O ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores, abriu a primeira reunião do G20 no Rio de Janeiro, nesta quarta (21), criticando a Organização das Nações Unidas (ONU) por não encontrar uma solução para os conflitos geopolíticos em andamento no mundo e os gastos militares muito superiores aos recursos destinados para o combate à fome, mudanças climáticas e meio ambiente.
Participam desta primeira reunião nesta quarta (21) e quinta (22) os ministros de Estado das relações exteriores dos países membros do G20 e de nações convidadas. Mauro Vieira propôs aos seus homólogos discutir primeiro os conflitos em andamento no mundo e a criação de uma nova governança global.
As reuniões desta semana são as primeiras de uma série de encontros até a cúpula de novembro durante a presidência rotativa do país no bloco, que vai centrar as discussões em três pilares de trabalho envolvendo combate à fome e à pobreza, desenvolvimento sustentável e reforma da governança global.
Este último item, em específico, esteve presente nos seguidos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas viagens que fez ao longo de 2023 a outros países.
Sem citar a recente crise diplomática entre o Brasil e Israel por conta da declaração de Lula ao comparar a reação israelense aos ataques do Hamas com o Holocausto nazista, Mauro Vieira afirmou que o país está “profundamente preocupado” com os conflitos que vêm acontecendo no mundo e que está pronto para contribuir com ideias e propostas a essas tensões internacionais.
“O Brasil incentiva de modo enfático que todos os membros do G20 mudem o foco do debate para a busca de respostas concretas centradas no que temos em comum e que adotem medidas para a construção de confiança. Falamos destes temas por experiência e vivência própria, não por idealismo”, disse Vieira no discurso inicial ressaltando que o Brasil “não aceita um mundo que resolve diferenças pela força”.
Ainda de acordo com ele, o mundo bateu um recorde de cerca de 170 conflitos em andamento, sendo os envolvendo Ucrânia e Palestina – sem nominar Rússia e Israel, respectivamente – os dois principais neste momento. Mauro Vieira afirmou que o mundo conhece as posições do Brasil sobre estes conflitos que já foram expressas anteriormente em outros fóruns.
Entre elas a afirmação de que há uma “inação” da ONU e do Conselho de Segurança, que rejeitou a resolução brasileira para o conflito no ano passado. Vieira propôs que os demais ministros de Estado discutam formas de encontrar um novo caminho para a governança do mundo baseada em multilateralismo tendo a reforma da ONU como ponto central.
Mauro Vieira apontou que o mundo precisa lidar com outras questões mais urgentes do que os atuais conflitos em andamento, como o desenvolvimento, fome, pobreza, desigualdade, mudanças climáticas e meio ambiente.
“Essas são as guerras que devemos travar em 2024. Em todos esses esforços, é de fundamental importância termos um sistema multilateral moderno, eficaz e eficiente, guiado por normas e princípios rigorosamente seguidos por todos os países com as Nações Unidas em seu centro”, apontou reforçando a necessidade de reformulação da governança global.
Entre as críticas sobre estas questões, Mauro Vieira ressaltou que os gastos militares atingiram a marca de US$ 2 trilhões, enquanto que os recursos para combater a fome não chegam a US$ 60 bilhões e os países não conseguem sequer alcançar os US$ 100 bilhões prometidos no Acordo de Paris para as mudanças climáticas.
O ministro brasileiro ainda ressaltou que há uma clara divisão no mundo entre os países que se unem para conflitos, citando a união do Norte em uma aliança militar sem nominar a Otan, enquanto que o Sul “é coberto por diversas camadas e zonas de paz e cooperação”, elencando organismos multilaterais da América Latina e África.
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