Depois de ter dito não ser “analista” das decisões de outros poderes, o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), foi novamente questionado sobre o caso de corrupção envolvendo Ademar Traiano (PSD) nesta quarta-feira (20). Desta vez, o governador não deu declarações sobre o escândalo envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) sob a justificativa de que não é “comentarista político”.
A declaração foi feita durante um evento realizado no Palácio Iguaçu, em Curitiba. Na chegada ao evento, Ratinho Junior reagiu às perguntas feitas pelo repórter Narley Rezende, da RPC TV, dizendo que ele estaria “fazendo teatro”. No fim do evento, ao ser abordado novamente, o governador respondeu brevemente: “não sou comentarista político”.
Provas seguem sob sigilo judicial
Parte das provas da corrupção envolvendo Traiano que vêm sendo mantidas sob sigilo pela Justiça foram reveladas e publicadas pela RPC TV e G1. Nos áudios e vídeos, o deputado aparece combinando o recebimento de propina durante as negociações para renovação do contrato da TV Icaraí com a Alep, em 2015.
O presidente da assembleia formalizou um acordo no qual confessou ter recebido R$ 100 mil pagos pelo empresário Vicente Malucelli. Outros R$100 mil foram pagos ao então deputado Plauto Miró. Nos termos acordados entre os parlamentares e o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e posteriormente homologado pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR), Miró e Traiano não seriam processados criminalmente pelo crime de corrupção passiva.
Para o PSD, presidido por Ratinho Junior no Paraná, Traiano não deve ser punido
Para o PSD, partido presidido no Paraná pelo governador Ratinho Junior, Ademar Traiano não deve ser punido, por enquanto, por ter admitido o pedido de propina. A justificativa da legenda se baseia no fato de que ao confessar o crime, Traiano se livrou de quaisquer processos criminais sobre a corrupção na renovação do contrato da TV Icaraí.
Apesar de o Estatuto do PSD prever, em seu artigo 78, uma série de punições disciplinares a correligionários que tenham cometido infrações ou irregularidades ao ocupar cargos eletivos ou nomeações políticas, a sigla reforçou, em nota, que “não houve condenação do filiado no caso citado, portanto, não há qualquer infração que motive a abertura de procedimento disciplinar interno pelo partido”.
"Assunto está encerrado"
Para as defesas de Ademar Traiano e Plauto Miró, o caso como encerrado. “O deputado reafirma que formalizou um acordo junto ao Ministério Público, o qual foi homologado pelo Poder Judiciário e plenamente cumprido por sua parte. Conforme a legislação em vigor, o assunto está encerrado”, destaca a nota emitida pelas assessorias de ambos.
Para o Ministério Público do Paraná, a homologação do acordo com os deputados Ademar Traiano e Plauto Miró e seu cumprimento “encerram o caso no que toca ao seu teor”. O MP-PR reforçou que os áudios e vídeos estão em segredo de Justiça “por determinação legal e ordem judicial”, e que a celebração dos acordos “guarda completa sintonia com o previsto no ordenamento jurídico”.
O Tribunal de Justiça do Paraná disse, em nota, que não se pronuncia sobre julgamentos e confirmou as provas exibidas pela RPC TV e pelo G1 como ainda sigilosas.
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