Parlamentares da oposição criticaram nesta terça-feira (30) as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as eleições na Venezuela. O mandatário cobrou a apresentação das atas eleitorais, mas minimizou as suspeitas em torno da vitória do ditador Nicolás Maduro.
“Eu estou convencido que é um processo normal, tranquilo. O que precisa é que as pessoas que não concordam tenham o direito de se expressar e de provar que não concordam e o governo tem o direito de provar que está certo”, disse o mandatário em entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso.
Após o pleito, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo regime chavista, anunciou a vitória de Maduro com 51% dos votos contra 44% de Edmundo González. A oposição contesta o resultado, ressaltando que o órgão eleitoral não divulgou as atas.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que Lula normalizou a crise política enfrentada pelo país vizinho. “É oficial! Segundo o próprio Lula, Maduro foi eleito legitimamente! Normalizar o que está acontecendo na Venezuela, é coisa de amigo do peito!”, disse o senador no X.
Governo Lula "desmoraliza" Itamaraty, diz senadora
A senadora Tereza Cristina (PP-MS) classificou as declarações do presidente como “uma vergonha completa”. Para a parlamentar, Lula “desmoraliza o Itamaraty” e desrespeita o “povo e os políticos venezuelanos”.
O governo federal espera a divulgação das atas eleitorais para se manifestar oficialmente. Depois da eleição, o Itamaraty reforçou o "princípio fundamental da soberania popular, a ser observado por meio da verificação imparcial dos resultados".
Na manhã de segunda (29), o Ministério das Relações Exteriores orientou a embaixadora do Brasil na Venezuela, Gilvânia Maria de Oliveira, a não comparecer a uma reunião com o ditador. Além disso, o Itamaraty emitiu um alerta de segurança para brasileiros que estão no país vizinho.
“Não há mais dúvidas de que o tratamento absurdo dispensado desde o início ao ditador Maduro, recebido com tapete vermelho em Brasília, levou ao cadafalso a política externa desse governo!", afirmou Tereza Cristina.
"Lula 3 desmoraliza o Itamaraty, o Brasil e desrespeita o povo e os políticos venezuelanos, que estão agora nas ruas, enfrentando o arbítrio e a violência”, acrescentou a senadora.
Deputados apontam que Lula relativiza a democracia
A deputada federal Bia Kicis (PL-DF) disse que o chefe do Executivo brasileiro “saiu do muro para o lado da tirania”. A também deputada Rosangela Moro (União-SP) afirmou que "no metaverso do Lula, Maduro é um democrata”.
“Não dá para justificar o injustificável! Lula ama um ditador. Relativiza ditadura. Nesse momento a pressão internacional é crucial. Mas não podemos esperar isso da Brasilândia”, afirmou Rosangela.
O deputado Nikolas Ferreira (Pl-MG) classificou as falas do presidente como “piadas da democracia relativa”. Ele criticou a relação entre o petista e o ditador, que são aliados. O deputado compartilhou um vídeo que mostra declarações de Lula em favor de Maduro.
“Venezuelanos, não esqueçam de Lula, amigo de Maduro que sempre o ajudou e foi seu aliado”, afirmou Nikolas. A deputada Carla Zambelli (PL-SP) disse que Lula “é cúmplice de ditaduras e deste mais novo golpe”.
“Se isso é ‘processo normal’ para ele [Lula], imagina o que não é normal! E ainda se diz ‘defensor da democracia’. Patético!”, afirmou Zambelli. Já para o deputado Mauricio Marcon (Podemos-RS) o petista “passou pano para o ditador sanguinário da Venezuela”.
“Maduro deve saber de muita coisa para o presidente brasileiro ser tão capacho do ditador”, disse Marcon.
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