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Tarcísio
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) pode se filiar ao PL| Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A possível ida do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), para o Partido Liberal (PL) tem como objetivo fortalecer a legenda nas eleições municipais. Além disso, a reportagem apurou que outro cálculo da sigla comandada por Valdemar Costa Neto é que o PL passaria a ter um nome forte para uma eventual disputa pelo Palácio do Planalto em 2026, caso o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) permaneça inelegível.

Aos aliados, o governador de São Paulo inicialmente sugeriu que poderia fazer a mudança de partido após o período eleitoral deste ano. No entanto, de acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Tarcísio teria sinalizado a Costa Neto, em um jantar no mês passado, que migraria para o PL até junho. Mas o governador de São Paulo diz não cogitar deixar o posto para concorrer à Presidência.

Com mais de 50 prefeituras em São Paulo, a ida de Tarcísio para o PL é vista como um fortalecimento para que a sigla consiga outras mais em outubro, segundo duas fontes ligadas à cúpula do PL que foram ouvidas pela reportagem, mas pediram para não ter os nomes revelados.

A estratégia também busca fazer frente ao PSD, partido comandado por Gilberto Kassab, que possui mais de 260 prefeituras no estado.

Mas o que faria Tarcísio mudar de partido? Desde o ano passado, o chefe do Executivo paulista vinha afirmando que pretendia continuar no Republicanos, apesar dos gestos do PL. No entanto, a aproximação da legenda chefiada pelo deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP) com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem tornado complicada a presença do governador na sigla.

Tarcísio no PL consolida disputa pelo Planalto em 2026 e esvazia Republicanos

Outro fato considerado por analistas é que a ida de Tarcísio para o PL seria um primeiro passo para sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2026. De acordo com pesquisa da Genial/Quaest, publicada na última segunda-feira (13), o governador paulista aparece com 33% das intenções de voto entre os apoiadores de Bolsonaro - ficando atrás apenas de Michelle Bolsonaro (41%). Como a ex-primeira-dama deve disputar o Senado, a leitura de integrantes do PL é de que Tarcísio possui caminho livre para angariar apoio para a possível candidatura ao Executivo federal nos próximos dois anos.

O levantamento, feito presencialmente, ouviu 2.045 pessoas, com 16 anos de idade ou mais, entre os dias 2 e 6 de maio. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos. O nível de confiabilidade é de 95%.

Segundo o cientista político Adriano Cerqueira, do Ibmec de Belo Horizonte, caso entre no PL, Tarcísio também pode contribuir para o fortalecimento da oposição ao governo Lula, já que é o governador do estado mais rico do país.

“Está ficando cada vez mais afunilada a lista de quem deve suceder Bolsonaro e, na minha opinião, esse nome é o de Tarcísio. Indo para o PL, ele fortalece o grupo de Bolsonaro, porque o partido terá simplesmente o governador do estado mais rico do país na sua base”, disse Cerqueira.

Ele também afirmou que, se o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), tivesse feito essa movimentação, ainda poderia estar na disputa pela sucessão de Bolsonaro.

“Penso que faltou ao Zema esse movimento mais ousado de sair do Novo e entrar no PL. O Zema era um nome forte em relação ao Tarcísio, mas a entrada dele no PL consolida a escolha de Bolsonaro. Ao mesmo tempo, consolida a posição do PL em São Paulo, que poderá ter um candidato forte contra o PT em 2026”, disse o cientista político.

A saída de Tarcísio também é vista como um esvaziamento do Republicanos, já que, sem ele, Marcos Pereira perderá um importante ativo na negociação para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, no ano que vem. A avaliação de quem transita pelo Salão Verde da Câmara é que isso impulsionará Pereira a buscar o apoio do governo - que poderá ter menos resistência ao seu nome.

Além disso, é aventado que a ida de Tarcísio para o PL pode estimular a saída de outros nomes do Republicanos, que atualmente conta com senadores próximos a Bolsonaro, como Damares Alves (DF), Hamilton Mourão (RS), Cleitinho (MG) e Mércia de Jesus (RR). Na Câmara, o partido tem 43 deputados, sendo quatro, além de Pereira, de São Paulo.

Pereira busca apoio do Planalto, mas compra briga com a oposição

Buscando apoio para a disputa da presidência da Câmara em 2025, Pereira tem realizado gestos ao governo Lula. O mais recente foi a defesa da regulamentação das redes sociais e da inteligência artificial, durante evento do Lide em Nova York, nos Estados Unidos.

"O Congresso deve sim sentar e debater e, se possível, aprovar ainda ao longo deste ano uma legislação que dê segurança jurídica a esses dois temas", afirmou Pereira.

A declaração foi rechaçada pela oposição, que criticou o parlamentar pela postura. Em suas redes sociais, a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) disse que “quem apoia o PL da Censura não pode ser presidente da Câmara”. Outros parlamentares também se pronunciaram sobre o assunto, como o deputado Gilvan da Federal (PL-ES). “Me recuso a votar em um 'capacho' de ex-presidiário. Ao me deparar com a declaração do presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira, sobre a regulação das redes sociais para combater as fake news”, disse o parlamentar.

Após a repercussão, Pereira publicou um vídeo negando que defende a censura. “Nós nunca vamos fazer nada para censurar a voz dos brasileiros e nunca vamos apoiar a censura”, afirmou ele no vídeo.

Nos bastidores, o entendimento entre os deputados ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), um grupo com cerca de 70 deputados, é de que Pereira não pode ter o apoio da oposição após defender a regulamentação das redes. Nesse sentido, uma eventual candidatura do deputado federal Altineu Côrtes (PL-RJ) pode ganhar força.

Em reserva, uma fonte do PL informou que Costa Neto está tratando das negociações e que o nome de Pereira é do agrado dele. No último dia 8 de maio, o presidente do PL se reuniu com Pereira, Altineu e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) na sede do partido, em Brasília.

Caso Costa Neto bata o martelo pelo nome de Pereira, a expectativa é de que haja atrito ele e os deputados ligados a Bolsonaro.

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