O Podemos vai discutir internamente se apoiará ou não a abertura de um processo de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro. Existe na legenda a expectativa de que uma reunião ocorra o quanto antes. Na Câmara e no Senado, a repercussão da fala de Bolsonaro na Avenida Paulista foi negativa.
"Bolsonaro, em discurso na Avenida Paulista, avisa que não respeitará mais decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). É a pregação da anarquia!", criticou o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), líder do partido no Senado, em publicação no Twitter. Bolsonaro sinalizou que descumprirá decisões do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
O discurso de Dias é endossado pelo deputado federal José Nelto (Podemos-GO), vice-líder da legenda na Câmara. "O partido tem que discutir, como todos os outros, e vai", afirmou. A data da reunião interna ainda será definida. "Começa com um processo de discussão. Não estava na 'mesa', mas, a partir de amanhã, estará", afirma.
Nelto analisa que Bolsonaro pode ser enquadrado no inciso VII do artigo 85 da Constituição, que prevê o crime de responsabilidade, pela sinalização de descumprir "leis e as decisões judiciais", e classifica a fala do presidente da República como anarquista. "Olha a gravidade de um presidente dizer que não vai cumprir uma ordem judicial. É o Bakunin brasileiro", critica o deputado em referência a Mikhail Bakunin, conhecido como o "pai do anarquismo".