A multinacional sueca Electrolux, líder mundial em eletrodomésticos, anuncia oficialmente nesta terça-feira (2) a instalação de nova fábrica no Paraná. Será a terceira no estado e a quinta no Brasil. Desta vez, a fábrica de refrigeradores e freezers terá como sede o município de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. As outras duas plantas industriais, que funcionam na capital paranaense, serão mantidas.
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O investimento total da multinacional no Paraná será de R$ 700 milhões. A maior parte desse valor será destinada à construção da nova unidade, mas parte ficará na planta de Curitiba para o desenvolvimento de novos produtos. O plano de investimento prevê que a fábrica de São José dos Pinhais gere 500 novos empregos diretos e outros 1,4 mil indiretos da cadeia de fornecedores. De acordo com informações da prefeitura, o município tem 37.328 trabalhadores empregados na área industrial.
A previsão é iniciar a obra dentro de um mês, com a conclusão da primeira fase no último trimestre de 2024, com 50 mil metros quadrados de área construída. Nesta etapa, a fábrica iniciará a produção operando com 30% da capacidade total, que será alcançada com o término do projeto em 2025. O local contará com espaço reservado para fornecedores estratégicos.
“Será uma expansão da unidade que fica no bairro Guabirotuba, em Curitiba, que é a maior planta de refrigeradores da América Latina”, informa Ramez Chamma, COO da Electrolux Group Latin America (diretor de operações para a América Latina). A nova fábrica vai ampliar em 25% a produção atual de refrigerados e freezers da marca no Paraná.
A unidade do Guabirotuba recentemente recebeu um investimento de US$ 40 milhões em modernização. A outra fábrica do grupo na capital paranaense produz aspirador de pó e máquinas de lavar de alta pressão no bairro Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que concentra uma grande quantidade de indústrias na capital.
Além da ampliação da produção de geladeiras e freezers, a Electrolux estuda a possibilidade de produzir outros eletrodomésticos da marca que hoje não são fabricados no país. “Os importados representam 30% do nosso faturamento no Brasil. Pode ser uma vantagem competitiva também produzir esses itens na nova planta”, avalia Chamma.
Incentivos do governo do Paraná
O anúncio da nova fábrica acontece na tarde desta terça-feira (2), em solenidade no Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense, com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior (PSD). Na ocasião, haverá a assinatura da renovação da adesão da Electrolux ao programa Paraná Competitivo. O programa de atração de investimentos é destinado tanto às novas empresas que têm interesse em ir para o estado como às que já atuam e têm planos de expansão.
Entre os incentivos oferecidos pelo programa estão: parcelamento do ICMS incremental; diferimento do ICMS nas operações de fornecimento de energia elétrica por empresa localizada em território paranaense e de fornecimento de gás natural pela Compagas; transferência de créditos de ICMS próprio para aquisição de ativos.
Electrolux avaliou localização estratégica e mão de obra qualificada para nova fábrica
O diretor da multinacional explica que a escolha por São José dos Pinhais se deu basicamente pela localização estratégica e pela oferta de trabalhadores qualificados. “É perto do Aeroporto Internacional Afonso Pena [que fica no mesmo município], do Porto de Paranaguá e de nossas outras unidades [localizadas em Curitiba]. Tem muito a ver também com a tipologia do terreno, que é muito plano e reduz custos de construção. E a cidade é historicamente industrial, tendo mão de obra qualificada”, observa.
“Trata-se de uma grande empresa, com perfil de sustentabilidade e responsabilidade social”, destaca a prefeita de São José dos Pinhais, Nina Singer (Cidadania). Segundo ela, a geração de empregos e o aumento da receita foram os principais motivos que levaram a prefeitura a buscar uma empresa desse porte para se somar ao parque industrial. “A Electrolux trará uma diversidade para a nossa indústria, focada até hoje no setor automotivo”, analisa, referindo-se às montadoras Renault e Volkswagen, as principais indústrias do município, e ao conjunto de fornecedores também do mesmo segmento.
