O comandante do Exército, general Tomás Paiva, afirmou que “a política está distante dos quartéis, como tem que ser”. O militar foi nomeado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após os atos de 8 de janeiro de 2023. Paiva defendeu que o cumprimento da Constituição pelo Exército “é único caminho que temos na direção de ser um país moderno”.
“A política está distante dos quartéis, como tem que ser. A lógica que prevaleceu é a do cumprimento do que está previsto na Constituição. Isso está cada vez mais consolidado. Este é único caminho que temos na direção de ser um país moderno", disse o comandante do Exército em entrevista ao jornal O Globo divulgada nesta sexta-feira (7).
"Estamos atuando firmemente no cumprimento da missão constitucional, no trabalho profissional e no afastamento da política. Somos uma instituição de Estado”, acrescentou.
Para Paiva, militares que pretendem assumir cargos políticos ou que são indicados para funções do governo devem passar para a reserva.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nomeou militares da ativa para cargos estratégicos do governo, como o general de divisão Eduardo Pazuello (PL-RJ), que comandou o Ministério da Saúde entre maio de 2020 e março de 2021, durante parte da pandemia da Covid-19. Pazuello passou para a reserva em março de 2022 e foi eleito deputado federal.
“O ideal é que passe para a reserva [antes de ser nomeado ministro]. Pode ter preferência, mas não pode ter partido enquanto estiver vestindo a farda. Pode assessorar, mas, depois que está decidido, cumpre a decisão. Fui ajudante de ordens de dois presidentes [Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso]. O militar não pode se envolver”, disse o comandante.
Paiva considerou que o Exército errou quando, em abril de 2018, o então comandante general Eduardo Villas Bôas fez um post repudiando a impunidade às vésperas do julgamento de um pedido de habeas corpus de Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em 2021, Villas Bôas revelou que a postagem foi elaborada em conjunto com o Alto Comando do Exército.
“Acho que nós erramos. Não vou julgar também o comandante anterior, a quem eu tenho toda a lealdade. Acho que é um erro coletivo. Não deveria ter sido publicado. Eu era chefe de gabinete e sou corresponsável por isso, apesar de ser um outro momento político”, afirmou Paiva ao jornal O Globo.
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