A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) divulgou nesta terça-feira (20) o resultado da 28ª edição da Sondagem Industrial com as expectativas do setor produtivo para o ano de 2024. Entre as principais preocupações dos empresários paranaenses está o custo de produção, principalmente os gastos com a energia elétrica e infraestrutura logística.
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Por outro lado, 87% dos empresários que responderam à pesquisa mostraram disposição em fazer investimentos durante o ano - 61% afirmam que a origem do recurso deve ser o próprio caixa da empresa.
“Quando os empresários falam em manter investimentos com recursos próprios, isso demonstra como o país tem uma grande dificuldade em trabalhar com taxas de juros efetivas. Se tivéssemos capacidade de incremento do crédito com condições reais, a indústria brasileira, não só a paranaense, teria mais facilidade em recuperar seu parque fabril que sofre muito com a depreciação e tem dificuldades para fazer nivelamentos tecnológicos e atualizações necessárias”, avalia o presidente da Fiep, Edson Vasconcelos, durante a apresentação dos resultados da Sondagem Industrial em Curitiba (PR).
Conforme dados do levantamento, 21% dos empresários pretendem recorrer a bancos de fomento e desenvolvimento e 12% indicaram que devem procurar bancos tradicionais. As prioridades de investimento são em melhoria de processos, produtos ou serviços (55%), redução de custos de produção (48%) e prospecção de novos mercados (47%).
Quando perguntados sobre a expectativa de desempenho da indústria para 2024, 47% dos industriais se mostraram otimistas ou muito otimistas e 41% expressaram expectativa neutra. Já 12% dos pesquisados se mostram pessimistas ou muito pessimistas, principalmente por causa das previsões de redução nas vendas de suas empresas (80%), dificuldade com os custos totais de produção (74%) e para fazer investimentos (57%).
A infraestrutura logística (54%), a questão da energia (51%), a impossibilidade de expandirem seus negócios para novos mercados (49%) e as dificuldades de encontrar mão de obra (49%) são as principais dores do setor produtivo paranaense.
Vasconcelos ressalta que a segurança energética se tornou um item de extrema relevância para garantir a produção industrial no estado e o crescimento do setor pelas diferentes regiões do Paraná. “A preocupação não é com a capacidade de geração de energia mas, sim, de transmissão e das condições das nossas subestações. A variação energética e a falta de expansão para algumas regiões do estado comprometem o crescimento do setor. Uma indústria semiautomatizada tem dificuldade de rodar com variação de energia”, alerta.
O presidente da Fiep afirmou que uma agenda está sendo construída em parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel) para garantir a expansão do setor industrial. “Há uma expectativa muito grande quando falamos em transmissão, distribuição e subestações pela gravidade muito maior do que está acontecendo nos últimos anos. Primeiro, temos um mapa de crescimento industrial para o Paraná e essa conexão com a Copel é necessária para entender a capacidade de expansão e capacidade da malha para evitar sazonalidades”, ressalta Vasconcelos que citou uma empresa com automação instalada nos Campos Gerais, que enfrenta dificuldades na produção por causa da variação energética.
“Quando cai, a empresa fica toda parada. Cada vez que dá um restart, demora até duas horas e meia para reiniciar e teve dias com seis quedas de energia”
Presidente da Fiep, Edson Vasconcelos
Segundo ele, a energia brasileira é a sexta mais cara do mundo com necessidade de equilíbrio entre as condições de pagamento da tarifa e os investimentos necessários para melhorias na matriz energética. Porém, na avaliação do presidente da Fiep, a carga tributária no fornecimento de energia traz empecilhos para o desenvolvimento da indústria nacional.
“Como o empresário pode baixar seus custos não dependendo necessariamente dos valores dos insumos? A lógica é automatizar e melhorar sua produção e para isso ele precisa ter capital com investimentos na atualização tecnológica. Ou seja, ele precisa de estabilidade energética e nós estamos tendo muita dificuldades no estado do Paraná”, pondera.
Morosidade até o Porto de Paranaguá preocupa setor produtivo
O presidente da Fiep também afirma que o setor produtivo demonstra preocupação com o processo de concessões das rodovias paranaenses, não apenas pelas obras de infraestrutura, mas também pelo serviço na descida da Serra do Mar, pela BR-277, entre Curitiba e o Porto de Paranaguá.
“Eventos [climáticos], obras e acidentes na descida da serra trazem morosidade, trancam a rodovia e acabam bloqueando as artérias da produção. Entramos no terceiro ano após o término dos contratos e isso preocupa muito”, comenta. As vencedoras dos lotes 1 e 2 do pedágio paranaense assumem as rodovias no início do próximo mês. O trecho da BR-277 entre a capital e o principal porto do estado integra o lote 2 de concessões. “Precisamos de celeridade e a Fiep discute uma nova saída pela BR-101, ligando Garuva (SC) a Morretes (PR), como alternativa quando acontecem problemas na descida até Paranaguá”, completa.
Vasconcelos analisa que apesar da ampliação da malha trazer “democracia na infraestrutura”, isso também deve gerar confusão sobre preço por quilômetro rodado e os valores cobrados nas cancelas das antigas praças já instaladas pela antiga concessão do Anel de Integração. “A métrica não vai acompanhar o desconto por quilômetro rodado e quando se fala dos eixos do escoamento de Foz, Londrina, Maringá e da Região Oeste até o Porto de Paranaguá, o eixo de transporte, talvez, não tenha o desconto nominal que se fala nas licitações”, questiona.
Fiep promove Fóruns Regionais a partir de março
Durante a apresentação dos resultados da Sondagem Industrial, a Fiep divulgou, também, a realização dos Fóruns Regionais da Indústria, a partir de março. O objetivo dos encontros é aproximar a Federação de suas bases, conhecendo as demandas e expectativas da indústria das diferentes regiões do Paraná.
“Nossa intenção é conhecer as necessidades da indústria em todo o Estado e, com base nisso, incentivar a implementação de uma política industrial focada nas prioridades de cada região, com a participação também dos municípios, que são fundamentais nesse processo”, explica Vasconcelos.
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