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Apoiadores de Javier Milei aguardam o resultado do primeiro turno da eleição presidencial argentina, em outubro de 2023: motosserra foi símbolo de campanha do candidato libertário.
Apoiadores de Javier Milei aguardam o resultado do primeiro turno da eleição presidencial argentina, em outubro de 2023: motosserra foi símbolo de campanha do candidato libertário.| Foto: Juan Ignacio Roncoroni/EFE

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo publicada neste domingo, o publicitário Sidônio Palmeira, que comandou o marketing da campanha presidencial de Lula no ano passado, reclamou do uso de fake news na política e afirmou que a busca por memes para ganhar destaque nas mídias sociais está prejudicando o debate político, inclusive no parlamento. Palmeira, no entanto, preferiu poupar aliados do presidente Lula como o deputado André Janones, enquanto dirigiu críticas diretas a opositores do petista.

Como exemplo de que “os políticos buscam cliques e nada melhor do que um meme”, Palmeira mencionou Nikolas Ferreira (PL-MG) sem citar seu nome, mas usando uma referência óbvia ao falar de um deputado que, “no Dia Internacional da Mulher, quando se poderia discutir a luta pelos direitos das mulheres, (...) colocou uma peruca na cabeça”, ignorando o contexto da manifestação do parlamentar, que ironizava a prática da esquerda a respeito de “lugar de fala” e defendendo as mulheres na controvérsia da participação de transgêneros nas competições esportivas femininas. O marqueteiro ainda criticou a “arminha” de Jair Bolsonaro e a motosserra do argentino Javier Milei, dizendo que “isso termina simplificando, deixando muito raso o debate político”, mas também omitindo que Lula tinha um gesto similar de campanha, como o “L” com os dedos.

Questionado sobre a atuação de Janones durante a campanha, Palmeira evitou a crítica direta. Por mais que o deputado já tenha afirmado “manipular a informação”, e tenha escrito em seu livro que inventara boatos para “desestabilizar Bolsonaro” durante a campanha de 2022, o marqueteiro, quando questionado sobre os métodos de Janones, se limitou a críticas genéricas à disseminação de fake news, dizendo que “Janones tem o estilo dele, de defender as ideias no jeito dele, de polemizar e de enfrentar o adversário, e contribuiu da sua forma” – o máximo que Palmeira se permitiu neste caso foi dizer que o parlamentar tem “uma forma mais sensacionalista que acaba chamando mais a atenção das pessoas”. Quando confrontado pelo repórter com um caso concreto de fake news de autoria de Janones – a afirmação de que Bolsonaro daria o Ministério da Previdência a Fernando Collor –, Palmeira desconversou: “Não sei exatamente como ele falou, se ele achava que era isso e depois não era. Aí tem que ver com ele. Não sou eu que vou fazer a análise”.

O marqueteiro ainda falou da tramitação do PL das Fake News, atualmente parado no Congresso. Ele disse não saber de detalhes das negociações, mas defendeu ser “importante ter uma votação sobre isso e tomar medidas sérias sobre as fake news e a regulamentação das redes sociais”, acrescentando que “não é perder a liberdade de expressão, pelo contrário, é fortalecer aquilo que é correto e verdadeiro”. No entanto, um dos motivos da enorme resistência ao PL dentro do Congresso foi a inclusão de vários dispositivos que podem dar margem para censura, ataques à liberdade de expressão e algum grau de controle estatal sobre o discurso nas mídias sociais.

Por fim, Palmeira ainda comentou a recente campanha eleitoral argentina – um de seus sócios participou da campanha derrotada do governista Sergio Massa, que perdeu o segundo turno para Milei. O marqueteiro avaliou como positiva a estratégia de identificar o libertário como o principal adversário e buscar a polarização, mas que no segundo turno, “uma campanha de rejeição”, o fato de Massa ser o ministro da Economia de um governo “com rejeição de 70% e inflação de 140%”, enfrentando um candidato que “é uma loucura”, acabou sendo determinante.

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