Políticos da direita brasileira criticaram a vitória da esquerda nas eleições legislativas da França neste final de semana, que reverteu o desempenho dos conservadores há apenas uma semana. O Reunião Nacional (RN), da líder Marine Le Pen saiu derrotado após partidos de centro e da esquerda formarem uma aliança para segurar o avanço da direita no país.
Uma das principais vozes da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) classificou a vitória esquerdista como uma “lição pedagógica” para o Brasil e o mundo, afirmando que é um “alerta” para a direita.
“Para aqueles da Direita brasileira que entendem que ela é o começo, o meio e o fim, fica o alerta da França: a democracia não possui um único caminho quando o extremismo se apresenta como a direção inevitável”, disse em uma longa publicação nas redes sociais (veja na íntegra).
Por outro lado, o presidente nacional do partido Novo, Eduardo Ribeiro, afirmou que o líder esquerdista francês, Jean-Luc Mélenchon, “é tipo o Boulos da França”, em referência ao deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e pré-candidato à prefeitura de São Paulo.
Ribeiro pontuou que “o preço que os franceses vão pagar com o tal ‘cordão sanitário’ será ter Jean-Luc Mélenchon liderando o maior bloco no Parlamento”. A fala foi em referência à aliança dos partidos de centro e de esquerda que tirou da disputa mais de 200 candidatos moderados em favor de concorrentes mais competitivos contra Marine Le Pen.
Ciro Nogueira afirmou que as recentes eleições na França trazem uma lição crucial para o mundo, especialmente para o Brasil. Para ele, os extremos, tanto na direita como na esquerda, tendem a desqualificar aqueles que divergem, mesmo que compartilhem pontos centrais em suas agendas.
“No Brasil não é diferente. Os setores mais vigorosos da direita ainda imaginam que podem, sozinhos, ser referendados pela vontade popular. Mas o povo brasileiro não é de extremismos”, pontuou.
Para ele não há “nada contra que cada corrente professe suas preferências e posturas”, ressaltando que, apesar das convicções individuais, construir uma maioria exige mais do que simples crenças firmes.
“Exige a capacidade de congregar em torno de um projeto nacional, de uma nação que não possui um pensamento único, mas múltiplo, um projeto maior do que o de qualquer corrente”, completou.
Nogueira alerta que a falta de união pode levar a uma rejeição polarizadora, transformando o extremismo em uma ameaça maior do que a oposição unificada a ele. Ele ainda destacou que, para os conservadores que veem a Direita como a única resposta, o exemplo da França serve como um aviso claro: a democracia oferece múltiplos caminhos, especialmente quando o extremismo parece a rota inevitável.
“A esquerda também deve aprender com o dia de hoje. Ganhou, mas não é majoritária também. Foi a vitória da derrota. Ou a derrota da vitória. Quando os extremos se enfrentam, a fragmentação triunfa e as diferenças sobressaem. Como deve ser”, completou.
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