Se os bolsonaristas planejam fazer do 15 de março uma data para prestar apoio ao presidente da República, a oposição tentará mostrar sua força em diferentes atos ao longo do mês. O primeiro acontece logo neste domingo (8), com as manifestações do Dia da Mulher, que em algumas cidades terá desdobramentos também na segunda-feira (9). Já no dia 14, a atividade será em memória da vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018, no Rio. Por fim, no dia 18, as manifestações terão como foco o combate às propostas de reforma administrativa que o governo Jair Bolsonaro promete apresentar em breve.
"Neste ano, o movimento de mulheres vai às ruas pedir o fim deste governo e lutar contra os desmandos e desmontes praticados por Bolsonaro. Não admitimos as tentativas autoritárias do presidente e de seus apoiadores de acabar com as condições democráticas no nosso país", diz um trecho da nota de convocação dos protestos. O texto é assinado por representantes de partidos como PT, PDT, PCdoB, Psol, PSTU e PSB, e entidades feministas, LGBT e sindicatos como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).
Do #elenão ao #elenãopodecontinuar
A pauta dos manifestantes no Dia da Mulher é abrangente. Inclui causas como verbas para programas sociais, críticas à reforma trabalhista e a PEC do teto (aprovadas ainda durante o governo de Michel Temer), ataque ao "encarceramento em massa da população negra e indígena" e apoio à greve dos petroleiros, encerrada recentemente.
Mas o principal enfoque, ao menos nos atos do dia 8, está nos direitos das mulheres. Os manifestantes definem o governo Bolsonaro como "conservador, reacionário, racista, machista, xenófobo e LGBTfóbico e que já declarou inúmeras vezes que tem o movimento de mulheres organizado como seu inimigo".
"Entraremos no conjunto das manifestações do Dia da Mulher. Para combater a cultura do estupro, os feminicídios, lutar por mais direitos e por igualdade salarial", declarou a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS). A parlamentar recordou o movimento "#elenão", que se verificou no segundo turno das eleições de 2018, quando manifestações contra Bolsonaro protagonizadas por mulheres foram registradas em diferentes cidades do país. "Vamos do 'ele não' para o caráter de 'ele não pode continuar'", disse.
Também deputada federal, Margarida Salomão (PT-MG) apontou que, em sua visão, "as mulheres são os maiores alvos das políticas deste governo". "Como o corte das verbas para as políticas sociais, os cortes no Bolsa Família, as mudanças na Previdência, a execução orçamentária menor na saúde", disse.
Ato do Dia da Mulher não é resposta ao 15 de março
A organização de manifestações no Dia da Mulher e em outras datas próximas às dos atos organizados pelos governistas não é uma "resposta" aos apoiadores de Bolsonaro, na avaliação das deputadas de oposição.
"O 8 de março é uma data histórica. E 14 de março é o dia da morte de Marielle Franco. São dois anos [do assassinato], e então nós vamos às ruas para cobrar respostas, para buscar saber quem mandou matá-la", declarou Melchionna.
"Ano após ano o 8 de março vem se fortalecendo. Tem sempre números muito expressivos. Além disso, eu não tenho expectativa de que os atos pró-governo sejam fortes. Porque outros atos que tivemos antes, como aqueles em apoio ao ministro Moro e ao pacote anticrime 'micaram'. Esse do dia 15 tem uma pauta confusa – hora é sobre o veto, hora é em defesa da família Bolsonaro… não dá para entender direito", afirmou Salomão.
PCO critica PCdoB
Apesar de a convocatória para os atos ser assinada por diversos partidos e entidades sociais, a mobilização não conta com unanimidade na esquerda. O Partido da Causa Operária (PCO) publicou em seu site um texto com críticas ao ato – em especial à conduta do PCdoB.
"Como tem sido comum, os movimentos de mulheres ligados à esquerda pequeno-burguesa tendem a dar um caráter despolitizado a essas manifestações, levantando de modo geral palavras de ordem vagas e abstratas como 'combate ao machismo'", diz o texto.
O principal ataque do PCO foi direcionado à ex-deputada Manuela d'Ávila, que é pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre pelo PCdoB. Manuela divulgou um cartaz de convocação para o ato com os dizeres "#ElaSim" e "em defesa da democracia". "O ato que deveria ser um palco para a luta pelos direitos das mulheres, em especial das mulheres trabalhadoras, se transforma não apenas num espaço de luta demagógica, sem reivindicações concretas, mas na campanha eleitoral, o que explica o objetivo da demagogia", contestou o partido.
O PCO é uma legenda de extrema-esquerda que jamais elegeu um parlamentar ou membro do Executivo, apesar de disputar as eleições desde 1996.
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