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Presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD) assinou acordo no qual admite que praticou corrupção
Presidente da Assembleia Legislativa do Paraná, Ademar Traiano (PSD) assinou acordo no qual admite que praticou corrupção| Foto: Orlando Kissner / Alep

Alvo de críticas sobre a manutenção do “segredo de Justiça” em torno do acordo com o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Ademar Traiano (PSD) - que confessou pedido e recebimento de propina, o Ministério Público do Estado (MP-PR) afirma que pediu a suspensão do sigilo para a Justiça.

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“Esclarecimentos detalhados serão prestados quando do levantamento desses sigilos, medida de transparência previamente já averbada pela Subjur [Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos]  nesses procedimentos”, afirma a nota do MP-PR.

Procurado pela Gazeta do Povo, o órgão estadual justificou que não poderia informar se o pedido de suspensão de sigilo foi feito antes ou depois do escândalo de corrupção vir à tona, no início deste mês. A justificativa é que o pedido de sigilo também integra o processo sob segredo de Justiça.

“O Ministério Público do Paraná, por meio da Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Jurídicos (SubJur), reitera que os procedimentos investigatórios sob sua responsabilidade, nos âmbitos criminal e civil, não obstante marcados pela complexidade instrutória, estão totalmente concluídos, tendo, inclusive, sido submetidos às instâncias de validação interna e externa”, informa em nota.

Mesmo assim, o MP-PR segue sem prestar esclarecimentos sobre o caso envolvendo Traiano “em razão dos sigilos impostos por lei e reiterados por decisões judiciais específicas, ainda não se pode pronunciar sobre o conteúdo”.

Sobre a derrubada da liminar que censurava a imprensa, o Ministério Público defende que o desembargador Rosaldo Elias Pacagnan reconhece a “origem ilícita do vazamento” mas, ainda assim, legitima provisoriamente a divulgação pela imprensa. “Todavia, não retirou, e nem poderia retirar, na compreensão do MP-PR, os sigilos impostos pelos magistrados responsáveis pelos respectivos casos.”

Em dezembro de 2022, Traiano e o ex-deputado estadual Plauto Miró (União) firmaram um Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) após confissão de recebimento de propina de R$ 100 mil para cada um dos parlamentares após a negociação realizada, em 2012, com o Grupo Malucelli para renovação de contrato na prestação de serviços da TV Assembleia. Três anos depois, a delação premiada do empresário Vicente Malucelli revelou que Traiano pediu R$ 300 mil em propina. O valor foi reduzido e parcelado em duas vezes.

O conteúdo do ANPP só veio à tona após o deputado estadual Renato Freitas (PT) anexar os termos do processo, que corre em segredo de Justiça, na defesa por quebra de decoro no Conselho de Ética que avalia a conduta do parlamentar petista, que chamou Traiano de “corrupto” durante bate-boca no plenário da Alep no último mês de outubro.

No início de dezembro, a RPC, o site G1 e o jornal Plural divulgaram reportagens sobre a confissão de recebimento de propina pelo presidente da Alep. Logo depois, uma liminar em primeira instância censurou a imprensa paranaense até a derrubada da decisão judicial em tribunal de segunda instância.

Cronologia do caso envolvendo Ademar Traiano (PSD)

Dezembro de 2012
Licitação

A TV Icaraí, do grupo J. Malucelli, vence licitação para produção de conteúdo para a TV Assembleia.

| Divulgação/J. Malucelli
Agosto de 2015
Pedido de propina

Segundo Vicente Malucelli, à época responsável pela Icaraí, o pedido de propina de R$ 300 mil foi feito pelo deputado Ademar Traiano. Plauto Miró estava presente na reunião.

| Nani Góes /Arquivo Alep
Julho de 2016
Operação Sépsis

J. Malucelli é mencionado em desdobramento da Lava Jato que trata de desvios em Fundos de Investimentos da Caixa Econômica Federal.

| Arquivo/Albari Rosa/Gazeta do Povo
Fevereiro, março e setembro 2018
Mais operações envolvem o grupo; J. Malucelli é preso

A J. Malucelli é implicada nas operações Integração, Buona Fortuna e Piloto. Em setembro, na operação Rádio Patrulha, do Ministério Público Estadual, o empresário Joel Malucelli é preso.

| Arquivo/Aniele Nascimento/Gazeta do Povo
Agosto de 2020
Acordo de leniência

Empresas do grupo J. Malucelli, incluindo a TV Icaraí, fecham acordo de leniência com o MPF e o MP-PR, confessando ter participado de atos ilícitos.

MPF do Paraná, sede da Lava Jato
Fachada da sede do Ministério Público Federal do Paraná| Arquivo/Gazeta do Povo
Dezembro de 2022
Acordo de Não Persecução Penal

Com o avanço das investigações, Traiano e Miró assinam um acordo em que admitem ter pedido e recebido propina. Eles devem devolver R$ 187 mil como reparação.

Ademar Traiano, presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) admitiu ter cobrado e aceitado propina.
| Divulgação/Alep
Outubro de 2023
Processo no Conselho de Ética

Em outubro de 2023, Traiano move uma representação contra o deputado Renato Freitas (PT), após ter sido chamado de "corrupto" em uma sessão plenária.

| Arquivo/Gazeta do Povo / Albari Rosa
Dezembro de 2023
Defesa de Freitas inclui trechos do processo

Nas alegações finais do processo no Conselho de Ética da Alep, a defesa de Freitas inclui trechos do processo que contêm a delação de Malucelli. O acordo com a confissão do presidente da Alep vem à tona.

Depoimentos de defesa de Renato Freitas estão agendados para segunda-feira (27), no Conselho de Ética da Alep.
| Valdir Amaral/Alep
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