Um balanço das exportações paranaenses divulgado nesta semana pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) mostra que produtos ligados ao agronegócio foram os responsáveis por mais uma quebra de recorde na economia do estado. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços utilizados no balanço mostram que nos primeiros sete meses de 2024 o Paraná exportou US$13,6 bilhões.
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A soja, responsável por um a cada quatro dólares negociados pelo Paraná no mercado internacional, totalizou mais de US$ 3,5 bilhões em exportações entre janeiro e julho deste ano. De acordo com o Ipardes, é a maior cifra registrada no período desde o início da série histórica, em 1997, quebrando o recorde anterior que era de US$ 3,3 bilhões nos primeiros sete meses de 2023.
Da mesma forma, a exportação de açúcar bruto alcançou os índices mais relevantes de toda a série. De janeiro a julho de 2024, a comercialização deste produto bateu a casa de US$ 709 milhões. No mesmo período em 2023, este valor chegou a meio bilhão de dólares. O melhor índice havia sido registrado em 2011, quando as exportações de açúcar pelo Paraná se aproximaram de US$ 670 milhões.
Açúcar embarcado em Paranaguá atende demanda africana após quebra na produção na Índia
Parte desta movimentação passa pelo porto de Paranaguá, no litoral paranaense. O terminal é considerado uma das maiores portas de entrada e saída para o agronegócio brasileiro, e vem se consolidando como ponto de partida para destinos cada vez mais variados.
O continente africano, citado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) como a quarta maior região importadora de produtos brasileiros, é um destino cada vez mais frequente das embarcações que saem de Paranaguá. O açúcar embarcado no Paraná vai abastecer os mercados de países como Mauritânia, Tanzânia, Guiné, Iêmen, Egito e Togo.
Em entrevista à Gazeta do Povo, o diretor de Operações Portuárias do porto de Paranaguá, Gabriel Perdonsini Vieira, explicou que este aumento na procura dos africanos pelo açúcar embarcado no Paraná é recente. As comercializações ganharam força entre o fim de 2023 e o início de 2024.
“Paranaguá supriu o mercado de exportação de açúcar, principalmente pela quebra que a Índia teve na sua produtividade. Eles são os maiores produtores mundiais de açúcar, mas tiveram que reter o produto para abastecer o mercado interno. Foi a oportunidade que nós precisávamos para expandir os negócios para a região, e com isso comercializamos açúcar na África, na Indonésia e na própria Índia”, disse Vieira.
Produtos precisam ser embarcados de acordo com a estrutura dos portos de destino
Para atender às necessidades dos portos africanos, que não raro não possuem uma infraestrutura adequada a grandes movimentações do produto a granel, o açúcar embarcado no Paraná vai ensacado ou em contêineres. Como explicou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia da Silva, nos terminais de carga já ocorreram embarques de produtos nos chamados “navios supermercados”.
“Há pouco tempo, em Antonina, nós carregados um desses ‘navios supermercados’ com destino à Venezuela. Como no porto de destino não havia tanta condição de movimentação desta carga, os produtos eram embalados como enormes cestas básicas. Estas embalagens eram colocadas na embarcação e lá na Venezuela eram retirados do navio e levados diretamente para os supermercados, prontos para a comercialização”, comentou.
Pés de galinha de produtores do Paraná são iguaria na culinária asiática
A exportação de carne de frango industrializada atingiu US$ 84,7 milhões, cifra responsável por mais um recorde nas comercializações feitas pelos portos paranaenses. No entendimento da administração dos terminais, esta movimentação é um indicativo de que, além das commodities, os produtos de maior valor agregado da agroindústria paranaense seguem em franca expansão no mercado externo.
Alguns destinos buscam nas exportações paranaenses produtos considerados bem menos nobres pelos consumidores brasileiros, como os pés de galinha. “Na Ásia isso é uma iguaria, e no nosso mercado interno está longe de ser o foco da comercialização. Pode não representar grandes cifras em volume, mas nós exportamos um bom lote de pés de galinha, preparados e beneficiados, para atender estas especificidades de determinados mercados”, explicou o diretor de Operações Portuárias do Porto de Paranaguá.
Terminal de contêineres de Paranaguá é o maior concentrador de linhas marítimas no Brasil
As exportações de óleos e combustíveis totalizaram US$ 247 milhões, valor igualmente recorde entre janeiro e julho de 2024 – o maior valor anterior tinha sido registrado em 2022, com US$ 239 milhões. É um cenário parecido com o das exportações de materiais elétricos, com as exportações de US$ 87 milhões de geradores e transformadores registradas de janeiro a julho de 2024. A cifra é quase três vezes maior do que os US$ 33 milhões do mesmo período do ano passado.
“Somos competitivos da produção de bens primários até a manufatura de mercadorias sofisticadas”, destacou Jorge Callado, diretor-presidente do Ipardes. Para ele, a variedade de produtos que vêm registrando recordes de exportação demonstra sinal da competitividade paranaense no mercado externo.
Para o diretor-presidente da Portos do Paraná, os bons resultados também são consequência da estrutura disponível para o embarque e desembarque de mercadorias nos terminais de exportação de Antonina e Paranaguá. “A variedade de produtos que exportamos é imensa, e isso vai para diversos destinos. Essa variedade de destinos só é possível porque o terminal de contêineres de Paranaguá é o maior concentrador de linhas marítimas do Brasil. São mais de 25 linhas diferentes com serviços diversos que atendem o mundo inteiro, da costa leste dos Estados Unidos e Caribe à Europa, Ásia e África”, apontou Garcia da Silva.
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