O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta quinta-feira (5) uma "boa notícia" sobre os dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), que foram presos na tarde desta quinta (4) após 50 dias de buscas. Segundo ele, o prazo da busca "segue paradigmas internacionais" e os dois presos retornarão ao mesmo presídio que fugiram.
"Hoje temos uma boa notícia. Não digo que é uma feliz notícia, porque a prisão de uma pessoa nunca é uma notícia boa, mas para a sociedade brasileira é uma notícia asseguradora, no sentido de que ela conta com forças de segurança competentes que cumprem as suas missões constitucionais", disse o ministro na abertura da coletiva.
A prisão de Rogério da Silva Mendonça e de Deibson Cabral Nascimento ocorreu no começo da tarde em Marabá (PR), a quase 1,6 mil quilômetros de distância de Mossoró. Ele chegaram ao estado amazônico após saírem do Rio Grande do Norte através do Ceará, e estavam em um comboio com mais quatro criminosos em três veículos que eram monitorados pelas autoridades.
Lewandowski informou que a prisão dos fugitivos só foi possível após uma "mudança da estratégia policial", que teve que expandir a busca para mais de mil quilômetros de distância do presídio e passou a contar com o sistema de inteligência. O ministro ainda acrescentou que houve dificuldade na busca, porque os fugitivos foram "coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, o auxílio de seus companheiros das organizações criminosas a quais eles pertenciam".
Ao ser questionado sobre a demora na prisão dos fugitivos, Lewandowski destacou que o prazo de 50 dias foi "razoável" e disse que estavam "lutando contra o crime organizado, que são altamente organizados".
"O prazo razoável de 50 dias segue os paradigmas internacionais de localização de fugitivos de penitenciária, além disso temos um país de dimensões continentais. E a busca foi prejudicada por intensas chuvas. Fizemos todos os esforços possíveis, reunindo forças de segurança e depois com um trabalho de inteligência", explicou.
O ministro também negou "qualquer pressão política", seja do presidente Lula ou de membros do governo, em relação a busca dos fugitivos. "É claro que a interlocução com o Palácio do Planalto e com outras autoridades, inclusive com o Congresso Nacional. Recebi um telefonema do presidente Lula nos dando os parabéns (...) ele está, obviamente, muito satisfeito não pelo sucesso do ministro, mas pelo sucesso do Estado brasileiro".
Sobre o retorno dos presos à penitenciária federal, o secretário nacional de Políticas Penais, André Garcia, garantiu que "o sistema penitenciário federal não é mais o mesmo desde a data do evento". Segundo ele, 10 mil novas câmeras serão instaladas e a iluminação também foi trocada.
Integrantes do ministério presentes na coletiva relataram, durante o tempo de espera para o pronunciamento, que o clima da equipe pasta era de alívio após a captura. A fuga de Rogério e Deibson foi a primeira prova de fogo de Lewandowski na pasta após assumir o cargo no lugar de Flávio Dino, que deixou o governo para assumir a cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).
As equipes policiais apreenderam com o grupo oito telefones celulares, um fuzil, munições, dinheiro em espécie, cartão de crédito e outros objetos.
Os fugitivos foram encaminhados para a sede da PF em Marabá e retornarão para Mossoró nos próximos dias.
A captura dos dois fugitivos ocorreu, ainda, seis dias depois da presença da Força Nacional ter sido desmobilizada no Rio Grande do Norte, em que o Ministério da Justiça e Segurança Pública decidiu não renovar o uso na operação.
À Gazeta do Povo, o ministério informou que, a partir daquele dia, a estratégia de busca aos fugitivos entraria em uma segunda fase, com foco em ações de inteligência -- embora com a manutenção de um efetivo considerável das polícias Militar e Civil no estado.
Primeira fuga na história do sistema
Os fugitivos Deibson Nascimento e Rogério Mendonça escaparam da unidade de segurança máxima no dia 14 de fevereiro. Desde então, as operações de busca se concentraram nas áreas entre as cidades vizinhas de Mossoró e Baraúna.
A autorização para o uso da Força Nacional nas buscas foi concedida em 19 de fevereiro pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski. Um contingente de 100 homens e 20 viaturas foi deslocado para Mossoró para auxiliar nas operações.
As operações de busca mobilizaram helicópteros, drones, cães farejadores e outros equipamentos tecnológicos avançados, além de mais de 500 agentes posteriormente, incluindo efetivo da Força Nacional e equipes especiais da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal.
A fuga dos detentos ocorreu durante a madrugada após eles abrirem um buraco atrás de uma luminária no presídio e cortarem duas cercas de arame utilizando ferramentas de uma obra em andamento na área.
Durante a fuga, os fugitivos invadiram três residências e fizeram uma família refém. Segundo investigações da Polícia Federal, o Comando Vermelho, a que eles pertenciam, pode ter ajudado a financiar a fuga, pagando R$ 5 mil ao proprietário de uma fazenda para que auxiliasse na ocultação dos foragidos em sua propriedade.
Esta foi a primeira fuga na história do sistema penitenciário federal criado em 2006, que inclui outras unidades em Brasília (DF), Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).
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