O Paraná foi o estado da Região Sul que mais fechou agências bancárias nos últimos cinco anos. Ao longo do período, 270 unidades encerraram as atividades, deixando de atender o público de forma presencial. O número corresponde a uma queda de 19,2%. Foi maior que a média nacional no período, que ficou em 18,26%. Caminho contrário fizeram as cooperativas de crédito que, no mesmo período, abriram 313 novos postos de atendimento no estado.
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O número de agências físicas no Paraná no final de 2022 era de 1.136, ante 1.406 existentes no ano de 2017. No Rio Grande do Sul, 205 agências físicas foram fechadas nos últimos cinco anos e Santa Catarina perdeu 138 unidades no mesmo período. Em todo o país, as agências físicas que somavam 20.359 em 2017, terminaram o ano passado agregando 17.216 unidades. Os dados são do Banco Central.
Os motivos do fechamento de tantas agências de bancos tradicionais são, essencialmente, a busca por redução de custos, a digitalização dos serviços e a consequente mudança de perfil dos clientes, que optam pelos serviços digitais e quase não vão mais às agências.
Cooperativas ampliam atendimento presencial
Na contramão dos bancos comerciais, as cooperativas de crédito seguem ampliando estruturas e priorizando o atendimento presencial. De acordo com dados do Sistema Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), em 2018 o Paraná contava com 907 postos de atendimento de cooperativas de crédito. No final de 2022 eram 1.220, um aumento de quase 35%.
"Não estamos na contramão, estamos na mão correta", diz Adilson Felix de Sá, diretor de desenvolvimento da Central Sicredi PR-SP-RJ. Ele destaca que a cooperativa de crédito respeita o interesse das pessoas e a autonomia para escolher de que forma querem ser atendidas. "Se querem um atendimento presencial, na agência física, com pessoas preparadas, encontram isso. Se preferem fazer tudo pelos nossos aplicativos, portais e pelo WhatsApp, também é possível", explica.
O diretor informa que nas pesquisas de percepção realizadas pela Central Sicredi, aparece como um dos motivos que levam as pessoas a fazerem essa escolha pela cooperativa de crédito o fato de ter agencia próxima, bem posicionada e com pessoas preparadas para o atendimento. "Nos últimos 10 anos, em média, chegamos a quase 30% de crescimento nos ativos. Estamos crescendo, expandindo nossa estrutura, gerando emprego e divisa para os municípios", pontua.
Sobre o custo de se manter postos de atendimentos, Felix de Sá explica que o modelo é viável. "Temos postos de atendimento com quase o dobro de funcionários em comparação a uma agência bancária tradicional. Claro que os custos operacionais são elevados, mas a receita é positiva. A gente consegue gerar resultados a partir do momento em que essas pessoas se fidelizam e concentram todas as suas movimentações financeiras dentro das nossas cooperativas", explica.
Outro diferencial é que o cooperado participa como dono e, também, dos resultados. "A cooperativa não visa lucro. Gera resultados que, em parte são mantidos dentro da organização para continuar tendo potencial de crescimento e uma parte é distribuída para associados, proporcionalmente à média de suas operações", diz. Para ele, a soma do atendimento humanizado, da distribuição dos resultados, dos custos mais justos e da transparência é o que garante o crescimento.
O Sicredi é a primeira instituição financeira cooperativa do Brasil. Está presente fisicamente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal, com mais de 2,2 mil agências em 200 municípios do país. Enquanto 270 agências bancárias fecharam as portas no Paraná, nos últimos cinco anos, o Sicredi inaugurou 76 agências no estado no mesmo período. Hoje, são 459 postos de atendimento em 331 municípios paranaense, sendo a instituição financeira com a maior rede de atendimento do estado. Além disso, em 58 municípios do Paraná, o Sicredi é a única instituição financeira fisicamente presente.
Sem agências, bancos digitais ganham cada vez mais clientes
A falta de agências e de postos de atendimento não tem sido impedimento para os bancos digitais crescerem. Pesquisa realizada em 2021 pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), em parceria com o banco digital C6Bank, mostra que 57% dos brasileiros com acesso à internet tinham contas digitais: 36% abriram contas durante a pandemia de Covid-19 e, entre o público jovem, a movimentação em bancos digitais já superava as transações em bancos tradicionais.
“O banco digital tem tarifa zero ou muito baixa e esse é o principal atrativo”, diz Maxnaun Gutierrez, head de produtos e pessoa física do C6 Bank. Segundo ele, a grande migração para o banco digital foi impulsionada pelo Pix, sistema de pagamentos instantâneos lançado pelo Banco Central em novembro de 2020. Desde que entrou em operação, o Pix foi usado por mais de 140 milhões de brasileiros.
“Em vez de encarar longos deslocamentos e filas para ser atendido numa agência bancária, muitos brasileiros têm optado por resolver tudo na tela do celular”, observa. Para ele, o papel moeda era o principal motivo para as pessoas irem às agências. “Precisavam de dinheiro para pequenas compras e para ter o troco. Com o Pix, essa necessidade não existe mais”, pontua.
Gutierrez lembra ainda que quem morava no interior tinha conta em um determinado banco porque era o único com uma agência bancária em sua cidade. “Hoje, pelo celular, o cliente acessa um banco completo e pode pagar boleto, contratar um seguro, pedir um empréstimo, fazer investimentos, inclusive internacionais, sem sair de casa”, observa.
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