A presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Caroline de Toni (PL-SC), informou que o Projeto de Lei 2858/22, conhecido como o PL da Anistia, será pautado na sessão do colegiado na próxima terça-feira (10). A proposta garante anistia aos acusados e condenados por manifestações realizadas desde 2022 contra a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Entre os projetos que foram apensados ao PL da Anista, consta o que inclui o perdão a manifestantes de 8 de janeiro de 2023 e a anulação do processo que tornou o ex-presidente Jair Bolsonaro inelegível.
A deputada ressaltou que o projeto “visa corrigir abusos, ilegalidades e injustiças cometidos nos julgamentos e nas condenações contra brasileiros que se manifestaram no dia 8 de janeiro”. “É uma oportunidade de restaurar os direitos daqueles que foram injustamente perseguidos”, disse.
Desde a última semana, a CCJ vem pautando projetos contra as arbitrariedades do Supremo Tribunal Federal (STF). O colegiado iniciou a análise do pacote de propostas para frear os abusos da Corte, como a PEC 8/2021, que proíbe as decisões monocráticas, aquelas tomadas por um só ministro do Supremo sem a análise do colegiado. As votações dos projetos não vingaram por conta da pressão da bancada de partidos da esquerda. Eles apresentaram o famoso “kit obstrução” para barrar as votações e criticaram o “revanchismo” contra o STF.
De acordo com Carol de Toni, os projetos pautados são “importantes para a defesa das liberdades, além do reequilíbrio dos poderes e respeito às instituições”.
"Não podemos permitir que o Judiciário atue de forma absoluta. A separação de poderes e o equilíbrio são fundamentais para a nossa democracia. As Pecs 28 e 8 e os PLs já discutidos nas últimas semanas, visam trazer a paz e a harmonia entre os poderes, colocando cada um no seu lugar e com a sua competência, conforme prevê a Constituição Federal”, disse a deputada.
Relatoria ao projeto
Em junho deste ano, a presidente da CCJ designou o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) para ser o relator do PL da Anistia.
O projeto de anistia mais antigo é o PL 2858/2022, de autoria do ex-deputado Major Victor Hugo (PL-GO). Ele concede anistia aos manifestantes que participaram de protestos em 30 de outubro de 2022, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) derrotou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Valadares será responsável por analisar o projeto original e a outras propostas relacionadas ao tema que foram apensadas. As demais propostas abrangem também a anistia para os financiadores das manifestações que ocorreram à época e no 8 de janeiro, além de promoverem alterações no Código Penal. Confira a lista dos projetos que serão analisados pelo relator:
- PL 2954/2022 - Concede anistia a todos aqueles que, no período entre 1º de junho de 2022 até a data de entrada em vigor desta lei, realizaram manifestações relacionadas às eleições de 2022.
- PL 3312/2023 – Concede anistia a todos aqueles que, no período das eleições de 2022, praticaram atos que sejam investigados ou processados sob a forma de crimes de natureza política e eleitoral.
- PL 5643/2023 - Concede anistia aos acusados dos atos de 8 de janeiro e altera os artigos 359-L e 359-M do Código Penal. Esses artigos tratam da tentativa de “abolir o Estado Democrático de Direito”, bem como “depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído”. A pena é de quatro a oito anos de reclusão.
- PL 5793/2023 - Concede anistia aos acusados e condenados pelos atos de 8 de janeiro e altera os artigos 359-L e 359-M do Código Penal.
- PL 2162/2023 - Concede anistia aos participantes das manifestações reivindicatórias de motivação política ocorridas entre o dia 30 de outubro de 2022 e o dia de entrada em vigor desta lei.
- PL 1216/2024 – Anistia multas aos investigados pelos atos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023
Se o projeto for aprovado na CCJ, ele segue para análise no plenário da Câmara, no entanto, dependerá da decisão dos líderes partidários e do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL) para ser pautado em alguma sessão. A Gazeta do Povo já mostrou que a oposição pretende aguardar a troca de comando da Câmara, em fevereiro do ano que vem, para emplacar o PL da Anistia.
Depois de aprovado no Congresso, o projeto seguirá para a sanção do presidente da República. A proposta virando lei pode extinguir os mais de 1.400 processos que correm no STF contra manifestantes dos atos de 8 de janeiro de 2023. Mais de 200 presos que já receberam suas sentenças podem ganhar a liberdade. Muitos deles pegaram penas de até 17 anos de prisão, foram multados em até R$ 44 mil e obrigados a pagar por danos morais coletivos uma quantia total de R$ 30 milhões (a ser dividida com outros réus que vierem a ser condenados).
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião