O Ministério Público Federal (MPF) no Rio de Janeiro denunciou o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques por suposta fraude licitatória na compra de blindados para a corporação. Outras sete pessoas também foram denunciadas. Em nota, o MPF informou que o prejuízo aos cofres públicos ultrapassa R$ 13 milhões. A denúncia foi realizada no âmbito da Operação Megatherium.
O grupo é acusado de fraudar licitações e contratos na aquisição de 15 viaturas operacionais blindadas consideradas “inservíveis” para a Superintendência da PRF no Rio. Os veículos foram fornecidos pela empresa Combat Armor Defense, vencedora da licitação, em 2020.
O MPF pediu à Justiça Federal a prisão preventiva de sócios da empresa. Dois policiais rodoviários também são alvos da ação. De acordo com a Procuradoria, eles eram “responsáveis por iniciar e dar continuidade à licitação, elaborando os Estudos Técnicos Preliminares e o próprio Documento de Oficialização de Demanda”.
Além deles, o MPF denunciou o pregoeiro que aprovou a proposta inicial da Combat e o fiscal técnico do contrato. O procurador da República Eduardo Benones, que assina o documento, ressaltou que uma tomada de contas do Tribunal de Contas da União (TCU) mostrou que a empresa não possui nenhuma atuação no ramo de blindados.
Segundo o MPF, os veículos entregues pela Combat “não possuem capacidade operacional plena, tanto de forma mecânica, ao não serem capazes de subir ladeiras, quanto pelo aspecto da segurança operacional, pois a blindagem não é condizente com a ofertada (nível III)”.
A investigação apontou que a empresa “descumpria prazos e entregava produtos e serviços abaixo dos padrões acordados, ferindo a integridade dos contratos e colocando em risco a vida dos policiais”. Além disso, as licitações eram “caracterizadas pelos mesmos concorrentes e propostas irreais acima do preço, nas quais a Combat ganhava, na maior parte dos casos, pela modalidade ‘maior desconto’, ainda que não existisse tabela pré-fixada de valores para o julgamento das propostas”.
O Exército mantém uma lista de autorização para empresas que fabricam a blindagem nível III. De acordo com o MPF, atualmente, 59 empresas estão habilitadas a comercializar esse serviço, mas a Combat não é uma delas.
“Até onde é sabido, a Combat não teria capacidade operacional para atender todos os contratos firmados com a Administração, sobretudo por sua falta de capilaridade aparente e expertise a nível Brasil. Isso traz dúvidas sobre como conseguiria atender Rio de Janeiro, Distrito Federal, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Paraná, Pará e Bahia concomitantemente”, disse o procurador.
“No entanto, a Combat Armor Defense do Brasil venceu três pregões eletrônicos realizados pela Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Rio de Janeiro, em dezembro de 2020, quando Silvinei Vasques ocupava o cargo de superintendente regional da PRF/RJ. Os pregões tinham por objeto a implementação de proteção balística parcial de viaturas, a aquisição de veículos novos blindados e a transformação em veículos blindados de viaturas já integrantes do patrimônio da PRF”, afirmou o MPF, em nota.
O ex-chefe da PRF no governo Bolsonaro está preso desde agosto de 2023 no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por suposta interferência no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Triângulo Mineiro investe na prospecção de talentos para impulsionar polo de inovação
Investimentos no Vale do Lítio estimulam economia da região mais pobre de Minas Gerais
Conheça o município paranaense que impulsiona a produção de mel no Brasil
Decisões de Toffoli sobre Odebrecht duram meses sem previsão de julgamento no STF
Deixe sua opinião