Quando ainda candidato ao Palácio Iguaçu, o governador Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD) colocou entre suas principais preocupações a economia. Prometia um estado "tão bom no frango quanto no nugget", várias medidas de desburocratização do processo econômico e, entre outras ações, projetava alavancar o turismo. Esta alavancagem, no entanto, sofreu forte impacto da pandemia e do apelo sanitário "fique em casa". Na retomada, o caminho a percorrer ainda é longo, visto que apenas três municípios paranaenses - Foz do Iguaçu, Curitiba e Londrina (veja mais abaixo) - são atualmente enquadrados como destinos de categoria A.
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Em junho de 2019, já no cargo, Ratinho Jr. afirmou que investiria de forma planejada no setor, com foco em infraestrutura e comunicação, apostando na qualificação das regiões turísticas e atuando ao lado da iniciativa privada, para atrair mais visitantes ao Paraná. Desde o início da atual gestão, a Invest Paraná, agência estadual de atração de investimentos, diz ter prospectado mais de R$ 80 bilhões em novos negócios. A primeira grande aposta do governo foi a brusca mudança na TV estatal. A então TV Paraná Educativa virou TV Paraná Turismo, dedicando sua programação inteiramente a vender os atrativos do estado.
“É o nosso compromisso com o setor do turismo, que o Paraná sempre trabalhou de forma muito tímida. O país todo terá a oportunidade de nos conhecer”, disse à época o governador. Esse compromisso vinha ainda da campanha. E a estratégia de apostar na comunicação também. A proposta presente no plano de governo consistia em promover a imagem do estado como um destino de turismo em âmbito regional, nacional e internacional. “O estado não faz turismo, portanto nosso papel é divulgar essas iniciativas”, corrobora a diretora técnica da autarquia Paraná Turismo, Isabella Tioqueta.
Na opinião da turismóloga e mestre em políticas públicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Juliana Ferreira da Silva, a iniciativa é considerada positiva, já que inclui outros órgãos, como a Secretaria da Comunicação Social e da Cultura (SECC), na tarefa de incentivar o turismo, o que ajuda a desenvolver a atividade. “Isso demonstra que há interesse pelo turismo e abre uma janela para que outras parcerias surjam”, diz. Para Silva, destinar esforços a conteúdos voltados ao segmento também estimula o turismo regional, o que possibilita uma saída para a retomada do setor, sobretudo na pandemia, período em que o segmento foi mais afetado.
O caos trazido pela emergência sanitária causada pelo coronavírus, que forçou a paralisação de praticamente todas as atividades, bateu forte principalmente no turismo. Viagens canceladas, atrativos fechados, aeroportos à míngua e pessoas orientadas a ficar em casa por um longo período criaram um cenário mais desafiador.
Isabella Tioqueta avalia que o baque foi grande, uma vez que o setor vinha apresentando crescimento, com pontos turísticos batendo recordes de visitação. Havia ainda expectativa em relação às parcerias público-privadas no setor, iniciadas com a concessão do Parque Estadual de Vila Velha, e com os investimentos em infraestrutura, como as obras e o leilão dos aeroportos de Curitiba, Londrina e Foz do Iguaçu.
Com a Covid-19, contudo, foi preciso mudar a chave, concentrando energias na retomada. Para tentar minimizar o impacto da pandemia e acelerar a recuperação, por exemplo, foi criado o Paraná Pay, uma versão do programa Nota Paraná que rende créditos para serem utilizados exclusivamente em estabelecimentos turísticos.
Caminho de fortalecer o turismo no PR ainda é longo
Para Juliana Ferreira da Silva, da UFPR, o Paraná tem trilhado um caminho adequado para transformar o turismo em matriz econômica. A distância, a ser percorrida, porém, ainda é longa - especialmente em uma visão macro, envolvendo todo o estado. Quem aponta isso são os números. Segundo dados do Mapa do Turismo, do Ministério do Turismo, entre 2019 e 2021, o Paraná teve apenas três municípios na categoria A, que representa as cidades com maior fluxo turístico, número de estabelecimentos, empregos e arrecadação de impostos federais no setor de hospedagem. São Foz do Iguaçu, com R$ 96 milhões em arrecadação; Curitiba, com aproximadamente R$ 73 milhões; e Londrina, com cerca de R$ 13 milhões. A maior parte das cidades está na categoria D, com números pouco relevantes para o setor.
Quadro que pode mudar com gestão e potencial turístico, que o estado tem, especialmente em relação às belezas naturais da região. “A gente tem uma boa estrutura de gestão e planejamento, temos órgão oficial de turismo que é a Paraná Turismo, vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo (Sedest), o Conselho Estadual de Turismo que também é atuante, além de instrumentos de gestão e uma política estadual de turismo; o plano Paraná Turístico que estabelece medidas para melhorar o turismo até 2026, segmentos sendo explorados. Portanto, o turismo tem boa base para gestão e muito potencial de desenvolvimento. Mas tem ainda realmente um caminho a ser trilhado”, diz.
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