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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ter pedido ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a prisão de brasileiros ligados ao crime organizado que estariam atuando em território norte-americano, durante a conversa telefônica de 40 minutos que tiveram na terça (2) em meio à tensão diplomática provocada pelas sanções impostas ao Brasil.
Lula declarou que alertou Trump sobre a infiltração do crime organizado em instituições democráticas e reforçou que a cooperação entre os dois países deve priorizar ações de inteligência.
“Eu disse ao Trump, a gente não precisa usar armas, a gente tem que usar a inteligência. Vamos prender os brasileiros que estão aí”, afirmou em entrevista à TV Verdes Mares, afiliada à TV Globo, nesta quarta (3) no Ceará, onde cumpre agenda ao longo do dia.
Lula afirmou que tentou demonstrar ao presidente dos Estados Unidos a importância da parceria entre os dois países e a relevância do alinhamento no combate às facções transnacionais.
“Conversei seriamente com Trump, da necessidade dele compreender sobre as duas maiores democracias. Disse também sobre o combate ao crime organizado, mandei documento pra ele e disse que estamos dispostos a trabalhar junto na fronteira e onde tiver”, pontuou.
O presidente brasileiro afirmou também que enviou documentos ao governo americano detalhando operações realizadas para “asfixiar” financeiramente o crime organizado, incluindo investigações sobre fraudes no setor de combustíveis e a atuação de grupos instalados fora do país.
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Isso porquê, na semana passada, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que o crime organizado no Brasil estaria utilizando paraísos fiscais nos Estados Unidos para lavar dinheiro, no que ele chamou de "triangulação internacional gravíssima".
A fala ocorreu em meio à deflagração da operação da Receita Federal que descobriu um complexo esquema de sonegação fiscal que pode ter lesado os cofres públicos em mais de R$ 26 bilhões. A principal suspeita recai sobre o Grupo Refit, dono de uma refinaria e uma rede de postos de combustíveis de bandeira branca, e considerado o maior devedor de ICMS em São Paulo e um dos maiores do país.
Ainda na entrevista no Ceará, Lula descreveu a conversa com Trump como positiva e disse acreditar que o intercâmbio de informações pode gerar novas ações conjuntas.
“O crime organizado é um atraso, foi uma conversa extraordinária. Temos o Trump da televisão e o Trump da vida pessoal, falei pra ele da química boa, estamos bem, não há porque ter divergência. Pode esperar, muita coisa pode acontecer”, completou.
Segundo o Planalto, Trump demonstrou “total disposição” em cooperar com o Brasil e ofereceu apoio a iniciativas bilaterais voltadas ao enfrentamento de organizações criminosas.








