Países do continente africano estão entre os maiores produtores de mandioca do mundo, liderados pela Nigéria, com cerca de 50 milhões de toneladas por ano, mas a agroindústria está longe de ser uma realidade com impacto na economia e na geração de renda da África. Gana também integra a lista dos cincos países com maior produção no continente e se destaca, mundialmente, com a média de 15 milhões de toneladas de mandioca por ano.
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A grande safra anual em Gana com pouca técnica agrícola motiva a Agrihouse Foudation a trabalhar na formação de jovens produtores no país e no aprimoramento do plantio e da colheita para transformação da raiz em produtos industriais com maior valor agregado.
A fundadora Alberta Akosa foi uma das palestrantes da Feira Internacional da Mandioca (Fiman)*, evento que ocorreu na cidade de Paranavaí (PR), no fim de 2023. Na avaliação dela, a industrialização brasileira na transformação da mandioca em produtos, como o pão de queijo, é um modelo de sucesso que pode ter grande impacto nos países africanos, que ainda consomem a raiz de maneira artesanal como subsistência.
“Temos projetos voltados para a agricultura com mulheres, jovens e produtores, mas percebemos que não estamos celebrando e potencializando a produção de mandioca em nosso país como deveríamos. Em Gana, a produção de mandioca é basicamente para consumo alimentar. A raiz é cultivada em casa por mulheres e o trabalho é 100% manual. A mandioca não tem tanto valor agregado como aqui no Brasil, onde conhecemos a estrutura de campo e industrial de Paranavaí e percebemos a importância e as inúmeras possibilidades de negócios. Queremos pensar em novas políticas de governo, com foco na mandiocultura para a geração de emprego e renda em Gana”, ressaltou Alberta durante a palestra na Fiman.
Apesar de o estado do Pará ser o maior produtor de mandioca no Brasil, o Paraná é o grande protagonista do setor industrial, com 70% da produção nacional de fécula de mandioca. O estado também ocupa o posto de segundo lugar entre os estados com maiores colheitas da raiz, com 2,9 milhões de toneladas na safra 2022/2023. A produção nacional é de 24 milhões de toneladas por ano.
Importando o modelo paranaense para a África, a fundadora da Agrihouse espera incentivar e preparar os jovens para oportunidades de emprego e carreira na produção agrícola da mandioca.
O país ainda precisa superar o obstáculo de enxergar o trabalho no campo como uma atividade inferior em relação a outras profissões.
“Em Gana, a agricultura já foi considerada uma forma de punição. Se o aluno ia mal na escola, ele era obrigado a trabalhar na terra, fazer plantio e colheita, o que gerou uma visão negativa sobre o trabalho no campo. Até hoje, se uma família tem 10 filhos, apenas um vai seguir carreira no agronegócio porque ainda existe esse pensamento de que é um trabalho ruim. O objetivo é mudar essa percepção negativa e fazer com que eles percebam que a agricultura pode ser uma carreira, uma profissão, que pode levar a pessoa a ter sucesso em sua vida”, relatou Alberta em entrevista à Gazeta do Povo.
De acordo com ela, a mandioca é um dos principais ingredientes nas mesas das famílias ganeses, consumida na maioria das vezes como “fufu”, prato típico feito manualmente para transformar a mandioca em uma espécie de purê. Com o conhecimento técnico fornecido pelo agro brasileiro, a fundação espera encontrar soluções e agregar valor aos produtos derivados da mandioca em Gana.
"A produção industrial é pouca e a maioria da mandioca é para consumo próprio. Estamos aprendendo o que pode ser feito com a mandioca em larga escala. Até o amido da mandioca tem pouquíssima produção industrial sem nenhuma concorrência. Hoje, se come mais mandioca do que se vende”, explica.
"Por isso, o Brasil é considerado um dos parceiros mais estratégicos para aprender tudo o que a mandioca pode proporcionar e, assim, crescer economicamente, profissional e nas técnicas agrícolas”, completa a fundadora da Agrihouse.
*O repórter viajou a convite do evento.
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