O ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa negou, nesta quinta-feira (24), qualquer participação na morte da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Preso desde março na Penitenciária Federal de Mossoró (RN), ele é suspeito de ter planejado o crime.
“Eu não mato nem uma formiga, vou matar uma pessoa?”, disse durante depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF). A audiência virtual começou por volta das 13h45 e deve prosseguir até o início desta noite.
Rivaldo comparou a prisão a sua morte. "Eu fui assassinado. Me prenderam, me botaram numa viatura e me trouxeram para cá. Me enterraram e vou tentar ressuscitar. Eu acredito na Justiça", afirmou.
O delegado disse ter conhecido a vereadora em 2012, quando ela atuava como assessora do então deputado estadual Marcelo Freixo na Comissão de Direito Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Segundo Barbosa, Marielle era o “elo de ligação” entre ele e Freixo para receber em audiência pessoas que tiveram parentes assassinados e buscavam informações sobre as investigações, informou a Agência Brasil.
Durante a oitiva, o ex-chefe da Polícia Civil no Rio elogiou o “comprometimento com o trabalho e dedicação” da parlamentar. “Como é que eu posso matar uma pessoa dessa? Eu não mato uma formiga, vou matar uma pessoa?”, indagou.
“Tudo que chegava nela, ela despachava. Uma pessoa sensacional, uma pessoa maravilhosa… No que diz respeito a Rivaldo e Marielle Franco, uma palavra pode definir: gratidão. Sou muito grato a Marielle”, relatou Barbosa.
O delegado voltou a dizer que nunca teve qualquer relação com o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ), apontados como mandantes do crime.
“Eu nunca falei com os irmãos Brazão na minha vida. Nunca tive uma relação política, religiosa, espiritual ou transcendental com eles”, afirmou. Os três são réus e respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa.
PF prendeu suspeitos por morte de Marielle na Operação Murder Inc.
Em março deste ano, a PF deflagrou a Operação Murder Inc. para prender os irmãos Brazão e Barbosa. O caso tramita no STF sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Segundo relatório da investigação, o delegado teria “planejado meticulosamente” a ação e exigido que o assassinato não ocorresse nas proximidades da Câmara Municipal do Rio, para evitar que a investigação fosse conduzida pela Polícia Federal.
Em delação premiada, o ex-policial militar Ronnie Lessa, que confessou ter atirado na vereadora, apontou o suposto envolvimento dos três no crime. Lessa relatou que Marielle era vista como um empecilho pelos irmãos Brazão devido à sua oposição aos loteamentos da milícia.
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