Apesar das comemorações públicas, integrantes do PT e do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avaliam que a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai abrir uma "grande interrogação" para o futuro político do país. De um lado, petistas avaliam que haverá uma pulverização dos nomes da direita, enquanto outros nomes do partido acreditam que a inelegibilidade amplia a pressão para que o governo Lula "dê certo".
Sem um antagonista direto para Lula, aliados do Planalto admitem que o petista terá que aumentar a popularidade do governo e ampliar o foco sobre a pauta econômica. O partido não descarta a possibilidade de Lula buscar uma reeleição, mesmo tendo feito sinalizações de que não disputaria uma novo pleito durante a campanha de 2022.
Paralelamente, outros integrantes do PT avaliam que o nome do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se fortalece caso Lula decida não se candidatar em 2026. De acordo com essa ala, com a ausência de Bolsonaro no cenário eleitoral e, Haddad será o sucessor natural do atual presidente na esquerda, mas só se tiver êxito na área econômica.
Apesar disso, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, avaliou que a decisão desta sexta-feira (30) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não diz respeito ao cenário eleitoral de 2026. [Isso é] algo ainda muito distante das nossas preocupações. Mas sim sobre o papel do ex-presidente nos ataques à democracia ao não aceitar o resultado das urnas", defendeu Padilha pelas redes sociais.
Na mesma linha, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), argumentou que o combate à "extrema-direita" se passa pela inelegibilidade do ex-presidente. "Bolsonaro inelegível é vitória da democracia e do povo que sofreu com esse homem na Presidência da República. Não tem perdão nem anistia, tem que ficar fora da política para não continuar com as maldades. Extrema direita tem que ser contida", declarou Gleisi.
PT vai insistir em outras ações contra Bolsonaro na esfera eleitoral
Mesmo com a conclusão do julgamento que declarou a inelegibilidade de Bolsonaro, a cúpula do PT pretende insistir em outras Ações de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) propostas pelo partido ao TSE. A avaliação dos aliados de Lula é de que essas outras ações são mais amplas que a do PDT, que questionou o uso do Palácio da Alvorada para uma reunião com embaixadores estrangeiros no ano passado.
Ao todo, o ex-presidente ainda deve enfrentar outros 15 processos dentro da Corte Eleitoral. Tramita no TSE, por exemplo, a ação que o PT acusa Bolsonaro de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em razão dos ataques ao sistema eleitoral e supostos bloqueios da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com finalidade política durante o segundo turno das eleições de 2022.
Em outra ação, a coligação que elegeu Lula alega que Bolsonaro realizou atos de campanha nas dependências do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada para anunciar apoios à sua candidatura. "Ao utilizar os palácios como ‘palco de encontro’ com governadores, deputados federais e celebridades, valeu-se ‘de todo o aparato mobiliário do prédio público, bem como sua condição de atual Presidente da República para trazer publicidade aos seus apoios’, desvirtuando, assim, a finalidade daqueles bens, com o objetivo de alavancar sua candidatura”, alegaram os autores da ação no TSE.
"É um primeiro passo na direção da responsabilização pelos crimes em série cometidos por Bolsonaro e pela organização criminosa que ele chefia. Ainda há muito o que ser apurado e punido, mas vamos em frente na nossa missão de unir e reconstruir o Brasil", argumentou Padilha.
Aliados de Lula comemoram decisão do TSE contra Bolsonaro
Publicamente, os aliados de Lula comemoraram o resultado do julgamento TSE que tornou o ex-presidente Bolsonaro inelegível por um prazo de oito anos. De acordo com a decisão da Corte Eleitoral, a condenação contra Bolsonaro valerá até 2030.
Sem citar o voto da ministra Cármen Lúcia, que deu maioria pela condenação, o ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, disse que essa sexta-feira (30) era “um grande dia”. “Passou o período do ódio, do negacionismo. Vamos respeitar a democracia”, frisou Pimenta durante agenda no Rio Grande do Sul para entrega de residências do “Minha Casa, Minha Vida”.
Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública, citou que “a democracia venceu o mais duro teste de estresse das últimas décadas”. “Do julgamento do TSE emanam importantes mensagens: 1. Mentir não é ferramenta legítima para o exercício de uma função pública; 2. Política não é regida pela “lei da selva”, em que o mais forte tudo pode”, publicou no Twitter.
O deputado federal André Janones (Avante-MG) publicou uma foto em que ele e Lula aparecem sorrindo e ironizou: "Muito triste ao saber que Bolsonaro está inelegível por 8 anos!". Na sequência, ele fez uma série de críticas e até xingamentos ao ex-presidente e chegou a dizer que "não se derrota o nazismo com flores".
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