Sem poder receber público desde março, os teatros de Curitiba são um retrato desolador do setor mais afetados pela pandemia do coronavírus: o dos eventos. Os dois maiores da cidade, Guaíra e Positivo, admitem impacto financeiro e, pelo menos no Guaíra, a preocupação é de que a quebra de receita possa inviabilizar ou restringir produções e ações culturais próprias – uma de suas grandes marcas.
Mônica Rischbieter, diretora-presidente do Centro Cultural Teatro Guaíra, descreve uma “aflição” pela falta de perspectiva sobre o fim da pandemia e retomada das atividades culturais. “Acho que sim [a quebra da arrecadação neste ano pode impactar no funcionamento do complexo]. A gente não sabe muito bem o que vai acontecer no ano que vem. Quando o teatro puder abrir, vamos provavelmente alugar para lives, essas coisas... A gente vai ter que repensar as coisas até que essa vacina [contra a Covid-19] esteja sendo aplicada em massa. Até lá a gente nunca vai ter segurança de colocar o público nesse espaço”, diz.
Até março, quando precisou fechar temporariamente as portas, o Guaíra tinha contrato assinado para dez espetáculos, explica Cleverson Cavalheiro, diretor artístico do centro. A previsão, segundo ele, era de que o complexo pudesse realizar entre 145 a 150 eventos em 2020, em uma programação eclética. Não deu tempo. Logo no terceiro mês do ano, o estado anunciou a proibição de espaços com aglomeração de pessoas – o complexo, que inclui Guairão. Guairinha, Miniauditório e Teatro Zé Maria Santos, tem capacidade para 2,8 mil pessoas.
Como o Guaíra tem modelo de negócios em que recebe uma taxa mínima (aluguel do espaço) e participação na bilheteria, o prejuízo se tornou visível. Com aluguéis do Guairão a partir de R$ 8,5 mil (companhias paranaenses pagam um pouco menos), o centro já chegou a faturar R$ 2 milhões em um ano – números que Rischbieter faz questão de destacar que são muito variáveis de ano a ano. “Esse dinheiro é a nossa fonte de arrecadação própria. E ele vai para a produção artística, basicamente, e para manutenção. A gente também tem um recurso do estado para manutenção, pagamento de folha salarial”, explica a diretora-presidente.
Uma quebra de arrecadação que vai exigir readaptação, destaca Cavalheiro. “A gente vai ter que se reinventar. Nas nossas produções artísticas, vamos ter que fazer um estudo, nos reorganizarmos para conseguir montar uma programação no ano que vem”, aponta o diretor artístico. O Guaíra mantém orquestra, balé e escola de dança, entre outros projetos.
Teatro Positivo quer volta de espetáculos no fim do ano
Com 2,4 mil lugares, o Teatro Positivo precisou cancelar ou adiar dezenas de espetáculos nos últimos meses. A administração do local evita, no entanto, falar em números de quebra na arrecadação e aponta aguardar regularização para retomar atividades no fim do ano. O espaço é o grande concorrente do Guaíra na atração de grandes eventos, shows nacionais e internacionais e espetáculos renomados.
"A EFEX, empresa de eventos da Universidade Positivo esclarece que as atividades presenciais seguem suspensas desde o início da pandemia, em março, o que prejudicou a realização de inúmeros eventos - assim como afetou toda a cadeia de valor do setor envolvida para a operação. A agenda de novembro e dezembro de 2020 segue confirmada, aguardando a regularização da situação da saúde pública em Curitiba, bem como determinações das autoridades de saúde, para que se realize”, disse em nota.
“A agenda de 2021 do Teatro Positivo está 80% fechada. Além disso, os espaços foram equipados com tecnologia para a realização de eventos híbridos e medidas de proteção sanitária, para que o ambiente não ofereça riscos à segurança e à saúde de seus clientes e visitantes. Esperamos que esse período seja breve e que retornemos à normalidade tão logo seja possível”, segue o texto.
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