Aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificaram a nova fase da Operação Venire, desencadeada nesta quinta (4) pela Polícia Federal, como uma perseguição a ele e a candidatos apoiados por ele.
A operação é um desdobramento de uma ação desencadeada no ano passado que investiga a falsificação do cartão de vacinação do ex-presidente e de pessoas próximas, como a filha Laura, a família do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, entre outros aliados. Foi durante a primeira fase que Bolsonaro foi alvo de um mandado de apreensão e que Cid foi preso – meses depois delatou o esquema.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que um “pequeno grupo da PF segue sendo usado para perseguir Bolsonaro, agora fazendo o trabalho de juizado de pequenas causas”.
“Qual o critério, atingir candidatos apoiados por Bolsonaro? Vergonha”, disparou.
Na mesma linha de classificar como “vergonha” seguiu o irmão, o vereador carioca Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Ele disse ter “vergonha dessa ‘Polícia Federal’”, em crítica à corporação.
O senador Rogério Marinho (PL-RN) também criticou a Polícia Federal, afirmando que “há pouco tempo as notícias a mostravam combatendo o crime, prendendo corruptos e traficantes. Agora nos tempos do PT...”.
O ex-presidente não se pronunciou sobre a operação.
A nova fase da Operação Venire cumpriu mandados de busca e apreensão nas cidades de Duque de Caxias (RJ) e na capital fluminense, emitidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os alvos foram o ex-prefeito de Caxias, Washignton Reis (MDB), e Célia Serrano, secretária de saúde do município.
A investigação apura a existência de uma organização suspeita de emitir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 na cidade de Duque de Caxias e inseri-los nos sistemas do Ministério da Saúde.
“Contra agentes públicos vinculados ao município de Duque de Caxias (RJ), que seriam responsáveis por viabilizar a inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 naqueles sistemas. A ação tem como objetivo, ainda, buscar a identificação de novos beneficiários do esquema fraudulento”, pontua a PF.
De acordo com as investigações que levaram à primeira fase da operação, as informações falsas nos cartões de vacinação de Bolsonaro e aliados foram inseridas nos sistemas entre os meses de novembro de 2021 e dezembro de 2022, e tiveram como consequência a “alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”.
"Os elementos de prova coletados ao longo da presente investigação são convergentes em demonstrar que Jair Messias Bolsonaro agiu com consciência e vontade determinando que seu chefe da Ajudância de Ordens intermediasse a inserção dos dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde em seu benefício e de sua filha", escreveu o delegado Fábio Alvarez Shor no relatório do inquérito a que a Gazeta do Povo teve acesso na época.
Segundo o relatório, os alvos da operação alteravam as informações para emitir certificados de vacinação e utilizá-los para burlar “restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”.
Na época, se apurou que foram adulterados os cartões de vacinação do próprio ex-presidente e da filha mais nova dele, de Cid com a esposa e as três filhas, de assessores e do deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do então prefeito Washignton Reis.
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