paranaense atingiu 4,4% no final do segundo trimestre, a sexta menor entre as unidades da federação. Segundo o IBGE, é o menor índice desde o quarto trimestre de 2014.

O Paraná também é o oitavo estado com a maior taxa de participação dos maiores de 14 anos na força de trabalho, com 65,3% ao final do segundo trimestre. No Brasil, esse índice é de 62,1%, sendo a liderança nacional de Mato Grosso, com 70%.

A taxa de informalidade no estado foi de 32% no período, a maior em três trimestres, mas a quinta menor entre as unidades da federação. O número inclui empregados domésticos e trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, empregadores e trabalhadores por conta própria sem registro no CNPJ, e trabalhadores auxiliares familiares. Apesar disso, a informalidade no Paraná é inferior à média nacional, que é de 38,6%.

Inadimplência e comprometimento de renda afetam crescimento

Questões conjunturais como inadimplência e comprometimento de renda da população também são entraves para um maior crescimento da economia paranaense. Segundo a Serasa Experian, em junho, 3,75 milhões de consumidores tinham restrições ao crédito, o menor número desde abril.

A situação afeta 41,7% da população adulta. O total de dívidas negativadas era de R$ 23,7 bilhões, o maior valor nominal da série histórica, iniciada em janeiro de 2019.

Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que, em julho, 90,5% das famílias paranaenses tinham algum tipo de dívida, o segundo aumento mensal consecutivo. O nível de endividamento, um dos mais elevados do país, era maior nas residências com renda familiar mensal inferior a 10 salários-mínimos.

O levantamento revela que, no mês passado, a parcela da renda comprometida era de 33,2%, com uma em cada seis famílias tendo dívidas superiores a 50% de seus rendimentos. Esse é o maior percentual registrado no ano. Segundo a CNC, 13,8% das famílias paranaenses estavam com contas em atraso, e 4,1% não tinham condições de pagar as dívidas pendentes, a pior situação desde abril.

O cenário também preocupa as empresas paranaenses. Dados da Serasa Experian mostram que, no final do primeiro semestre, 432,1 mil estavam inadimplentes, o maior número desde o início da série histórica, em janeiro de 2019. Isso representa 26,5% das pessoas jurídicas no estado com dívidas em atraso superior a 90 dias, totalizando R$ 9,6 bilhões.

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