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O senador Sergio Moro (União Brasil-PR)
Para Sergio Moro delação premiada é essencial para combate ao crime organizado| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado.

O ex-juiz federal, ex-ministro da Justiça e senador pelo Paraná Sergio Moro (União Brasil) comentou a execução de dois membros do Primeiro Comando da Capital (PCC), ainda na noite desta segunda-feira, 17, em entrevista concedida ao programa "Direto ao ponto" da Jovem Pan. Moro reafirmou que a delação premiada é essencial para combater o crime organizado no Brasil.

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“Recebi a notícia com surpresa. Dois membros do PCC que faziam parte do grupo 'Sintonia restrita', encarregados de praticar aqueles assassinatos, foram mortos. Como ministro da Justiça, fomos firmes contra o crime organizado e, entre outras medidas, fizemos o isolamento das lideranças do PCC em presídios federais. Ninguém tinha coragem de mexer e a gente fez isso”, apontou Moro.

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, apareciam na linha de comando do PCC e foram executados pela própria facção no início da tarde de segunda-feira (17) durante o banho de sol na penitenciária Presidente Venceslau (SP).

Os dois eram apontados pelas investigações como articuladores e colocariam em prática um atentado contra Sergio Moro em outubro de 2022 que envolvia o sequestro e, possivelmente, a morte do ex-juiz federal. O plano foi descoberto depois que um faccionado o delatou ao Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em São Paulo, que encaminhou o caso à Polícia Federal (PF).

"Governo Lula não tem política de segurança", diz Moro

O senador lamentou o avanço do crime organizado no Brasil e disse que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não tem política para a segurança pública e que o único tema que vem sendo tratado, apesar de justo, mas insuficiente, é o de câmeras corporais em uniformes de policiais.

Como exemplo de ações adotadas durante a gestão no Ministério da Justiça e Segurança Pública no governo de Jair Bolsonaro (PL), e que também pode ter motivado o planejamento do atentado contra Moro, foi a medida que atingiu o caixa financeiro das organizações criminosas, com a aprovação da lei do confisco alargado do patrimônio das facções. “Essa ação deles [do planejamento para sequestro e morte], que para mim foi revelada em janeiro de 2023, mostra a ousadia, a que ponto chegaram as organizações criminosas no Brasil”, destacou Moro à Jovem Pan.

O senador acrescentou lamentar qualquer morte e defendeu que é necessário evidenciar matéria que está sendo debatida no Congresso Nacional, contrário à delação premiada. “Foi descoberto esse plano de sequestro e assassinato meu e quem sabe da minha família, e consta na investigação fotos de onde moravam também Rodrigo Pacheco e Arthur Lira, porque algum membro da organização informou que havia o plano através de uma colaboração. E como fica, vão acabar com isso agora?”, indagou.

Para o senador, há muita gente preocupada e criticando o instrumento da delação em virtude da operação Lava Jato, mas ele lembrou que a colaboração é um instrumento essencial para combater, especialmente, o crime organizado. “A gente está vendo o PCC, o Comando Vermelho crescerem (...) A delação premiada mais famosa que aconteceu na história foi do chamado Tommaso Buscetta, membro da máfia italiana, da Cosa Nostra. Ele foi preso no Brasil, extraditado para a Itália e lá as informações que ele disponibilizou, junto com outras provas, propiciou pela primeira vez a condenação de centenas de mafiosos, inclusive de lideranças. Então não faz sentido agora a gente simplesmente matar a delação premiada”, defendeu Moro na entrevista.

Para Moro, falta energia e recursos para investigar o crime organizado

Para Sergio Moro, no Brasil atual falta uma política definida e atuante de segurança pública. “Quando assumi [como ministro da justiça em 2019], eu disse que iríamos enfrentar o crime organizado. Tivemos emergências, ataques no Ceará, fomos para cima do PCC com o projeto Anticrime e com medidas importantes aprovadas, o confisco de patrimônio de criminosos. Conseguimos aprovar, mas não avançar, com o banco do DNA para criminosos. Tem jeito de combater o crime, agora tem que ter estratégia”, avaliou.

Segundo ele, a Polícia Federal está muito focada em investigar críticos do governo e adversários políticos, faltando energia e recursos para mirar no crime organizado. “Faço um ponto de ressalva, que a PF acabou informada desse plano de assassinato, investigou e conseguiu identificar os indivíduos e desmantelar essa célula, mas é insuficiente diante do desafio que representa o crime organizado no Brasil”, afirmou.

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