Em pouco menos de seis meses, o governo do presidente Jair Bolsonaro já demitiu três ministros e 30 funcionários do alto escalão. Somente nos últimos dias, o "tiro ao alvo" já abateu um ministro (Santos Cruz, ex-titular da Secretaria de Governo) e dois nomes do alto escalão – os agora ex-presidentes do BNDES Joaquim Levy e dos Correios Juarez de Paula Cunha.
A demissão nos Correios inclusive obrigou Bolsonaro a promover uma dança das cadeiras no primeiro escalão: o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Floriano Peixoto, foi nomeado presidente da estatal. Para a Secretaria-Geral, Bolsonaro escolheu o advogado e policial militar da reserva Jorge Antonio de Oliveira Francisco – que não tinha cargo no Planalto.
Parte das demissões têm tido em comum um procedimento de “fritura” dos envolvidos, com ameaças públicas de demissão.
A disputa de olavistas – os seguidores do ideólogo Olavo de Carvalho – versus militares também pesa na decisão de quem vai para rua. O Ministério da Educação é de longe o mais afetado por essa queda de braço. Além de Ricardo Vélez Rodríguez, ex- ministro, já foram descartados dois presidentes do Inep (órgão responsável pelo Enem), dois secretários-executivos e 13 funcionários da pasta – entre eles chefes de gabinete, assessores e secretários de setores diversos. O general Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, foi outro atingido pelas disputas envolvendo olavistas e não olavistas.
Os demitidos do primeiro escalão
General Carlos Alberto dos Santos Cruz - ministro da Secretaria de Governo
- Demissão: 13 de junho
- Motivo: Santos Cruz foi alvo da ala ideológica do governo e recebeu inúmeras críticas de Olavo de Carvalho, considerado o guru do bolsonarismo. Acabou demitido por “falta de alinhamento político-ideológico”. Também pesaram contra ele os problemas de articulação do Planalto com o Congresso, já que Santos Cruz era um dos responsáveis por essa função.
Ricardo Vélez Rodríguez - ministro da Educação
- Demissão: 8 abril
- Motivo: no comando do MEC, Vélez gerou polêmica e críticas com suas decisões. Determinou, por exemplo, que alunos fossem filmados cantando o hino e que houvesse uma revisão do conteúdo dos livros de didáticos sobre o golpe militar de 1964.
Gustavo Bebianno - ministro da Secretaria-Geral da Presidência
- Demissão: 18 fevereiro
- Motivo: Bebianno era o responsável financeiro do PSL durante as eleições, com as denúncias de supostas irregularidades sua imagem ficou desgastada. A posição no governo ficou insustentável quando ele foi chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro, filho do presidente, e divulgou áudios de conversas com o presidente.
Os demitidos do segundo escalão
MINISTÉRIO DA ECONOMIA
Joaquim Levy - presidente do BNDES
- Demissão: 16 de junho
- Motivo: Bolsonaro nunca aceitou totalmente o agora ex-presidente do BNDES, pois Levy tinha passagem por governos petistas. Em conversa com jornalistas, em 15 de junho o presidente ameaçou demitir Levy, que entregou o cargo no dia seguinte.
Marcos Barbosa Pinto - diretor do BNDES
- Demissão: 15 de junho
- Motivo: O pedido de demissão de Marcos Barbosa Pinto foi o estopim para a saída de Joaquim Levy. Bolsonaro exigiu, em 15 de junho, que Levy demitisse Barbosa, ou seria ele o demitido. O ex-diretor apresentou a carta de renúncia no mesmo dia.
Juarez de Paula Cunha - presidente dos Correios
Demissão: 19 de junho (anúncio)
Motivo: Cunha esteve em uma audiência pública na Câmara dos Deputados e o presidente considerou a participação como “comportamento de sindicalista”. Bolsonaro anunciou a intenção de demitir Cunha em um café da manhã com jornalistas em 14 de junho. A demissão foi efetivada poucos dias depois.
