Visitar as Cataratas do Iguaçu pode custar bem mais caro a partir do ano que vem. O ingresso ao Parque Nacional, que abriga a principal atração de Foz do Iguaçu e o terceiro destino turístico do Brasil, pode passar dos atuais R$ 50 para R$ 120 por pessoa, com o novo contrato de concessão à iniciativa privada. O atual contrato, que tem 20 anos de duração, vence no final de 2021. O Ministério do Meio Ambiente deu início ao processo para uma nova concessão por mais 30 anos.
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O aumento do ingresso, que pode ser de 140%; o valor da outorga de R$ 500 milhões, que iria para o governo federal; e a ameaça ao trabalho de quem vive do turismo na região são as principais contestações que a comunidade local está fazendo em relação aos itens do edital, apresentado em sua primeira versão pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelo parque, em audiência pública realizada na última semana.
“Temos aqui cerca de mil guias de turismo e 2.500 vans que trabalham e dependem dessa atividade e a proposta apresentada proíbe a circulação de veículos do setor (carros e vans) e de táxis na rodovia de acesso às Cataratas do Iguaçu”, aponta o secretário municipal de Turismo, Paulo Angeli. “Não podemos abrir mão dessa movimentação, sob pena de gerar um grande desemprego na região e prejudicar a economia local”, adverte Angeli.
A prefeitura de Foz do Iguaçu, a Câmara de Vereadores, o Conselho Municipal e o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social apresentaram uma petição endereçada ao presidente do ICMBio, Fernando Cesar Lorencini, onde questionam pontos do caderno de encargos previsto na licitação e apresentam reivindicações.
O grupo pede a dispensa da outorga. Ou, se ela for cobrada, que seja destinada aos 14 municípios lindeiros de forma proporcional. Pede também que sejam mantidas as tarifas diferenciadas de acesso ao parque. Hoje, a população dos municípios vizinhos está isenta do valor do ingresso e paga apenas R$ 17 pelo transporte ao interior do parque. Aos brasileiros, o ingresso custa R$ 50, os moradores do Mercosul (argentinos, paraguaios e uruguaios) pagam R$ 66 e o estrangeiro (visitante) de outros países, R$ 86.
“A proposta deixa em aberto a possibilidade para a concessionária vencedora fazer ou não descontos diferenciados aos moradores das 14 cidades lindeiras, do Brasil e do Mercosul”, observa o secretário Angeli.
A petição ainda defende a destinação de 2% da receita bruta do parque para uso na divulgação do turismo e 5% da receita em investimentos nas cidades lindeiras. O grupo questiona também a falta de previsão de investimentos em educação ambiental, projetos, oficinas, pesquisas e convênios na área de preservação e meio ambiente. E a ampliação do uso da área de visitação em mais 65 mil metros quadrados, o que vai resultar em derrubada da mata nativa.
Procurado pela reportagem da Gazeta do Povo, o ICMBio não respondeu aos questionamentos.
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