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Alexandre Saraiva
Alexandre Saraiva foi afastado das funções por 31 dias em sindicância após criticar gestão de ex-diretor geral.| Foto: Inpa/divulgação / arquivo

A Polícia Federal (PF) afastou por 31 dias o delegado Alexandre Saraiva, que denunciou um suposto aparelhamento da corporação durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão foi assinada pelo atual diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, e publicada no boletim interno da corporação na última segunda-feira (22).

O afastamento de Saraiva foi confirmado por ele próprio ao jornal O Globo, e a PF não se manifestou. A corporação, segundo o delegado, alegou que ele teria cometido uma infração disciplinar ao denunciar o então diretor-geral Paulo Maiurino “sem o aval de sua chefia imediata” e conceder entrevistas à imprensa.

“Esse processo administrativo é uma vingança. Ele foi gestado durante o governo Jair Bolsonaro e a comissão que avaliou o procedimento é formada por bolsonaristas”, disse Saraiva ao O Globo alegando retaliação por setores da PF ligados a Bolsonaro.

O processo administrativo contra Saraiva foi aberto em 31 de outubro de 2022, um dia após a derrota de Bolsonaro nas urnas, e se baseia em entrevistas concedidas por ele à imprensa. A sindicância havia sido arquivada pela superintendência do Rio e foi reaberta em Brasília após o segundo turno.

A comissão que abriu o novo processo também citou a candidatura de Saraiva a deputado federal pelo PSB no Rio em 2022, na qual ele não foi eleito, alegando que buscava notoriedade pública para se projetar politicamente – fato negado por ele.

“Eles insistem muito no fato de ter mandado a representação contra o Maiurino diretamente para a corregedoria-geral sem passar pela minha chefia. Se eu fizesse isso, teria exposto meus chefes. Por isso escrevi [na representação] que excepcionalmente deixei de seguir os trâmites burocráticos naquelas circunstâncias”, justificou.

O delegado afirmou que a decisão de afastá-lo provoca “constrangimento total” e serve de mau exemplo para jovens delegados engajados no combate a crimes. “Durante a sindicância que pedia minha demissão e o processo administrativo reaberto, vivia com uma espada no pescoço. E as denúncias que fiz contra o Maiurino, cadê as conclusões? Estão todas sob sigilo, ninguém consegue acessar”, completou.

Saraiva acredita que a decisão do atual diretor-geral da PF acompanhou a recomendação da corregedoria porque “é complicado negar monocraticamente a decisão de uma comissão”. Ele espera que um recurso ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, resulte em uma nova avaliação.

Ele também argumenta que leis asseguram ao servidor público o direito de denunciar práticas de improbidade administrativa, como fez em relação a Maiurino. Ele acredita que o prazo de 31 dias foi escolhido para que a decisão coubesse a Andrei Passos, defensor de decisões colegiadas, em vez do superintendente da PF em Brasília, que seria responsável por punições de até 30 dias.

O delegado Alexandre Saraiva ganhou notoriedade nacional ao ser destituído da superintendência da PF no Amazonas após apresentar uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no Supremo Tribunal Federal, por organização criminosa e obstrução de ações de fiscalização ambiental.

A operação da PF liderada por Saraiva resultou na maior apreensão de madeira ilegal da história do país, em 2021. A decisão de removê-lo da superintendência do Amazonas para uma delegacia em Volta Redonda (RJ) foi vista como ingerência política pela direção-geral da PF na época.

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