O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido) prestou depoimento, nesta segunda-feira (21), ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Ele é apontado como um dos supostos mandantes do crime em uma delação premiada, feita pelo ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ter efetuado os disparos que mataram Marielle.
O julgamento do caso começou em agosto e agora a Corte ouve os acusados de envolvimento com os homicídios. O relator do processo é o ministro Alexandre de Moraes.
Brazão está preso desde o dia 24 de março durante uma operação da PF que foi contestada pela defesa dele por ter ocorrido sem flagrante delito por crime inafiançável.
No depoimento, Brazão negou conhecer Lessa e qualquer proximidade com o ex-policial que o indicou como mandante do crime. “Nunca tive contato com Ronnie Lessa. As pessoas são anônimas para você muitas das vezes. Não tenho dúvida de que ele poderia me conhecer, mas eu nunca na vida tenho lembrança de ter estado com essa pessoa", disse o deputado.
De acordo com o parlamentar, ele tinha "excelente" convivência com Marielle e negou ter qualquer tipo de disputa ou desavença com a ex-vereadora. “Foi maldade o que fizeram. Marielle tinha um futuro brilhante. Ela era uma vereadora muito amável”, declarou ele.
Brazão ainda reforçou que "não teve nada haver" com o assassinato de Marielle. Para ele, a delação foi feita para "proteger alguém".
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o crime foi encomendado após um acúmulo de divergências políticas entre os irmãos Brazão e o PSOL. As investigações apontaram que Marielle atuou para dificultar a exploração de terrenos ilegais da família.
O deputado, no entanto, mencionou manter uma boa relação com a bancada de esquerda da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, destacando sua convivência com Marielle Franco: "A Marielle sempre me procurava. Conversávamos bastante. Nossa relação era muito boa."
Brazão admitiu conhecer um dos intermediários do crime
O deputado admitiu ter tido contato com Edmilson de Oliveira, conhecido como Macalé, ex-policial militar assassinado em 2021 e identificado por Ronnie Lessa como intermediário na contratação do crime. No entanto, Chiquinho Brazão afirmou que o último encontro com Macalé ocorreu em 2008, durante uma campanha eleitoral.
Lessa, em sua delação, relatou ter conhecido Chiquinho Brazão em um ponto de encontro de criadores de pássaros, onde costumavam beber e jogar sinuca, no início dos anos 2000, na zona oeste do Rio de Janeiro. Segundo ele, Macalé teria sido o responsável por apresentá-los.
Chiquinho confirmou ter frequentado o local quatro vezes, encontrando Macalé em duas dessas ocasiões, mas disse não se lembrar da presença de Lessa.
O réu também negou conhecer Rivaldo Barbosa e o major PM Ronald Paulo, acusados de envolvimento no planejamento do crime. Disse também não saber quem é Laerte Silva de Lima, suposto infiltrado do grupo nas fileiras do PSOL.
Também foram ouvidos, nesta segunda-feira (21), o delegado Rivaldo Barbosa de Araújo Júnior e o policial militar Ronald Paulo de Alves Pereira, réus no caso. Todos estão presos e são investigados pelos crimes de homicídio e organização criminosa, mas negam a participação na morte de Marielle e do motorista Anderson Torres.
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