Todos os anos, turistas paranaenses saem de cidades como Maringá, Londrina e Curitiba em direção às areias do litoral catarinense. A preferência de muitos pelo lado de lá da divisa estadual torna o Paraná o principal fornecedor em potencial de visitantes ao território vizinho no pós-pandemia. Pesquisa realizada em 2020 pela Agência de Desenvolvimento de Turismo de Santa Catarina (Santur) aponta que os paranaenses lideram, com 26%, as intenções de viagem de turistas de outros estados rumo a SC.
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O número ultrapassa as intenções de gaúchos (24%) e paulistas (16%). Em termos percentuais, só não é maior do que a participação dos argentinos (51%) entre os turistas estrangeiros, que são seguidos por uruguaios (15%) e peruanos (14%). Seja pela qualidade das praias, pela estrutura das cidades, pelo mar ou até pelos atrativos turísticos, a participação dos paranaenses na vida dos balneários catarinenses é bastante relevante.
Algumas praias ganham especial atenção, como por exemplo, Itapoá. A cidade é considerada a mais paranaense do litoral de Santa Catarina, por se localizar logo após a divisa entre os estados. Há quem a considere o "último balneário do Paraná". O município, que costuma receber um volume expressivo de turistas paranaenses, tem 32 km de praia totalmente próprios para banho, com uma boa faixa de areia; e fácil acesso para curitibanos, que percorrem 140 km, via BR-101 e Garuva ou pela Vila da Glória, via Joinville.
Ana Patrícia Claudino Bauer, corretora de imóveis e proprietária da Imobiliária Patrícia Claudino, em Itapoá, relata que a maioria dos locatários de temporada é paranaense. Segundo ela, para a próxima, em dezembro, cerca de 80% das reservas realizadas até o momento vem do estado vizinho. Além disso, a corretora tem 50 imóveis disponíveis para locação, e destes, 44 são de proprietários paranaenses, a maioria de Curitiba e região metropolitana, mas também de Pato Branco, Campo Mourão e Maringá.
Segundo Gabriel Godoi, diretor de Turismo de Itapoá, a busca pela cidade se deve aos preços atrativos, a proximidade com o Paraná e algumas características da cidade. Para exemplificar, o diretor compara Itapoá e Guaratuba: “[Itapoá] tem opção de ter praia cheia, mas também tem opção mais família, com trechos mais vazios. Isso pode ser um atrativo", opina. "Por ter 32 quilômetros, tem muitos empreendimentos, diversidades de bares a beira mar”, completa.
O impacto do turismo na economia em Itapoá é significativo, já que é o terceiro setor que mais arrecada na cidade, atrás da construção civil e atividade portuária e, segundo Godoi, os paranaenses contribuem para a atividade econômica do município. “Mesmo que as pessoas tenham casa no município, e não gastem com hospedagem, tem o gasto de manter imóvel, o que aumenta a arrecadação municipal. Isso gera um impacto muito grande economicamente”, afirma. Bauer concorda: "Essas famílias que vêm passar suas férias, movimentam também o comércio local, bares, restaurantes, mercados, lojas, etc”, ressalta.
A presença paranaense não é exclusividade de Itapoá. São Francisco do Sul é outro exemplo dessa relação estreita entre os moradores dos dois estados. Segundo a corretora de imóveis na cidade, Keterin Linke Schier, que trabalha no ramo há 14 anos na região, durante a temporada, 40% dos seus clientes são do Paraná, principalmente de Curitiba, Cascavel e Ponta Grossa. Movimento que, segundo ela, não se restringe ao verão. “Temos vários proprietários de imóveis que moram no Paraná”, afirma. Inclusive defende que a procura poderia ser até maior, se a estrada que dá acesso ao local, a BR-280, fosse duplicada.
Diferente do que foi publicado inicialmente, a pesquisa feita on-line pela Santur, com 1.460 respondentes, entre 24 de agosto e 7 de setembro de 2020, revelou a intenção de viagem no pós-pandemia, e não se tratava de um recorte consolidado de origem e destino.
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