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A popularidade e a avaliação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram o ano de 2025 despencando de acordo com uma nova rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta segunda (27). O petista começou a segunda metade deste terceiro mandato vendo eleitores da sua própria base insatisfeitos principalmente em relação à economia e crises geradas dentro do próprio governo, como a do PIX e do preço dos alimentos.
De acordo com a Quaest, a desaprovação a Lula superou a aprovação pela primeira vez, 49% a 47%, respectivamente, mas com um empate técnico dentro da margem de erro de 1 ponto percentual:
“Vai ser preciso mais do que uma mudança de comunicação para mudar a rota desses indicadores. Política e gestão terão que andar acompanhados com a comunicação para que uma mudança real possa dar novo rumo ao governo”, disse Felipe Nunes, CEO da Quaest.
Nunes se refere à mudança do ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, com a saída de Paulo Pimenta e a contratação do publicitário Sidônio Palmeira, que foi o marqueteiro da campanha de Lula em 2022. Ele foi chamado para tentar reverter a queda da popularidade do presidente e tentar corrigir as sucessivas falhas de comunicação que vêm gerando uma crise após a outra.
Segundo a Quaest, Lula vem perdendo popularidade principalmente entre os eleitores do Nordeste, sua principal base eleitoral, e entre as pessoas de renda mais baixa. Apenas na região do país que costuma ser mais fiel e apoiadora, o presidente perdeu 8 pontos de aprovação, e mais 7 pontos entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos.
Nunes afirma que este é o pior resultado já apurado, e que anúncios que poderiam gerar boas notícias, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos, não está surtindo efeito.
“Perder popularidade no Nordeste e na renda baixa significa que o governo está perdendo base que deixa de defendê-lo. Isso fica evidente quando chega a 50% os brasileiros que acreditam que o país está na direção errada e apenas 39% na direção certa”, disse.
Além do Nordeste, a desaprovação a Lula também cresceu na região Sul e segue estável no restante do país:
Já no recorte da renda dos brasileiros, a desaprovação segue em alta para quem ganha mais de dois salários mínimos:
Felipe Nunes aponta que, com base em questões levantadas na pesquisa, a desaprovação a Lula vem crescendo por conta do não cumprimento das promessas de campanha, que gerou uma “frustração na população”; pelo volume de notícias negativas sobre o governo, que voltou a se sobressair às positivas; e as recentes crises do PIX e dos alimentos.
“A notícia negativa mais lembrada espontaneamente pela população nesta rodada foi a do possível monitoramento do PIX (11%). É um percentual muito alto que reforça o que a crise da primeira quinzena de janeiro de 2025 impactou na aprovação do presidente”, destacou.
A percepção de que Lula não faz o que promete ou é corrupto é citada na sequência (3%), além do aumento de preços, inflação e impostos (2%) e dos combustíveis e alimentos (1%).
Crises do PIX e dos alimentos
Para a maioria dos entrevistados (66%), o governo erro mais do que acertou na polêmica do monitoramento do PIX. “Não há o que discutir, parte do problema foi criado dentro do próprio governo”, pontuou Felipe Nunes. Apenas 19% dos entrevistados acreditam que o governo acertou ao lidar com esta crise.
A crise dos alimentos, que veio logo depois e que também foi inflada dentro do próprio governo, gerou reflexos negativos. Lula acreditou que poderia conseguir boas notícias ao puxar a orelha dos ministros para encontrarem soluções para baixar os preços, mas acabou tendo um efeito contrário.
Uma das alternativas ventiladas foi a mudança no sistema de validade dos alimentos não perecíveis, mas 63% dos entrevistados se mostraram contra essa medida. “O tiro saiu pela culatra”, dispara Nunes. Apenas 22% dos brasileiros foram favoráveis a essa medida.
No geral, a pesquisa mostra que os brasileiros estão insatisfeitos com a economia do país e que pouco mudou no último ano:
- Piorou: 39%;
- Ficou do mesmo jeito: 32%;
- Melhorou: 25%.
E que seguem preocupados com as contas do dia a dia:
A Quaest ouviu 4,5 mil pessoas entre os dias 23 e 26 de janeiro. A margem de erro é de 1 ponto percentual, com grau de confiança de 95%.