A expectativa da prefeitura é que dentro de oito anos a multinacional da chamada linha branca (refrigeradores e geladeiras) fique entre as duas maiores empresas do município. Hoje, as duas principais indústrias de São José dos Pinhais (Renault e Volkswagen) respondem por quase 30% do valor adicionado ao ICMS. A Electrolux tem potencial de agregar quase 13% a esse valor.
Cessão de terreno e redução de tributos
A fábrica da Electrolux será instalada em um terreno de 1,6 milhão de metros quadrados, localizado na zona rural de São José dos Pinhais. Fica na comunidade Agaraú, quase na divisa com a cidade de Fazenda Rio Grande. A área foi cedida pela prefeitura por 25 anos, prorrogáveis por mais 25. Para viabilizar a cessão, o terreno foi adquirido pelo município, que desapropriou 18 pessoas.
A previsão é de um desembolso de R$ 25 milhões para o pagamento das indenizações. Segundo a prefeita, sete proprietários já receberam os valores. Outros estão em processo e quatro deles estão recorrendo à Justiça questionando o valor. Independente deste questionamento, a prefeitura informa que a área tem que ser desocupada tão logo seja desapropriada, o que não deve impactar no cronograma da obra.
A Câmara Municipal de São José dos Pinhais questiona os valores. O vereador Samuel Pinheiro (Republicanos), presidente da comissão formada para analisar o processo da nova fábrica, informa que a prefeitura está oferecendo entre R$ 13 e R$ 18 por metro quadrado como indenização. “Defendemos uma reavaliação. Nossa comissão fez um estudo e concluiu que um valor justo seria entre R$ 20 e R$ 30 o metro quadrado”, diz. A prefeita contesta e informa que o valor oferecido “é o preço de mercado e, portanto, justo”.
Além da cessão da área, a prefeitura está concedendo uma redução no ISS, especialmente para serviços terceirizados. Sem falar no percentual de redução, a prefeita diz que o mesmo benefício será oferecido às demais indústrias que se instalarem no município como fornecedoras da Electrolux.
Fábrica da Electrolux é 100% sustentável
A unidade de São José dos Pinhais será totalmente sustentável, conforme o COO do grupo. A fábrica adotará as seguintes práticas: controle do desperdício de matérias-primas, a construção eficiente, adotando as práticas do Leed (certificação para empreendimentos sustentáveis), zero resíduos para aterro e não aplicação de plásticos de uso único, zero emissões de carbono (CO2) e gases de efeito estufa (GHG), utilização de energia elétrica renovável, consumo eficiente e reuso de energias, coleta da água de chuva e reaproveitamento de efluentes industriais/sanitários.
No rol de itens da empresa estão também acessibilidade, práticas de segurança e saúde do trabalhador (proteção de máquinas, resposta às emergências, higiene ocupacional, ergonomia, entre outros) e adoção das mais reconhecidas certificações de gestão (ISO 14k – Meio Ambiente, ISO 45k – Segurança do Trabalho e ISO 50k – Gestão de Energia, entre outras), conformidade com as legislações vigentes e permissões necessárias (licenças ambientais, corpo de bombeiros, vigilância sanitária, administração municipal/estadual, entre outros).
Electrolux no Brasil e no mundo
Presente em 150 países, a Electrolux emprega 51 mil colaboradores. São vendidos, anualmente, 60 milhões de produtos com um total de 135 bilhões SEK (coroa sueca, a moeda oficial do país). Na América Latina, o grupo tem seis fábricas, sendo quatro no Brasil: duas em Curitiba (PR) uma em São Carlos (SP) e uma em Manaus (AM). As outras duas estão localizadas em Rosário (Argentina) e Santiago (Chile).
O Brasil é considerado o quarto maior mercado do Grupo Electrolux. Além de sediar a maior planta de refrigeradores da América Latina, Curitiba abriga um dos maiores centros de design do mundo, de propriedade da marca, que desenvolve produtos globalmente. Em todo o Brasil, são 8,6 mil colaboradores, sendo 3,5 mil empregos diretos somente no estado do Paraná.
O grupo Electrolux nasceu na Suécia, em 1919. Chegou no Brasil em 1926. Curitiba sediou a primeira fábrica, após aquisição da Prosdócimo, marca local, que ocorreu em 1997.
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