O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (10) o Carrefour depois que a professora Isabel Oliveira disse ter sido vítima de racismo em uma das unidades do grupo em Curitiba. Lula ressaltou que a direção da rede deve ser avisada de que o governo “não vai admitir racismo”.
“O Carrefour cometeu mais um crime de racismo. Mais um crime. Um fiscal do Carrefour acompanhou uma moça negra, que ia fazer compra, achando que ela ia roubar, ela teve que ficar só de calcinha e sutiã para provar que ela não ia roubar. É a segunda vez que o Carrefour faz esse tipo de coisa", afirmou o mandatário durante a reunião ministerial para comemorar os 100 dias de governo.
"Então, a gente tem que dizer para a direção do Carrefour, se quiserem fazer isso no seu país de origem, que façam, mas neste país a gente não vai admitir o racismo", completou. A sede do Carrefour fica na França. Na semana passada, a professora Isabel Oliveira disse ter sido perseguida por seguranças no Atacadão, supermercado que pertence ao grupo Carrefour. Em forma de protesto, a professora andou pela unidade somente com roupas íntimas.
Em nota, o Atacadão afirmou que “não identificou indícios de abordagem indevida”. “Desde as primeiras manifestações da cliente no local, a supervisão e a gerência da loja se colocaram à disposição para ouvi-la e oferecer o devido acolhimento. Lamentamos que a cliente tenha se sentido da maneira relatada, o que, evidentemente, vai totalmente contra nossos objetivos. A empresa possui uma política de tolerância zero contra qualquer tipo de comportamento discriminatório ou abordagem inadequada”, diz um trecho do comunicado.
A unidade disse ainda que realiza treinamentos com funcionários e possui um canal de denúncias. “Ressaltamos, ainda, que nosso modelo de prevenção tem como foco o acolhimento aos clientes, com diretrizes de inclusão e respeito que também são repassadas aos nossos colaboradores por meio de treinamentos intensos e frequentes”, disse o supermercado.
Em novembro de 2020, um homem negro foi espancado e morto por dois seguranças brancos de uma unidade do Carrefour, em Porto Alegre (RS). O grupo foi condenado por danos morais coletivos pela morte de João Alberto Silveira de Freitas. A rede foi sentenciada a pagar R$ 68 milhões em mais de 800 bolsas de estudo destinadas a pessoas negras em instituições de ensino superior.