Uma pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) descobriu uma floresta fossilizada com aproximadamente 290 milhões de anos de idade na região de Ortigueira, no centro do Paraná. O achado aconteceu durante pesquisas de campo feitas por Thammy Ellin Mottin, estudante do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR, e foi publicado na revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.
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À Gazeta do Povo, Thammy confirmou que a descoberta foi feita por acaso. Vendo imagens de uma estrada recém-aberta na região de Ortigueira, ela foi até o local acompanhada de um professor orientador do doutorado e de outros pesquisadores norte-americanos, que desenvolvem trabalhos conjuntos com a paranaense.
“A opção por visitar locais com estradas recém-abertas é porque nesses locais quase não há efeitos das intempéries, como a chuva e o vento. Assim, as rochas mantêm as características mais próximas das que tinham quando não haviam sido escavadas ainda”, explicou a pesquisadora.
Descoberta da floresta de fósseis foi feita por acaso
Ao chegar até o local, porém, o que era para ser uma simples visita de observação de rochas se transformou em uma descoberta classificada por Thammy como extraordinária. “Nós fomos lá só para ver esse corte normal, de rochas normais. Só que quando chegamos, vimos que não tinha só rochas. Tinha esse tanto de árvores fossilizadas. Quando estacionamos o carro e abrimos a porta vimos de cara duas gigantes lindas, e todos ficamos em silêncio, quase que em choque. Fomos andando e vimos que havia dezenas dessas árvores tanto na estrada quando na linha do trem”, contou.
E eram realmente várias dezenas. A equipe conseguiu identificar, ao longo do caminho, 164 troncos de licófitas, uma espécie de planta que ainda existe nos dias de hoje, mas em um formato muito diferente do encontrado por Thammy. Atualmente, as licófitas se apresentam na forma de arbustos com algo entre 10 e 15 centímetros de altura. Os exemplares descobertos pela pesquisadora chegavam fácil aos 20 metros de altura.
Condições de preservação dos fósseis chamou a atenção dos pesquisadores
Encontrar fósseis de licófitas não é algo tão raro, em especial no hemisfério norte do planeta. Mas as condições nas quais os troncos de Ortigueira foram preservados é o que mais chamou a atenção da pesquisadora. Segundo ela, as plantas só vieram a morrer depois de terem os troncos cobertos pelos sedimentos, e por isso elas ficaram fossilizadas na vertical.
“O processo normal de morte de uma árvore termina com ela colapsada, tombada na horizontal em relação ao solo. Esse evento que fossilizou as licófitas de Ortigueira foi de tamanha proporção, tão rápido, que elas permaneceram em posição de vida. É provável que essas árvores tenham sido soterradas vivas, e em algum momento o processo de respiração foi interrompido. A parte que estava acima do sedimento acabou caindo após essa morte, e o tronco, que já estava coberto, foi preservado dessa forma”, avaliou.
No tempo dos fósseis havia um oceano banhando boa parte do território que hoje é o Paraná
A idade dos fósseis é uma estimativa feita pelos pesquisadores com base em exemplares similares já localizados em outras regiões do planeta. De acordo com Thammy, uma identificação mais precisa da idade das licófitas só seria possível com o estudo de certos minerais específicos que não são encontrados na região do Paraná.
“Elas podem ter vivido na era do Período Permiano, mais ou menos há 290 milhões de anos. Nessa época ainda havia um grande e único bloco de terra no planeta chamado Pangeia. No hemisfério sul era Gondwana, e no hemisfério norte era o supercontinente Laurásia. Ali na região de Ortigueira antes havia um oceano, e é curioso como isso está diferente hoje. Havia um mar interior que banhava boa parte do território que hoje é o Paraná”, detalhou.
Local da floresta fossilizada precisa ser reconhecido como um sítio arqueológico, diz pesquisadora
Para Thammy, agora é preciso que o local da floresta fossilizada seja, de alguma forma, preservado. A tarefa pode não ser muito fácil, como reconhece a própria pesquisadora. “São caminhões carregados e vagões de trem passando todos os dias por ali, são condições não muito favoráveis”. Mesmo assim, ela defende que haja, por parte das autoridades responsáveis, o reconhecimento do local como um sítio arqueológico.
“São plantas muito antigas, e no estado em que elas se encontram é um achado muito raro. Isso é algo muito importante. Essas rochas, essas plantas fossilizadas, nos mostram os processos de reciclagem pelos quais o planeta passa. E é até de certa forma normal que esse tipo de material acabe se degradando e se perdendo. Por isso, encontrar essa floresta fossilizada em tão boas condições de preservação no hemisfério sul é um achado, posso dizer, único”, concluiu a pesquisadora.
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