O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB-RS) respondeu às críticas feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta (16), mais cedo, de que ele “nunca está contente” com os investimentos e medidas do governo federal ao Rio Grande do Sul. A resposta às falas de Lula a uma rádio do estado ocorreu durante um ato do próprio governo com o presidente em Porto Alegre.
Lula disse, mais cedo, que nunca recebeu um “obrigado pelo tratamento que você está dando ao Rio Grande do Sul” por causa das enchentes, e que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca teria tratado o estado “com respeito”.
Leite rebatou em um tom democrático inicialmente, afirmando que, embora ambos tenham “visões diferentes em muitas questões de governo, ideológicas, programáticas”, Lula será sempre bem-vindo ao Rio Grande do Sul. No entanto, logo depois, o governador gaúcho armou as críticas ao governo, afirmando que nem tudo o que foi prometido efetivamente chegou ao estado.
Leite afirmou que a suposta falta de agradecimento ao governo ocorre por “sucessivas dores” que o estado vem vivendo nos últimos anos e que nem todas as promessas feitas foram cumpridas.
“O povo gaúcho não é mal-agradecido, não é ingrato, agradece todo o apoio que recebe do seu governo. Agradecemos os apoios que são alcançados, mas também sabemos o que é de direito da nossa população e do nosso estado, e demandamos”, disparou (veja trecho).
Entre as “dores” citadas por Leite estão a falta de caixa quando assumiu o governo há seis anos, depois a pandemia da Covid-19 e a estiagem no ano passado, que provocou graves perdas na agropecuária do estado.
“Se de um lado a gente agradece que recursos volumosos foram aportados em crédito e operações financeiras para ajudar as empresas a se reerguerem – e a gente agradece, muito obrigado – de outro lado a gente observa que muito desse recurso ainda não está conseguindo ser acessado porque tem entraves, burocracia, dificuldades que precisam ser superadas”, apontou Leite.
Entre as demandas que ele disse ter que "brigar" para conseguir estão a emissão de certidões negativas para empresas afetadas pelas enchentes, capitalização do Banrisul com recursos do Pronampe, a liberação das moradias aos atingidos pelas enchentes -- que o presidente chegou a comentar na entrevista de mais cedo, alegando burocracia -- entre outros.
Ao se prolongar no discurso tentando justificar as críticas de Lula, o governador disse ter ouvido palavras como “fora, Leite”, e disparou: “pra essas pessoas eu digo: pode ter até alguns que dizem ‘fora, Leite’. O importante é que, na eleição, a maior parte da população disse ‘bora, Leite’”, e encerrou a fala.
Pouco depois, Lula emendou e disse "Eduardo, se o outro presidente trazia a claque pra te vaiar, quem está aqui são trabalhadores" (veja trecho).
O presidente prosseguiu e afirmou que tinha uma extensa relação de dados sobre os recursos aportados no estado, mas que seria explicado a Leite em uma reunião em algum momento futuro. "Quando teve seca neste estado, o governo federal esteve aqui com seis ministros e eu duvido que, em algum momento antes, algum governo federal tivesse dado atenção que demos aqui para combater a seca deste estado", disparou em um tom mais forte ao governador.
"Eu não disputo nada com você, eu não disputo popularidade com você, eu não sou gestor. Eu sou político e gosto de fazer política", disparou. Ele ainda questionou Leite sobre a quantidade de recursos que Bolsonaro e outros presidentes passados encaminharam ao Rio Grande do Sul e pediu que o governo gaúcho e as prefeituras ajudem a encontrar terrenos seguros para a construção de casas aos atingidos pelas enchentes de maio.
Lula está no Rio Grande do Sul para participar de diversos atos ao longo desta sexta (16), como entrega e aceleração de obras do Minha Casa Minha Vida e inauguração de uma ala do Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre, e a entrega do Complexo Viário da Scharlau, na BR-116 em São Leopoldo, na região metropolitana.
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