O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), trocaram críticas nos últimos dias devido à atuação do Governo do Distrito Federal (GDF) na contenção do incêndio no Parque Nacional de Brasília. Reportagem publicada pelo jornal Poder360 revelou que o chefe do Executivo teria ficado "irritado" com o pouco efetivo do Corpo de Bombeiros Militares do DF que estava atuando no combate às queimadas no local.
Na última segunda-feira (16), quando o incêndio no parque ainda não havia sido controlado e atingido cerca de 2 mil hectares do local, o Instituto Chico Mendes (ICMBio), responsável pelo Parque Nacional, informou que havia 493 combatentes atuando no incêndio: 26 brigadistas do ICMBio; 400 militares do Corpo de Bombeiros DF; 6 brigadistas do Prevfogo (Ibama) e 11 brigadistas do Instituto Brasília Ambiental.
Após a veiculação da notícia, o governador Ibaneis Rocha fez uma publicação em suas redes sociais criticando a suposta irritação de Lula. "O presidente revela não só desconhecimento, como também insensibilidade diante do efetivo trabalho do Corpo de Bombeiros de Brasília, da Defesa Civil e de outros agentes envolvidos, que se dedicam diuturnamente a combater os focos de incêndios e são comprometidos com ações preventivas ao longo de todo o ano", disse o governador em publicação no Instagram.
Rocha pontuou ainda que a gestão petista deveria estar preocupada em "explicar a incapacidade e precariedade dos órgãos federais em regiões onde devia ser mais presente", inclusive com o Parque Nacional. "Apesar de ser uma área federal, segue ignorado pelas autoridades federais, deixando o DF sozinho na empreitada de sua preservação", escreveu Ibaneis.
A publicação causou incômodo na presidência, que rapidamente se manifestou rebatendo as acusações e afirmando que o posicionamento do governador era baseado em informações falsas. "Infelizmente segue a prática por alguns veículos de imprensa de atribuir falas e opiniões ao presidente da República baseadas em fontes anônimas e sem checagem", disse o Planalto em nota.
"Para não ter dúvida: desde o início dos incêndios o presidente da República tem enaltecido a importância e bravura dos Bombeiros, dos brigadistas e da Defesa Civil nos estados e municípios no intenso, arriscado e difícil trabalho de combate ao fogo", afirmava a publicação.
Ibaneis Rocha não se retratou das críticas que fez a Lula, mas a Gazeta do Povo apurou que o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Paulo Pimenta, intermediou a situação. Pimenta conversou com Ibaneis por mensagem para "esclarecer a verdade dos fatos" e apaziguar a situação causada entre os dois governantes.
Ibaneis já foi alvo de críticas de Lula no 8 de janeiro
Após os acontecimentos do dia 8 de janeiro, em que milhares de manifestantes invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, Ibaneis Rocha foi afastado do cargo de governador por três meses após decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O magistrado classificou como “conduta dolosamente omissiva” de Ibaneis, sob a justificativa de que a Polícia Militar do Distrito Federal, não impediu que os manifestantes invadissem a Praça dos Três Poderes. “A depredação do patrimônio público [...] somente poderiam ocorrer com a anuência, e até participação efetiva, das autoridades competentes pela segurança pública e inteligência", escreveu Moraes na decisão.
Lula afirmou ainda que Ibaneis era cúmplice dos acontecimentos. "Ele é cúmplice disso, concordou com isso, negligenciou, não agiu corretamente. Ele não cuidou que a polícia cuidasse das coisas que estavam acontecendo durante todo o período, todas as manifestações, uma semana antes, uma semana depois", disse o Lula em documentário de um ano dos ataques realizado pela Globo News.
Na mesma época, Lula ainda acusou a existência de um “pacto” entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Ibaneis Rocha, a Polícia do Distrito Federal e a Polícia do Exército durante os ataques no 8 de janeiro. Rocha negou as acusações e disse que as afirmações de Lula eram "vazias".
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