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O general Richard Nunes
O general Richard Nunes| Foto: Juliana Stadnik /Agência Brasil

Então secretário de Estado de Segurança Pública do Rio de Janeiro em 2018, o general Richard Nunes contestou um trecho do relatório da Polícia Federal (PF) sobre as investigações que levaram à prisão dos supostos mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco.

No relatório - que aponta entre os mandantes do crime o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o delegado Rivaldo Barbosa - a PF disse que a indicação de Rivaldo para o cargo teve “ingerência política”. O delegado foi conduzido ao cargo por indicação de Nunes.

“É surpreendente. Realmente, é uma coisa totalmente absurda pelo que a gente está acompanhando. Eu me considero tão surpreso quanto qualquer outro porque durante todo o período em que eu estive à frente da secretaria, jamais me passaria pela cabeça uma coisa dessa. Se isso tudo for confirmado, se essa delação foi confirmada, é algo de deixar a gente perplexo. Em relação ao que tem saído sobre o meu nome, sobre a nomeação do Rivaldo, é o que eu já disse, claramente: a responsabilidade é minha, de mais ninguém”, afirmou o general Richard Nunes em entrevista concedida ao jornal O Estado de São Paulo (Estadão), nesta segunda-feira (25).

No relatório, a PF menciona informações sobre a carreira de Rivaldo até a sua chegada à chefia da Polícia Civil no Rio.

“A trilha da mencionada carreira foi eminentemente percorrida durante o Governo do PMDB no Rio de Janeiro, iniciado por Sérgio Cabral em 2007 até a saída de Luiz Fernando Pezão em 2019, para dar lugar a Wilson Witzel, vencedor do pleito de 2018. Neste interstício, durante o ano de 2018, a Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro foi objeto de Intervenção Federal decretada pelo então Presidente da República, Michel Temer, que, na ocasião, nomeou o General Braga Netto como interventor. Por sua vez, Braga Netto nomeou o General Richard Nunes como Secretário de Estado de Segurança Pública, tendo ele nomeado o Delegado Rivaldo Barbosa como seu Chefe de Polícia [...] O cenário de ingerências políticas nas escolhas de funções de confiança junto às forças de segurança estaduais é mais um dos componentes nefastos do Rio de Janeiro”, diz um trecho do relatório.

A PF também diz que Nunes “bancou” a indicação do delegado mesmo Rivaldo sendo alvo de Procedimento Investigatório Criminal (PIC) sobre a suposta “prática dos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro”.

Rivaldo assumiu o comando da Polícia Civil um dia antes do assassinato de Marielle e seu motorista, Anderson Gomes, mortos no dia 14 de março de 2018.

Nunes disse ao Estadão que a Secretaria de Segurança Pública do Rio, “contraindicou o nome de Rivaldo”, mas ele manteve a indicação dado o histórico de serviços prestados pelo delegado.

“Rivaldo era o chefe da divisão de homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Um delegado que tinha, talvez, a maior visibilidade entre os delegados da Polícia Civil e uma folha de serviço prestado bastante considerável. Um nome respeitado que foi muito bem aceito por toda a sociedade. Então, à época, era isso que eu tinha. Aceitou o convite e cumpriu a missão dele. Era tão respeitado que foi respeitado pela família da Marielle, que ele conhecia, e pelo próprio Marcelo Freixo. O mais, é muita especulação, muita coisa que não tem sentido. É tentar querer vestir uma roupa de 2024 em 2018″, disse o general.

Também citado no relatório da PF e procurado pela imprensa no domingo (24), o general Braga Netto, que assinou a promoção de Rivaldo Barbosa, disse que a indicação do delegado era de responsabilidade do general Richard Nunes.

No próximo mês, Nunes deverá ser nomeado chefe do Estado Maior do Exército, o que o tornará o nº 2 na cadeia de comando da Força. De acordo com apuração do Poder360, Nunes assumirá no lugar de Fernando José Sant’ana Soares, que irá para a reserva remunerada.

Além de Rivaldo, a Polícia Federal (PF) prendeu, neste domingo (24), o deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), e o irmão dele, Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro. Todos acusados de serem mandantes do crime.

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