O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou nesta sexta-feira (1º/12), na abertura da COP28 em Dubai, enfatizando a urgência de ações para combater as mudanças climáticas. Lula destacou o alerta do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, ressaltando que o mundo tem apenas até o final desta década o prazo para evitar que a temperatura global ultrapasse um grau e meio acima dos níveis pré-industriais.
Apontando para 2023 como o ano mais quente dos últimos 125 mil anos, o presidente destacou os impactos das mudanças climáticas, como secas, enchentes e ondas de calor. Ele citou a trágica seca na Amazônia e as tempestades no Sul do Brasil como exemplos concretos.
Lula criticou a falta de ações efetivas, mencionando a insuficiência de acordos climáticos cumpridos e a escassez de auxílio financeiro aos países pobres. Ele questionou o comprometimento real dos líderes mundiais em salvar o planeta e apontou para o alto gasto global em armas, destacando que esses recursos poderiam ser investidos na luta contra a fome e as mudanças climáticas.
“A ciência e a realidade nos mostram que desta vez a conta chegou antes. O planeta já não espera para cobrar da próxima geração. O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres que não chega. De discursos eloquentes e vazios”, disse o presidente.
Segundo Lula, é “lamentável” que os líderes mundiais não tenham implementado os termos acordados no Protocolo de Kyoto, de 1997, ou os Acordos de Paris, de 2015, e ainda voltou a criticar a Organização das Nações Unidas (ONU) por não conseguir chegar a uma solução em conflitos. “Simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra”, disparou.
Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou a desigualdade na responsabilidade pelas emissões de carbono, destacando que o 1% mais rico emite o mesmo volume que 66% da população mundial. Destacou, ainda, o que ele considera como injustiças sociais ligadas às mudanças climáticas, afirmando que a conta “chegou primeiro para as populações mais pobres”.
Ele enfatizou a necessidade de ações concretas, afirmando que o Brasil está disposto a liderar pelo exemplo, com metas climáticas mais ambiciosas, redução drástica do desmatamento na Amazônia, plano de transformação ecológica, e a disposição de trabalhar construtivamente com outros países.
“Ajustamos nossas metas climáticas, que são hoje mais ambiciosas do que as de muitos países desenvolvidos. Reduzimos drasticamente o desmatamento na Amazônia e vamos zerá-lo até 2030. Formulamos um plano de transformação ecológica, para promover a industrialização verde, a agricultura de baixo carbono e a bioeconomia. Forjamos uma visão comum com os países amazônicos e criamos pontes com outros países detentores de florestas tropicais”, completou.
Ao concluir, o ex-presidente apelou à cooperação global, destacando que nenhum país resolverá seus problemas sozinho. Ele instou a retomada da crença no multilateralismo, enfatizando o comprometimento do Brasil em liderar o caminho em direção a uma economia menos dependente de combustíveis fósseis. Lula encerrou convocando a fraternidade e a cooperação global para enfrentar os desafios climáticos.
Ainda nesta sexta (1º), Lula participa de outros eventos da COP28 e realiza reuniões multilaterais com o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; com o presidente de Israel, Isaac Herzog; com o secretário-geral da ONY, António Guterres; com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; com o presidente da Espanha, Pedro Sánchez; com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali; e com o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohamed bin Zayed, durante um jantar oferecido por ele e pela primeira-dama, Janja Lula da Silva.
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