Não é pra já, mas o preço da carne para os consumidores paranaenses deverá sofrer nova pressão de alta devido ao status sanitário que o estado conquistou na semana passada ao ser reconhecido como área livre de febre aftosa pela Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), em Paris. A nova condição sanitária permite aos exportadores paranaenses acessarem o mercado mundial sem restrição, o que deve, no médio e longo prazo, aumentar as exportações, valorizando os produtos e podendo torná-los mais caros para os consumidores no mercado interno.
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“Por enquanto não haverá impacto no preço médio”, diz o economista Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado, consultoria em agronegócio. Segundo ele, sem dúvida, o reconhecimento internacional vai agregar valor no médio e longo prazo, mas não resultará em aumento das exportações de forma tão rápida. “Isso acontecerá mais lentamente, vamos ver os efeitos a partir do ano que vem”, diz.
De acordo com informações do mercado, o impacto maior e mais rápido deve acontecer na carne suína, segmento em que o Paraná é forte e tem condições de competir com outros exportadores. O estado é o segundo produtor nacional e o terceiro exportador de carne suína.
“A carne bovina ainda não tem volumes expressivos de produção e exportação e, por ser de ciclo mais longo, demorará mais para atingir escala”, diz o consultor de Safras & Mercado. No frango, o Paraná é líder tanto na produção nacional quanto na exportação, porém as aves não são acometidas pela febre aftosa (que atinge bovinos e suínos) e o segmento não sofreu restrição por conta da questão sanitária.
Consumidor brasileiro já está pagando preços altos pela carne
Outro fator que deve ser levado em conta quando se fala em preços das carnes, segundo o economista, é a situação atual do Brasil. “O consumidor brasileiro já está com o seu poder de compra comprometido e não tem mais capacidade de absorver aumentos, especialmente da carne bovina, cujo preço está proibitivo”, observa Iglesias.
Outro analista de mercado, Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, concorda. “As carnes já subiram muito nos últimos anos. Se a exportação cresce, há espaço para ter uma leve pressão no mercado doméstico, mas já tivemos isso por conta do dólar alto e, no caso da carne bovina, estamos com patamares históricos”, observa.
Ele afirma que também não há perspectiva de queda no preço da carne de boi no mercado interno. “É um produto nobre, voltado à exportação. O Brasil é o maior exportador de carne bovina, as exportações cresceram nos últimos anos e é isso que tem elevado os preços”, pontua Brandalizze.
O agravante, segundo o analista, é que agora começa o inverno, não há pasto e os animais são alimentados com ração, composta de milho e soja, que estão com preços muito elevados, o que pesa sobre o custo de produção e impede a redução do preço no atacado e varejo.
Frango continua a opção mais barata
Por ser três vezes mais barato que a carne de boi, o frango se consolida como a principal opção de proteína animal do brasileiro. “A carne suína deve ter o consumo elevado nos meses de inverno, o que já é típico”, diz o analista da Safras & Mercado. “É um produto mais sazonal, com elevação de consumo nos meses mais frios e em datas festivas, especialmente no fim de ano”, observa Iglesias.
De acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura, a arroba do boi gordo subiu 53% nos últimos 12 meses. Segundo acompanhamento da Safras & Mercado, o preço do frango teve um aumento ao longo do ano, por conta da lenta recuperação da atividade econômica, passando de R$ 5,75 o quilo congelado no atacado nos primeiros dias de 2021 para R$ 6,60 no final de maio.
O quilo da carcaça suína, que começou o ano a R$ 11,30 baixou para R$ 8,50 no fim de maio. "A alta dos preços do suíno havia acontecido por causa da reabertura da economia, porém a recuperação da demanda foi mais lenta que o esperado, os estoques aumentaram e os preços caíram”, analisa o consultor Fernando Iglesias.
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