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Moro diz que pauta contra corrupção virou tabu e que defesa do tema precisa ser retomada com vigor
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O senador Sergio Moro (União-PR) afirmou, na manhã desta segunda-feira (6), que o combate à corrupção no País parece ter virado um tabu e que a pauta precisa ser retomada. A declaração foi dada durante visita do senador ao maior evento do agronegócio do Brasil, o Show Rural, realizado em Cascavel, no oeste do Paraná.

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“Não existe uma democracia confiável se a gente não tiver combate à corrupção, se a gente não tiver integridade. Não existe uma economia saudável, com desenvolvimento econômico eficiente, seja no setor privado, seja no setor público, se a gente não tiver prevenção e controle. Parece que virou quase um tabu falar disso no Brasil, mas precisamos recolocar no centro das atenções. Boa parte dos nossos problemas decorre exatamente do desperdício decorrente da corrupção”, afirmou.

Moro citou como exemplo de enfrentamento à corrupção a obra de reestruturação do Trevo Cataratas, em Cascavel, resolvendo um antigo gargalo logístico em um dos mais importantes entroncamentos rodoviários do país. A obra foi executada com recursos vindos do acordo de leniência firmado entre a concessionária que administrava a rodovia e o Ministério Público Federal, após irregularidades apuradas pela operação Lava Jato. “Imagine o potencial e a eficiência que teríamos se conseguíssemos reduzir significativamente o problema da corrupção no Brasil. O momento político é um pouco delicado, mas é uma pauta que precisamos retomar e eu tenho um compromisso firme em relação a isso”, destacou.

Opinião sobre o governo Lula

Moro também avaliou o primeiro mês do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O senador reafirmou seu posicionamento de oposição, porém racional. “Tenho minha agenda, uma pauta que vou perseguir independentemente de ser oposição ao governo. Meu trabalho não vai se resumir a ser oposição, mas é um governo que começa e devemos esperar os projetos e os resultados. Até agora não vi esses projetos e esses resultados”, respondeu.

“Tenho visto algumas preocupações, como quando se fala em rever meta de inflação. Isso é algo que faz mal ao mercado e acaba tendo um aumento dos juros que ninguém deseja, prejudicando a atividade econômica. O resultado é uma insegurança dos agentes econômicos. Para que a gente possa entrar numa trajetória de queda de juros, o governo precisa acertar a economia e até o momento não vi esses projetos”, completou.

Para o senador, o momento é de fiscalizar. “Ouve-se muito sobre o governo Bolsonaro, o que fez e o que não fez, algumas injustas, outras corretas, mas a preocupação agora é com esse governo eleito. Vejo no Congresso espaço para uma oposição democrática, racional contra as propostas do governo que não se justifiquem”, seguiu.

Transparência e investigação

A primeira proposta parlamentar apresentada por Moro após assumir a cadeira no Senado foi a Medida Provisória (MP) 1158. Um dos pontos pede que decisões do Conselho Monetário Nacional tratem das metas de inflação por decisões unânimes, não por maioria de votos. “Não havendo unanimidade, que prevaleça o voto com a proposta de meta da inflação menor. A ideia é preservar o regime de metas e ir para um viés decrescente desta meta”, explicou Moro.

A MP também trata do Conselho de Controle e Atividades Financeiras (Coaf). “É uma unidade de inteligência financeira que tem um papel relevante e estava no Banco Central. A proposta do governo é voltar ao Ministério da Fazenda. Apresentei proposta para que fique no BC porque lá tem resguardada sua autonomia. O presidente do BC tem mandato e isso propicia uma atuação mais independente. Para um órgão tão sensível quanto o Coaf, é melhor que fique no BC, diminui potenciais interferências políticas”.

De acordo com Moro, o governo falhou na justificativa para a transferência do Coaf. "Quando o Coaf foi levado do Ministério da Fazenda para a Justiça durante minha gestão [período em que foi ministro da Justiça no governo Bolsonaro] tínhamos um plano muito específico: aumentar a estrutura e praticamente dobramos o número de cargos porque era necessário, agora não tem nada equivalente. Então o governo está só tirando do lugar. Acho que as razões não são convincentes”.

8 de janeiro

Sobre os atos de vandalismo registrados em Brasília no dia 8 de janeiro, Moro foi enfático ao dizer que, em uma democracia, os protestos contra qualquer governo são aceitáveis, mas com limites. “O que não pode é ter violência, invasão, depredação. Foram atos lamentáveis. Todos nós temos que repudiar esses acontecimentos", respondeu.

Para Moro, é preciso encontrar uma resposta adequada. “Com punições, mas proporcional ao que foi cometido e, principalmente, tentar identificar as causas dessa insatisfação através da política. Isso vai depender muito do governo que foi eleito, se ele vai seguir um caminho de moderação ou se vai seguir um caminho de radicalização”.

Sobre uma possível atuação ou articulação no Senado em relação às declarações do também senador Marcos Do Val (Podemos/ES), que vieram à tona na última semana, Moro respondeu que os “fatos ainda estão sendo apurados e que precisa aguardar essas apurações”.

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