Dados da consultoria Bright Consulting, especializada no setor automotivo, mostram que 35% dos carros elétricos importados em circulação no Brasil vieram da China em dezembro de 2023. O índice aponta um crescimento acelerado quando comparado com os 8% registrados em 2022 e os quase insignificantes 0,4% em 2021.
O país segue uma tendência que vem sendo registrada em outros lugares do mundo. Na Europa, em meados de 2023, a importação de elétricos de origem chinesa saltou 63% em julho e 31% em agosto. Os baixos preços em relação à produção local de alguns países explicam essa invasão chinesa. Segundo a consultoria Jato Dynamics, um elétrico chinês custa, em média, 29% menos do que os modelos não chineses na Alemanha. A diferença é ainda maior na França (32%) e no Reino Unido (38%).
A preocupação com esse cenário fez com que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciasse a abertura de uma investigação sobre os possíveis benefícios estatais que o governo chinês pode estar oferecendo às montadoras. O levantamento deve ser concluído em outubro de 2024 e, se forem identificadas práticas desleais, esses produtos podem sofrer uma tarifação acima da aplicada atualmente pelo bloco, de 10%.
"Os mercados globais estão agora inundados com carros elétricos mais baratos. E seu preço é mantido artificialmente baixo por enormes subsídios estatais. A Europa está aberta à concorrência, não a uma corrida para o fundo do poço", disse von der Leyen, em discurso ao parlamento europeu.
Caminhões elétricos circulando no Brasil fazem parte da estratégia global da Volvo em redução de emissões de carbono
No mercado brasileiro de caminhões e veículos pesados, a presença dos elétricos ainda está em fase inicial. Mas é da China o primeiro modelo pesado com capacidade de carga de 49 toneladas à venda no país. Ele tem 482 cv de potência e uma autonomia de 150 quilômetros – com a possibilidade de troca rápida do pacote de baterias, o que segundo o fabricante mantém o veículo rodando por mais tempo sem a necessidade de aguardar pela recarga.
A Volvo, marca líder no mercado brasileiro de transporte de cargas, está passando por um ciclo recorde de investimentos de aproximadamente R$ 1,5 bilhão. No evento de divulgação do balanço de 2023 da montadora*, Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina, confirmou que parte destes investimentos estão sendo direcionados para a pesquisa e o desenvolvimento de caminhões eletrificados para o mercado nacional.
"Nós trabalhamos com três pilares. O primeiro deles é a busca por uma maior eficiência nos motores de combustão interna, como o que fizemos na migração para o modelo Euro6 e seus combustíveis alternativos, como o gás. O segundo se refere aos veículos movidos a células de hidrogênio. E o terceiro são os veículos eletrificados à bateria", explicou à Gazeta do Povo.
A estratégia, detalhou o presidente, faz parte dos planos globais da Volvo de chegar a 2050 sem emissões de CO2 na frota produzida pela marca. Para a América Latina, as etapas previstas são reduções escalonadas de 10% nas emissões até 2025, de 50% até 2030 e de 100% até 2040. "Uma década depois nós devemos atingir nosso objetivo de Net Zero, com as emissões de carbono zeradas em nossos veículos", completou.
Primeiro modelo elétrico da linha FH pode ser lançado pela Volvo no Brasil durante a Fenatran
Uma das novidades da Volvo esperadas para a 24ª edição do Salão Internacional do Transporte de Cargas (Fenatran), a ser realizada em São Paulo entre os dias 4 e 8 de novembro, é o lançamento nacional da linha eletrificada dos caminhões FH. De acordo com Lirmann, o modelo movido a bateria foi escolhido pela imprensa especializada como o caminhão do ano na Europa.
"No mercado europeu, que é o mais avançado na eletromobilidade, nós somos os líderes. Somente em 2023 tivemos um market share de 49%, muito por conta do FH elétrico. Na América Latina estamos avançando com os primeiros negócios com caminhões elétricos no Uruguai, no Chile e aqui no Brasil, onde as primeiras unidades devem começar a rodar ainda em 2024", comentou.
Combustíveis alternativos devem seguir em alta durante transição para modelos eletrificados
Para Ronaldo Baptistella, consultor convidado da Bright Consulting, o aumento do leque de opções de eletrificados na indústria do transporte é sinal de que o setor está avançando com soluções alternativas aos combustíveis fósseis. O especialista avalia, porém, que as longas distâncias, a malha rodoviária e a infraestrutura de distribuição de energia elétrica no Brasil são entraves que precisam ser resolvidos para que os elétricos passem a fazer parte de uma fatia relevante no transporte de cargas.
"As soluções alternativas, como o gás natural, estarão ligadas às rotas possíveis, enquando os combustíveis fósseis ainda deverão estar presentes na maioria dos transportes. Isso requer ações objetivas, com prazo determinado de renovação da frota circulante, reduzindo assim a emissão de poluentes pela diminuição da idade média, em paralelo ao desenvolvimento e à aplicação de novas tecnologias", comentou.
Volvo acompanha movimentação chinesa no mercado de veículos elétricos
André Marques, presidente da Volvo Buses para a América Latina, disse que acompanha de perto a movimentação das marcas chinesas de veículos elétricos no Brasil. Ele garante que a experiência da marca sueca deve ajudar a Volvo a enfrentar o desafio da concorrência chinesa também no setor de pesados e de transporte de pessoas.
"É um mercado que nós olhamos com muito respeito. Cada um traz sua tecnologia, suas soluções. Mas, mesmo com todo esse respeito, nós confiamos muito na nossa experiência como Grupo Volvo. É um grupo empresarial de quase 100 anos e que aprendeu algo ao longo desta história. A nossa capacidade não se concentra na produção, mas na nossa rede estruturada de concessionárias", disse à Gazeta do Povo.
O entendimento é similar ao de Alcides Cavalcanti, diretor executivo da Volvo Caminhões. Segundo ele, mais do que preços baixos, o mercado de transporte de cargas precisa contar com agilidade no atendimento de manutenções não programadas e de reposição de peças.
"O transportador não pode ficar parado esperando uma peça que não chega da China. Se ficar parada por falta de atendimento, uma carga agrícola de um graneleiro que gere uma receita mensal de R$ 100 mil por mês dá um prejuízo de R$ 20 mil. Se forem duas semanas, o prejuízo é de R$ 40 mil. E isso pode ser provocado por uma peça que custa R$ 1,5 mil. Nós vemos casos de veículos que ficam parados por dois, três meses. O frotista tem como diluir esse prejuízo, mas o autônomo corre o risco de não suportar", complementou.
*O repórter viajou a São Paulo a convite da Volvo.
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