Dois grupos de empresários têm viagem marcada para países árabes nos próximos meses, em missões organizadas pela Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB). O primeiro embarca no dia 21 deste mês para Rabat, capital do Marrocos. O segundo, composto apenas por mulheres, parte de São Paulo, no dia 17 de maio, para Riad, capital da Arábia Saudita. Vão em busca de oportunidades de negócios.
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Cada vez mais comum, as viagens demonstram o crescente interesse de empresas brasileiras pelo mercado árabe, conjunto de 22 países que detêm o posto de terceiro maior comprador de produtos brasileiros, atrás da China e dos Estados Unidos. “Levamos 200 empresários no ano passado, sem contar os grupos organizados nos estados. Neste ano, esperamos mais", diz Tamer Mansour, secretário geral da CCAB.
Em 2023, a balança comercial do Brasil com os países árabes registrou um superávit recorde de US$ 8,67 bilhões (cerca de R$ 43 bilhões), um aumento de 218,6% sobre 2022. As exportações, de acordo com o Departamento de Inteligência de Mercado da CCAB, chegaram a US$ 19,3 bilhões (R$ 97 bilhões), um crescimento de 9,2%. Os principais produtos exportados são alimentos, com destaque para as aves. “Mas há espaço para todo tipo de produto”, aponta Mansour.
Nos últimos anos, países da região, como os Emirados Árabes e, mais recentemente, Arábia Saudita, iniciaram um processo de abertura, num esforço para diversificar suas economias, para além da indústria petrolífera.
O Fundo de Investimentos Público (PIF, na sigla em inglês) da Arábia Saudita investiu US$ 31,6 bilhões (cerca de R$ 158 bilhões) em 2023 e se tornou o fundo mais ativo do planeta.
O PIF compra participações em empresas pelo mundo e financia interessados em investir no país. Em março, empresários brasileiros se reuniram com diretores do fundo em Riad, em missão organizada pelo grupo de executivos Lide. Participaram empresas como Raizen, de bioenergia; Ambipar, de gestão ambiental; NotreDame Intermédica, da saúde; e BRF, de alimentos.
Entre eles estava Leon Le Senechal, da The Way, de Curitiba. A empresa de Senechal criou um bloco de construção encaixável, sem uso de argamassa, e está desenvolvendo tecnologia para permitir a fabricação do produto com areia do deserto. “Eles querem parcerias, têm incentivos. Não adianta ficar esperando aqui no Brasil, temos que ir lá, porque as oportunidades existem”, diz ele.
Le Senechal quer seguir os passos de empresas como a Maxinutri, de Arapongas, no norte do Paraná, que há 10 anos conquistou compradores para seus suplementos alimentares em países como Emirados Árabes e Jordânia. “É um mercado muito comprador, uma vez conquistada a confiança do cliente árabe, os negócios andam rápido”, diz Ricardo Kono, diretor da W.Brazil Trader, que nos últimos dois anos intermediou cerca de R$ 3 milhões em transações internacionais da Maxinutri e de outras empresas paranaenses.
O próximo passo da Maxinutri é desenvolver uma cápsula halal para seus produtos. Para obter a certificação halal — “permitida” —, a cápsula deve ser feita com matérias-primas obtidas de acordo com os preceitos da religião muçulmana. “Será um grande diferencial”, diz Kono.
O Brasil é o maior exportador de alimentos halal do mundo. Em janeiro, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), os Emirados Árabes importaram 38,7 mil toneladas de frango nacional, um aumento de 7,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. A Arábia Saudita importou 34,9 mil toneladas, um acréscimo de 7,9% sobre o mesmo período do ano anterior.
Em novembro de 2023, durante seminário promovido pelo governo brasileiro em Riad, Abdulrahman Bakir, diplomata e representante do ministério de Investimentos da Arábia Saudita, afirmou que há mercado árabe para mais. “Nós realmente precisamos ver mais picanhas na Arábia Saudita”, disse ele.
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