Apesar da operação da Polícia Federal (PF) contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o Partido Liberal sinalizou manter a candidatura do parlamentar à Prefeitura do Rio de Janeiro no pleito deste ano. Ramagem foi alvo de uma operação da PF deflagrada na manhã desta quinta-feira (24) contra um grupo que, segundo as investigações, supostamente atuava dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para monitorar ilegalmente autoridades públicas e outras pessoas.
No "X" (antigo Twitter), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, criticou a operação contra Ramagem e deu a entender a candidatura do parlamentar está mantida. "Está claro que mais essa operação da PF de hoje contra o deputado Alexandre Ramagem é uma perseguição por causa do Bolsonaro. Esse negócio de ficar entrando nos gabinetes é uma falta de autoridade do Congresso Nacional. Rodrigo Pacheco [- presidente do Senado e do Congresso - ] deveria reagir e tomar providências. Isso é pura perseguição e pode acabar elegendo o Ramagem com mais facilidade no Rio de Janeiro", disse Costa Neto.
Nos bastidores do PL, o partido segue com a intenção de manter Ramagem na pré-candidatura à capital fluminense. Apesar dos rumores de uma eventual substituição, membros mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) asseguram que não haverá mudança na pré-candidatura.
Na avaliação do deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), a candidatura do correligionário "está mais forte do que nunca". Ele também avaliou que "as perseguições vão ajudar as candidaturas do PL".
Além do caso de Ramagem, a afirmação de Sóstenes faz referência à operação contra o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), líder da oposição na Câmara dos Deputados, que é pré-candidato à Prefeitura de Niterói. Na última quinta-feira (18), ele foi alvo de buscas e apreensão na 24ª, fase da Operação Lesa Pátria. Ele nega qualquer relação com os atos de vandalismo do 8 de janeiro de 2023.
Carlos Bolsonaro deverá fortalecer campanha de Ramagem
Anunciado como próximo presidente do Partido Liberal na cidade do Rio de Janeiro, o vereador Carlos Bolsonaro (atualmente no Republicanos) deverá reforçar a campanha do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para a prefeitura da capital fluminense. A informação foi confirmada com o presidente da sigla no estado, o deputado federal Altineu Côrtes (PL-RJ), à Gazeta do Povo.
A expectativa é de que Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, saia do Republicanos em março, quando inicia a janela partidária - momento em que os vereadores podem trocar de partido sem perder o mandato. Ele irá substituir o vice-prefeito do Rio, Nilton Caldeira, no comando do legenda.
A ida do vereador carioca para a sigla é vista como positiva por membros do PL. Sendo o principal estrategista de campanha de 2022, quando Bolsonaro tentou a reeleição para o cargo de presidente da República, Carlos Bolsonaro é avaliado como um nome que pode ajudar o partido a enfrentar Eduardo Paes (PSD), atual prefeito do Rio, na disputa municipal. Ele vai tentar a reeleição para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
Questionado sobre o assunto pela reportagem da Gazeta do Povo, Côrtes afirmou que a expectativa da sigla é de que Carlos Bolsonaro seja “o puxador de votos” do partido na eleição para a Câmara Municipal. Ele também afirmou que o vereador será importante para a candidatura de Ramagem a prefeito do Rio.
“Ele tem uma excelente relação com o Ramagem, que é o pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio. Isso foi decidido de comum acordo entre todos no partido, muito em função da proximidade deles. Posso dizer que ele está muito entusiasmado com a campanha e a candidatura do Ramagem”, disse Côrtes.
A ida de Carlos Bolsonaro para o comando do PL também é uma reviravolta na relação entre a família Bolsonaro e Valdemar Costa Neto. Procurando um partido para tentar a reeleição em 2022, após sair do PSL (atual União Brasil), Bolsonaro se reuniu com o dirigente e exigiu que os diretórios do Rio e de São Paulo fossem comandados pelos seus filhos: o senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro, respectivamente. No entanto, o pedido do ex-presidente não foi atendido.
Além de reforçar a campanha para prefeitura do Rio, a ida de Carlos Bolsonaro agradou os membros do partido por representar uma aproximação da Executiva Nacional com o Diretório do Rio. Nos bastidores, alguns membros reclamavam da falta de diálogo com Costa Neto nas decisões municipais. A demora no anúncio do candidato da legenda para a disputa municipal foi um exemplo de insatisfação registrada no ano passado.
Troca de apoio entre PL e MDB podem definir eleições no Rio e em SP
Na semana passada, Valdemar Costa Neto disse à Gazeta do Povo que o apoio do Partido Liberal à reeleição do atual prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), dependerá do apoio dado pela sigla de Baleia Rossi (MDB) a Ramagem na disputa do Rio. Dentre os termos, Costa Neto pede que o MDB retire a candidatura do deputado federal Ottoni de Paula (MDB-RJ) ao Executivo municipal.
“Ainda não sentamos para conversar. Nosso maior trabalho será resolver o apoio de Bolsonaro [a Nunes]. Nós queremos o partido [MDB] com a gente. Não há uma preocupação com o candidato do Rio [Ottoni], porque ele não tem voto. Mas, claro, o MDB com a gente, ele estaria fora”, disse Costa Neto.
Questionado sobre o acordo, Côrtes afirmou ter ouvido falar sobre o assunto e disse ser o caminho natural entre os partidos. “Essa conversa eu já escutei e isso é natural na política, que os partidos tenham uma boa relação quando se apoiam mutuamente em cidades importantes”, disse o presidente do PL no Rio.
Candidatura de Jordy está mantida em Niterói
Indagado sobre o futuro político do deputado Carlos Jordy, Côrtes também afirmou que o parlamentar está mantido para a disputa da prefeitura de Niterói. O deputado foi alvo da nova fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela Polícia Federal (PF), na quinta-feira (18). Policiais federais fizeram buscas na Câmara dos Deputados e nos endereços ligados ao parlamentar no Distrito Federal e no Rio de Janeiro.
Jordy é apontado pelo subprocurador Carlos Frederico Santos, da Procuradoria-Geral da República (PGR), como integrante do “núcleo de financiadores e instigadores” dos atos de 8 de janeiro de 2023, que terminaram com a depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília. Jordy nega qualquer relação com as manifestações do 8 de janeiro.
“A candidatura dele [Carlos Jordy] está mantida. Ele está em jogo político muito forte, representa a direita e estamos fazendo alianças. Seremos alternativa a essa candidatura de esquerda no município”, disse Côrtes.
Ao comentar o caso envolvendo o correligionário, o presidente do PL no Rio criticou a operação autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e disse que esse tipo de ação não contribui para a “harmonia” entre os poderes da República.
“É uma situação que fragiliza muito a relação entre os poderes. Acho que ultrapassa a questão do deputado Jordy. Sou entusiasta da harmonia entre os poderes e acho que o Brasil precisa disso. Mas esse tipo de ação não colabora para que essa situação se harmonize. Sobretudo com busca e apreensão em casa e gabinete de deputado”, disse.
Ele disse também que conversou com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), sobre o assunto, mas afirmou que o parlamentar deve se pronunciar apenas na volta do recesso. “O presidente [da Câmara, Arthur Lira,] estava bastante indignado”, salientou Côrtes.
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