O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, reforçou as críticas ao Projeto de Lei (PL) 4.046/21, de autoria do então senador e hoje deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), que inclui o nome do ex-marinheiro João Cândido Felisberto, líder da Revolta da Chibata, em 1910, no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.
De acordo com Olsen, o reconhecimento de João Cândido como herói seria “reprovável exemplo de conduta” para os brasileiros.
Na semana passada, em carta, o comandante chamou os envolvidos na revolta de “abjetos” e disse que enaltecer os seus nomes significa exaltar atributos que não contribuem para "o pleno estabelecimento e manutenção do verdadeiro Estado democrático de Direito". Para Olsen, a revolta foi um episódio “vergonhoso” e “deplorável”.
A Revolta da Chibata é lembrada como um motim de cerca de 2 mil soldados da Marinha brasileira, ocorrido de 22 a 27 de novembro de 1910, contra castigos físicos. Após o fim da revolta, João Cândido foi preso e expulso da Marinha.
Após as críticas do comandante ao projeto, que está na Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados, a esquerda e integrantes do governo acusaram o comandante de racismo. O projeto tem como relatora a deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
"O que se colocou na discussão é que a posição da Marinha era de racismo, discriminadora. Absolutamente, não é isso. A Marinha é uma instituição que se posiciona pelo mérito [...] Me posicionei baseado em fatos. Não tenho nenhuma conotação ideológico-partidária. Aquela carta que enderecei ao presidente da Comissão de Cultura procura fazer uma síntese, um apanhado, dos fatos que ocorreram em 1910 por ocasião da revolta dos marinheiros", disse Olsen a jornalistas no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (29).
Na carta, Olsen diz que a revolta não tinha como objetivo somente o fim dos castigos físicos nas embarcações militares brasileiras, mas a obtenção de vantagens corporativistas e ilegítimas.
O comandante reconheceu que os castigos físicos são inaceitáveis, porém, disse que existe uma diferença entre reconhecer um erro e “enaltecer um heroísmo infundado”.
“Temos um herói negro, marinheiro, e casualmente [também] nascido no Rio Grande do Sul. É o marinheiro Marcílio Dias. Participou da guerra [do Paraguai], teve seu braço amputado na defesa da bandeira brasileira. Foi morto em combate. Esse, sim. Não creio que se deva emprestar outros atributos, a não ser aqueles requisitos absolutamente necessários, para um herói", disse o comandante nesta segunda.
Na semana passada, os deputados Lindbergh Farias e Benedita da Silva visitaram o filho de João Cândido, conhecido como “Candinho”.
“A nossa luta para ver João Cândido Herói Nacional não vai parar. Eu e a Benedita da Silva viemos visitar o ‘Sr. Candinho’ para nos solidarizar e reafirmar nosso compromisso de fazer o sonho dele de ver o pai no Panteão dos Heróis Nacionais se tornar realidade. Viva João Cândido! Viva a luta do povo negro no Brasil”, escreveu Lindbergh em seu perfil na rede social X.
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