O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta terça-feira (19) que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não pode ser responsabilizado pelo suposto plano golpista investigado pela Polícia Federal. O parlamentar classificou como “cortina de fumaça” a Operação Contragolpe, que prendeu quatro militares e um policial federal.
Em entrevista ao jornal O Globo, Flávio destacou que os militares citados na investigação eram de “segundo ou terceiro escalão”. No relatório que embasou a operação, a PF vinculou o ex-presidente à suposta trama golpista. Para o senador, trata-se de uma “cortina de fumaça” para desgastar a imagem de seu pai.
“Mais uma vez ele não tem nenhuma responsabilidade direta ou indiretamente. Eram agentes de segundo ou terceiro escalão. Você não pode responsabilizar uma pessoa pelos atos de outra. Se é que é verdade, obviamente que ninguém sabia. Parece muito mais narrativa, para mais uma vez tentar envolver Bolsonaro”, disse Flávio ao Globo.
Mais cedo, o senador minimizou o suposto plano para assassinar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido”, disse o parlamentar no X.
“Vontade de matar alguém todo mundo já teve”, diz Flávio
Flávio afirmou ainda que "vontade de matar alguém todo mundo já teve". A declaração ocorreu durante uma audiência na Comissão de Segurança do Senado sobre a situação dos presos do 8 de janeiro de 2023.
“Essa situação de hoje não era nem para ter inquérito aberto. Vontade de matar alguém todo mundo alguma vez na vida já teve. Por mais que seja abominável esse sentimento, isso não é crime”, disse. Ele defendeu o impeachment de Moraes e disse que o ministro “age por vingança, toma decisões com o fígado e machuca pessoas com a caneta mais do que um marginal machuca pessoas com um fuzil na rua”.
Eduardo Bolsonaro defende aprovação do PL da anistia
O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) classificou a operação da PF como uma nova “narrativa” do “sistema” para prender pessoas. Nas redes sociais, ele defendeu a aprovação do projeto que concede anistia aos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023.
“Como ficou muito ridículo prender politicamente senhorinhas e mães de famílias desarmadas, o sistema tenta agora reforçar suas narrativas ao prender pessoas hoje alegando ‘plano para matar’ autoridades”, disse o deputado.
“Esqueça o jurídico que já não há neste país - atos preparatórios não são puníveis e não há nos fatos qualquer início de execução, se é que há algum plano criminoso”, acrescentou. Eduardo disse ainda que polarização seguirá “enquanto insistirem nesta perseguição”, por isso, segundo ele, é necessário aprovar o PL da anistia com “urgência”.
Operação Contragolpe
A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira (19), cinco pessoas por supostamente planejarem um golpe de Estado após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022.
Entre os presos estão quatro militares vinculados às Forças Especiais do Exército, os chamados "kids pretos" e um policial federal, que atuou na segurança de Lula durante o período de transição do governo:
- Hélio Ferreira Lima: tenente-coronel do Exército;
- Mário Fernandes: general da reserva, atuou como ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República no governo Bolsonaro, também foi assessor do deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ);
- Rafael Martins de Oliveira: major;
- Rodrigo Bezerra de Azevedo: major;
- Wladimir Matos Soares: policial federal.
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