MINISTÉRIO DA MULHER, DA FAMÍLIA E DOS DIREITOS HUMANOS
Franklimberg de Freitas - presidente da Funai
- Demissão: 12 de junho
- Motivo: O general Franklimberg de Freitas foi demitido por pressão da bancada ruralista e virou alvo de Luiz Antonio Nabhan Garcia, secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura.
CASA CIVIL
Carlos Manato - Secretaria Especial para a Câmara da Casa Civil
- Demissão: 10 de junho
- Motivo: O ex-deputado Carlos Manato (PSL-ES) foi demitido por não conseguir melhorar a articulação política.
MINISTÉRIO DO TURISMO
Paulo Roberto Senise - Presidente da Embratur
- Demissão: 21 de maio
- Motivo: Bolsonaro mudou de ideia e anulou a nomeação de Senise, que passou apenas dez dias no cargo.
MINISTÉRIO DA CIDADANIA
Marco Aurélio Vieira - Secretaria de Esporte
- Demissão: 18 de abril
- Motivo: Teve um desentendimento com o ministro da Cidadania, Osmar Terra, por não concordar com a nomeação de políticos para cargos na pasta.
SECRETARIA DE GOVERNO
Floriano Barbosa de Amorim Neto - Secretaria de Comunicação
- Demissão: 10 de abril
- Motivo: O motivo da substituição teria sido o baixo desempenho de Barbosa na função.
MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES
Mario Vilalva - presidente da Apex
- Demissão: 9 de abril
- Motivo: Vilalva se desentendeu com outros diretores da agência e deu declarações contra o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
Alex Carreiro - presidente da Apex
- Demissão: 9 de janeiro
- Motivo: o ministro Ernesto Araújo não concordou com as substituições e mudanças feitas por Carreiro na Apex. Ele ficou apenas sete dias no cargo, foi demitido pelo Twitter.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Suely Araújo - presidente do Ibama
- Demissão: 7 de janeiro
- Motivo: Suely Araújo pediu exoneração do cargo após o presidente Bolsonaro e o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sugerirem, por meio do Twitter, que havia irregularidades num contrato de locação de automóveis assinado por ela em dezembro. Ela nega qualquer problema com o contrato.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Ricardo Machado Vieira - secretário-executivo do Ministério da Educação
- Demissão 18 de abril
- Motivo: não resistiu à troca de comando da pasta. Quando Abraham Weintraub assumiu como ministro no lugar de Ricardo Vélez Rodríguez, Vieira foi exonerado.
Luiz Antonio Tozi - secretário-executivo do Ministério da Educação
- Demissão: 12 de março
- Motivo: com perfil técnico, Tozi era um desafeto do ideólogo Olavo de Carvalho.
Elmer Vicenzi - presidente do Inep
- Demissão: 16 de maio
- Motivo: Vicenzi se desentendeu com o procurador-chefe da pasta e com o o delegado Marcus Vinicius Rodrigues, ex-presidente do Inep.
Marcus Vinicius Rodrigues - presidente do Inep
- Demissão: 26 de março
- Motivo: Rodrigues defendeu a revisão de questões do Enem e criticou o que considera ideologias inadequadas nas escolas. Também defendeu o golpe militar de 1964.
Outras exonerações no MEC
- Marcos Faria - Secretaria de Regulação e Supervisão da educação Superior
- Bernardo Goytacazes - Secretaria de Modalidades Educacionais
- Alexandro Ferreira de Souza - Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
- Mauro Rabelo - Secretário de Ensino Superior
- Rubens Barreto - Adjunto da Secretaria Executiva
- Tiago Tondinelli - chefe de gabinete do ministro da Educação;
- Eduardo Miranda Freire de Melo - secretário-executivo adjunto da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação
- Ricardo Wagner Roquetti - diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação
- Claudio Titericz - diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação
- Silvio Grimaldo de Camargo - assessor especial do ministro da Educação
- Tiago Levi Diniz Lima - diretor de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco
- Josie Priscila Pereira - chefe de gabinete do ministro da Educação
- Bruno Meirelles Garschagen - assessor especial do ministro da Educação
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